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sexta-feira, 29 de maio de 2009

DICIONÁRIO
BÍBLICO


de A a Z


Ítalo Fernando Brevi

LETRA A


AARÃO

Membro da tribo de Levi, irmão de Moisés e de Maria (Ex 4,14; 15,20). Foi um notável
colaborador de Moisés (17,8-15; 24,1-11), seu porta-voz perante os israelitas e o Faraó
(4,14-16.27-30; 5,1-5). Foi pecador, por isso seu sacerdócio foi caduco (32,1-6.25-29; Nm
12,1-13; At 7,39-41; Hb 7,11-14). A tradição sacerdotal vê nele o primeiro Sumo Sacerdote
(Ex 29,1-30) e o antepassado da classe sacerdotal (28,1; Lv 1,5). Dentro da tribo de Levi,
Aarão e seus descendentes concentram em si o sacerdócio (Lv 13-14; Nm 18,1-28; Ex
30,19-20). No NT o sacerdócio de Cristo é considerado mais perfeito que o de Aarão (Hb
7,11.23-27).

ABEL

Segundo filho de Adão e Eva. Era pastor e de seu rebanho oferecia sacrifícios agradáveis a
Deus. Seu irmão Caim, que era agricultor, construtor de cidades (Gn 4,17) e pai da civilização (4,22), o assassinou por inveja (4,2-8). Por causa de sua fé e justiça Abel tornou-se modelo do mártir cristão (Hb 11,4; 1Jo 3,12). Seu sangue lembra o sangue purificador do
justo Jesus (Hb 12,24; Mt 23,35).

ABIRAM

Era membro da tribo de Rúben. Com seu irmão Datã e o apoio de Coré, revoltou-se contra
a liderança de Moisés e os privilégios do sacerdócio de Aarão. Mas foram punidos por Deus
e tragados pela terra (Nm 16,1-40; Sl 106,16-18).

ABLUÇÃO

A impureza legal do AT nada tem a ver com a impureza moral (Ex 19,10-14; Lv 15,5-13; Dt
23,1-12; Ez 44). Mas os profetas insistem mais na pureza de coração (Is 1,16-17; Ez 36,2527).
Jesus e os apóstolos estavam em conflito com as abluções dos judeus (Mc 7,1-8). A
palavra de Deus é que purifica (Jo 15,3) e o sangue de Cristo nos lava de toda a mancha (Jo
13,6-15; Hb 10,19-22; Ap 7,14). Ver “Puro-Impuro”.

ABOMINAÇÃO.

Termo de desprezo para indicar uma estátua de um ídolo (Dt 7,25; Sb 12,23). Em Ezequiel
indica as práticas idolátricas em geral.

ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO.

Nome desonroso que os livros de Daniel e Macabeus usam para designar o altar pagão que
Antíoco Epífanes (168 aC) mandou erigir no templo de Jerusalém em homenagem a Baal
Chamem (Senhor dos Céus), equivalente aramaico de Zeus Olímpico (cf. 1Mc 1,54; Dn
11,31 e nota). No NT o termo caracteriza a atividade blasfemadora do Anticristo antes da
segunda vinda de Cristo (2Ts 2,3-8; Lc 21,14.20).

ABRAÃO.

É o mais antigo dos patriarcas e antepassado do povo de Israel (Gn 11–25). Atendendo à
ordem de Deus, deixou Ur dos caldeus e, na primeira metade do segundo milênio aC,
emigrou para Canaã. Ali Deus fez com ele uma aliança, prometendo uma terra e uma
grande descendência. Quando estava em idade avançada, Sara sua esposa lhe deu um
filho, Isaac. Mas Deus o submeteu à prova pedindo que lhe sacrificasse o filho único.
Justificado por sua fé (Gl 3,6s; Rm 4,1-13), Abraão tornou-se um modelo de fé e o pai de
todos os crentes (4,18-22; Hb 11,8-19).

ACAIA

Província romana que compreende a parte central da atual Grécia (At 18,12.27), onde Paulo
pregou o Evangelho durante a segunda e a terceira viagem missionária (At 17-19).

ADÃO

É o nome do primeiro ser humano (Gn 4,25–5,5), criado à imagem de Deus. Em hebraico
adam significa “ser humano”, “gênero humano”, e adamah, “terra”. Este sentido coletivo do
termo está presente no relato de Gn 2–4. Mas os LXX e a Vulgata o interpretaram
erroneamente como nome próprio, a partir de Gn 2,19. Por sua origem o homem é terra (2,7)
e, ao morrer, voltará a ser terra (3,19); enquanto vive deve cultivar a terra que é a sua
morada (2,5; 3,17.23). Criado para viver no jardim do Éden, em companhia de Eva e na
presença de Deus, Adão de lá foi expulso por causa de sua desobediência. Com esta
desobediência o pecado e a morte entraram no mundo. Mas Cristo, o novo Adão, por sua
obediência obteve a graça e a ressurreição de todos os homens (Rm 5,12-21; 1Cor 15,2022.25-
49). Ver as notas em Gn 2,7 e 4,26.

ADOÇÃO

São raros os casos de adoção no AT. E são reservados aos filhos da concubina (Gn 30,113;
cf. 49,1-28). Colocar o filho sobre os joelhos era um rito de adoção (Gn 48,1-13; 50,23;
Rt 4,16-17). O povo de Israel é o filho adotivo de Deus (Ex 4,22s; Jr 3,19; Os 11,1; Dt 14,1;
Rm 9,4). Os profetas lembram a Javé sua paternidade (Is 63,16-18; 64,7-9). O “nascer do
alto”, mediante a água e o Espírito Santo, é o sinal da adoção divina (Jo 3,3-7). Cristo
resgatou os que estavam escravizados pela lei de Moisés e lhes deu uma adoção filial, que
supera a jurídica, mediante o Espírito (Gl 4,4-7; Rm 8,14-29; 2Pd 1,4). Devemos viver,
portanto, como filhos de Deus (Fl 2,15-16; 1Pd 1,13-17), deixar-nos corrigir por ele quando
pecamos (Hb 12,5-11) e a ele voltar como o filho pródigo (Lc 15,11-32). Na oração devemos
importuná-lo como a um pai (Mt 6,7-15; 7,7-11). Ver “Batismo”.

ADORAÇÃO

Somente a Deus se deve adorar (Ex 20,3-5; 2Rs 17,36; Mt 4,10; At 10,25-26) e Jesus
Cristo (Mt 28,17; Fl 2,9-11; Hb 1,6). Ver “Culto”.

ADULTÉRIO

É toda relação sexual extraconjugal do homem ou da mulher casados. No AT, a mulher é
considerada propriedade do marido e a virgem, antes do noivado, propriedade do pai. Por
isso o adultério da mulher e a defloração duma virgem são um crime contra a lei e contra o
direito da propriedade (Ex 20,14; 22,15-16), punível com a morte (Dt 22,22-29). O povo
eleito, infiel a Deus, é comparável à mulher adúltera (Os 1–3; Jr 2–3; Ez 16). Jesus
condenou o adultério, até o simples desejo de cometê-lo (Mt 5,27s; 19,3-9), mas perdoou à
mulher adúltera (Jo 8,1-11). O cristão é membro de Cristo, templo do Espírito Santo e vive
uma vida nova na luz; por isso não deve profanar-se com o adultério e a fornicação (1Cor 5;
6,12-19; Ef 4,17–5,20). Ver “Divórcio”.

AGRIPA

São dois os personagens conhecidos por este nome:

1. Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande e Mariamne I. Nascido no ano 10 aC, em 37
tornou-se tetrarca da Ituréia e Abilene; em 39, da Galiléia e Peréia; em 41, da Judéia e
Samaria, e recebeu o título de rei. Em 44 morreu de repente em Cesaréia, após ter
perseguido a comunidade cristã (At 12,1-23).
2. Herodes Agripa II (27-29), filho de Agripa I. Em 53 tornou-se tetrarca da Ituréia e Abilene
e, como tal, escutou a defesa de Paulo reconhecendo sua inocência (At 25,13-26.32).
ÁGUA

Sendo a água indispensável para a vida dos homens (Ex 23,25), animais (Gn 24,11-20) e
plantas (1Rs 18,41-45), é vista como um dom salvífico de Deus. Ele a concede abundante
aos que deseja salvar (Ex 17,5s; Is 12,5). Mas ela lhe serve também de instrumento de
punição para os inimigos, como no dilúvio (Gn 6–8) e no êxodo (Ex 14–15).

Usada na limpeza física, a água serve também na purificação cultual (Ex 30,17s; Lv
16,4.24) e ritual (Nm 19,11-22). Para os tempos escatológicos Deus promete derramar sobre

o povo águas purificadoras, acompanhadas de seu Espírito (Ex 36,25-27; Is 44,3; Zc 13,1s).
No NT João Batista se serve da água para o seu batismo de penitência (Mc 1,8-11). O
batismo cristão é fonte de regeneração e renovação do Espírito Santo (Tt 3,5). Os que a ele
se submetem são purificados de seus pecados e recebem o Espírito Santo (At 2,38; 1Cor
10,1s). Cristo promete fazer jorrar a água viva de seu Espírito para os que nele crêem.

ALELUIA

É uma exclamação litúrgica em Tb 13,22 e especialmente nos Salmos (Sl 111–112; 104–
105; 115–117; 146–150). O termo significa “louvai ao Senhor”. É pois um convite do salmista
para participar no alegre louvor de Deus, que passou para o uso da liturgia cristã.


ALIANÇA

Na época da monarquia de Israel (1030-587) a relação entre Deus e o povo passou a ser
vista como um pacto de mútuo amor e fidelidade. Mas não como um pacto entre duas partesiguais, pois a iniciativa cabe unicamente a Deus. É ele quem escolhe gratuitamente Israel
como seu povo. Em virtude desta eleição e aliança, Israel contrai obrigações.

O historiador sacerdotal (séc. VI aC) descreve a história salvífica desde a criação até à
época de Moisés como uma sucessão de alianças divinas. Após o dilúvio, Deus faz com Noé
uma aliança de caráter universal, que tem como preceito a proibição de comer sangue (cf.
Gn 9,1-17 e nota). Após a dispersão de Babel, Deus faz aliança com Abraão, restringindo o
seu plano salvífico aos descendentes do patriarca, que são obrigados a praticar a
circuncisão (cf. Gn 17,3-14 e nota). Esta aliança inclui a promessa de descendência e duma
terra (Gn 12,3-7; 15,1s; 22,16-18; 50,24; Sl 105,8-11). Depois da opressão do Egito, Deus
sela com Israel a aliança do Sinai (cf. Ex 24,3-8 e nota), por meio do rito de sangue. Assim
Israel nasceu como povo livre (Lv 26,42-45; Dt 4,31; Eclo 44,21-23) e comprometido em
observar os mandamentos e a Lei (Ex 20,1; 20,22–23,33 e nota; Dt 5,1-21). Em
contrapartida, Deus promete fazê-lo seu povo particular (Ex 19,4-8) e cercá-lo com sua
proteção (Dt 11,22-25; 28,1-14).

Mas o povo foi muitas vezes infiel aos compromissos desta aliança. Os profetas
denunciaram a infidelidade e anunciaram o exílio como castigo. Ao mesmo tempo, porém,
prometeram uma nova aliança para os tempos messiânicos; ela será como um novo vínculo
matrimonial entre Deus e Israel (Os 2,20-24), e a Lei será inscrita nos corações humanos
transformados (Jr 31,33s; 32,37-41; Ez 36,26s).

Esta aliança cumpriu-se com a vinda de Cristo e foi selada pelo seu próprio sangue (Mt
26,28; Hb 9,20; 1Cor 11,25). Na nova aliança o pecado será apagado (Rm 11,27), os
corações humanos serão transformados pelo Espírito Santo (5,5) e Deus passará a habitar
entre os homens (2Cor 6,16).

Em grego o termo “aliança”significa também “ testamento”, ou última vontade que entra em
vigor com a morte do testador. Por isso, a nova aliança inaugurada por Cristo é chamada
também “Novo Testamento”, em contraposição com a antiga aliança ou “Antigo
Testamento"(Hb 9,16). Ver: Testemunho ou documento da aliança em Ex 25,16 e nota; o matrimônio como aliança em Ml 2,14 e nota.

ALMA

. Não é noção bíblica, mas grega. Ver “Carne”, “Homem”.

ALTAR

Feito de terra ou de pedras (Ex 20,24), o altar servia em geral para oferecer sacrifícios;
ocasionalmente é um monumento que lembra experiências religiosas dos patriarcas (Gn
12,8; 13,8; 26,25; 33,20). O altar tinha nos ângulos quatro pontas salientes, chamadas
também “chifres”; elas simbolizavam o poder e a força de Deus (Ex 27,2; 37,25). Um
criminoso agarrando-se nelas poderia garantir para si o asilo (21,14; 1Rs 1,50) e escapar à
vingança de sangue. No templo havia o altar dos holocaustos e o altar do incenso.

No NT o altar perde sua importância, pois Cristo aboliu com seu sangue os sacrifícios
cruentos do AT (Hb 9,28). Em seu lugar ganhou importância a mesa, pois a eucaristia
celebra a ceia do Senhor (1Cor 11,20).

ALTÍSSIMO

Ver “Deus”.

AMALEC

. É o neto de Esaú e antepassado dos amalecitas. Esta tribo nômade do sul da Palestina
tentou impedir a passagem de Israel rumo à Terra Prometida (Ex 17,8-16).

AMÉM

Termo hebraico que significa “certamente”, “verdadeiramente”(cf. Dt 27,15 e nota).

AMON

É um clã que vive na Transjordânia, nas cabeceiras do rio Jaboc, onde está a atual cidade
de Amã. Os amonitas tentaram barrar a passagem de Israel à Terra Prometida (Dt 23,5).
Desde a época dos juízes se tornaram inimigos do povo eleito (Jz 3,13; 10,6-9) e foram
derrotados por Jefté (11,1-12,4), Saul (1Sm 11,1-11) e Davi (2Sm 12,26-31). Segundo uma
anedota popular são descendentes de Ben-Ami, nascido de um incesto de uma das filhas de
Ló com o pai (Cf. Gn 19,30-38 e nota).

AMOR

O amor a Deus é o primeiro e o maior dos mandamentos (Dt 6,5; Js 22,5; Mc 12,28-30). É a
resposta do ser humano à iniciativa de Deus, que nos amou primeiro (Os 9,10; 11,1-4; Jr
2,2-4; 31,3; Is 63,9; Gl 2,20; 1Jo 4,19). O amor imenso de Deus se manifesta na cruz de
Cristo (Jo 3,16s; 1Jo 3,1-16; 4,7-19; Rm 5,8; 8,32).

O amor a Deus implica obediência à vontade de Deus (Dt 5,8-10; 10,12-21; Mt 7,21-28; Jo
15,9-11; 1Jo 2,3; 5,3Dt 5,8-10), o desapego ao mundo (Mt 6,24; Rm 8,7-11; Tg 4,4; 1Jo
2,15-17) e o amor a Jesus (Mt 10,37; Jo 14,21-23; 1Cor 16,24; Fl 1,21-23; At 5,41).

O amor ao próximo, junto com o amor a Deus, resume a Lei e os Profetas (Lv 19,16-18; 1Ts
4,9-12; Gl 5,13-15; Rm 13,8-10; Mt 22,35-40; 1Jo 2,7); é o “nó”da perfeição (Cl 3,14) e
apaga os pecados (1Pd 4,7-11). O amor aos inimigos foi revelado progressivamente (Dt
15,1-3; Lv 19,33-34; Pr 25,21-22; Rm 12,20; Mt 5,43-48).

O amor ao próximo conhece degraus: a) amar o próximo como a si mesmo (Mt 22,26); b)
amar o próximo como a Cristo (Mt 25,31-46); c) amar o próximo como Cristo o ama (Jo
15,9s; 1Jo 3,16-19; 1Pd 1,22-23Jo 15,9s); d) amar o próximo à imagem do amor trinitário (Jo
17,21-23; 1Jo 4,7-16).

O amor fraterno é um sinal de contradição para o mundo (1Jo 3,11-15; Jo 15,18-21); é um
sinal de que amamos a Deus (1Jo 2,3-11; 4,19-21; Tg 2,1-3.14-26). Ver “Próximo”.

AMORREUS

Nome de um dos povos pré-israelitas que ocupavam a Palestina e a Transjordânia. Foram
derrotados pelos israelitas ao iniciarem a conquista de Canaã, após a saída do Egito (Nm
21,21-35). Na Cisjordânia, Josué derrotou cinco reis amorreus (Js 10,1-14).

ANANIAS

O nome em hebraico significa “o Senhor compadeceu-se”. São conhecidos três
personagens do NT com esse nome:

1. o marido de Safira (At 5,1-11);
2. o cristão que acolheu Paulo em Damasco, por ocasião de sua conversão (9,10-17; 22,1216);
3. o Sumo Sacerdote que mandou esbofetear Paulo frente ao tribunal (23,2-5). Nesta
ocasião, Paulo profetizou sua morte violenta; de fato, ele foi assassinado em 66 dC pelos
zelotes.
ANÁS

Sumo Sacerdote, nomeado por Quirino, que exerceu o cargo entre 6 e 15 dC (Lc 3,2). É o
sogro do Sumo Sacerdote Caifás, com quem presidiu ao interrogatório de Jesus (Jo 18,1324)
e ao de Pedro e João (At 4,6).

ANÁTEMA

Ou “extermínio”(em hebraico herem ), significa uma pessoa, animal ou coisa que alguém
subtrai do uso profano, consagrando-a a Deus (Dt 12,12-14; Js 11,11.14). Tal “anátema”não
podia ser resgatado, e muitas vezes devia ser destruído (cf. Js 6,17 e 1Sm 15,3; Jz 11,30-31
e nota). Com o tempo, “anátema”indicava apenas objetos oferecidos a Deus (Lv 27,28; Ez
44,27; Mc 7,11; Lc 21,5). Neste sentido Paulo diz que desejava ser “anátema”de Cristo em
favor dos judeus (cf. Rm 9,2-5 e nota). Mas no NT “anátema”podia significar também
exclusão temporária ou definitiva de uma pessoa do culto e da comunidade (Jo 9,22; 1Cor
16,22; Gl 1,8-9; cf. Esd 10,8).

ANCIÃOS

No período tribal de Israel a autoridade era exercida pelos chefes das tribos, em geral os
mais velhos. Em princípio, todos os chefes de família gozavam de iguais direitos, mas na
realidade eram os poderosos que exerciam a autoridade na tribo. Assim, o termo
“ancião”ficou vinculado mais à dignidade do que à idade. Aos anciãos cabia a chefia em
tempos de guerra e o poder judicial em tempos de paz.

No período da monarquia perderam sua importância, graças à centralização do poder
administrativo e judiciário em Jerusalém. Mas continuavam a organizar a vida cotidiana nas
pequenas localidades, função que também exerceram após o exílio (Esd 7,25; 10,8.14).
Junto com os sacerdotes e escribas faziam parte do Sinédrio (Mt 27,41; Mc 11,27; 14,4353).
Nas primeiras comunidades cristãs os anciãos governavam as igrejas locais (At 11,30;
14,23; cf. 1Pd 5,1 e nota).

ANJO

Significa “mensageiro”, “enviado”. Neste sentido Deus pode enviar profetas (Is 14,32) ou
sacerdotes (Ml 2,7) como seus mensageiros. Em textos anteriores à monarquia, o anjo é às
vezes identificado com o próprio Deus (cf. Gn 16,7 e nota; 22,11-18; 31,11-13; Ex 3,2-5; Jz
2,1-4). A preocupação com a transcendência divina (Deus, um ser distante e diferente), leva
a falar dos anjos como intermediários (Ex 14; 23,20-23; Nm 22,22-35; Jz 2,1-4; 6,11-24;
13,3-23; Gl 3,18-22Ex 14,19-20). Eles são, portanto, os mediadores da Aliança. À maneira
de um monarca oriental, cercado de cortesãos, Deus passa a ser visto como rodeado de
anjos (Gn 28,12; Jo 1,51; 1Rs 22,19-23; Is 6,2-6; Jó 1,6-12; Mt 16,27), organizados numa
verdadeira hierarquia (Gn 3,24; Is 6,2; Ef 1,21; Cl 1,16; 1Pd 3,22; 1Ts 4,16).

A crença nos anjos se desenvolveu muito após o exílio. Por isso, o NT insiste na
superioridade da mediação de Cristo sobre a dos anjos (Hb 1,4-6; 2,5-16; Ef 1,20-23; Cl
1,15-20).

ANO SABÁTICO

Era o último de um período de sete anos. Nele o escravo hebreu tinha direito de recuperar a
liberdade (Ex 21,2-6); os campos, vinhas e olivais deviam ficar inexplorados (23,10s). Ver Lv
25,2; Dt 15,1; Jr 34,8 e respectivas notas.

ANTICRISTO

Ou “homem da iniqüidade”(2Ts 2,1-11), é tudo o que se opõe a Cristo, ao Messias. É um
personagem que se dedica totalmente ao mal (cf. 1Jo 2,18; 2Jo 7) e que se atribui honras
divinas. Em Mateus e Marcos parece ser um personagem coletivo (Mt 24,23s; Mc 13,14-20).
É a encarnação das forças políticas e religiosas que se opõem ao reino de Deus inaugurado
por Cristo (Ap 13,1-18). Cristo, iniciando o combate escatológico contra o mal, já se
encontrou com o anticristo, “o príncipe deste mundo”(Jo 12,31-32; 14,30; 16,11), a quem
aniquilará no fim dos tempos (2Ts 2,8; 1,7-10). Ver “Parusia”.

ANTIOQUIA

Cidade fundada por Seleuco I, que se tornou um rico centro comercial, foco da cultura
helênica e residência dos Selêucidas. Em 64 aC tornou-se capital da província romana da
Síria. Ali foi fundada a primeira comunidade cristã mista, composta de judeus e pagãos
convertidos. Os membros desta comunidade pela primeira vez foram chamados cristãos.
Dela partiram Paulo e Barnabé para as suas viagens missionárias (At 13,1-3; 14,26-28;
15,35-40; 18,22). Na Ásia Menor, na Pisídia, havia outra Antioquia, onde também Paulo e
Barnabé fundaram uma comunidade cristã (At 13,14-52).

ANTIPAS

Ou Herodes Antipas, um dos filhos de Herodes o Grande, que de 4 aC a 39 dC governou a
tetrarquia da Galiléia e da Peréia. Nos Evangelhos é chamado simplesmente Herodes (Lc 3,19; 9,9; 13,31-33) e foi denunciado por João Batista por ter tomado a mulher de seu irmão,

Herodes Filipe. Instigado por Herodíades, Antipas mandou degolar o Batista (Mt 14,1-12).
Ver “Herodes”.

APARIÇÃO

Ver “Teofania”.

APOCALÍPTICA

Ou gênero literário apocalíptico (cf. Introdução ao livro de Daniel). Amplamente difundido
no judaísmo do séc. II aC ao II dC. Tal literatura se caracteriza por uma fantasia exuberante
e mesmo bizarra. Nela, animais simbolizam pessoas e povos; números têm valor simbólico e
a revelação sobre a história futura é feita por meio de visões explicadas por anjos
intérpretes, apresentados como homens. Exemplos deste gênero literário já aparecem em Is
24–27; Ez 38–39; Zc 9–14. Mas ele é amplamente usado no livro de Daniel, no Apocalipse e
na literatura apócrifa judaica e cristã.

APÓCRIFOS

São escritos judaicos ou cristãos não usados na liturgia e na teologia. Promovem muitas
vezes doutrinas estranhas e mesmo heréticas. Para recomendá-las aos leitores são
apresentados como pretensas revelações de personagens bíblicos do AT e do NT. Mas não
foram inseridos entre os livros canônicos. Há livros apócrifos tanto do AT como do NT. As
Igrejas protestantes chamam de apócrifos aqueles livros do AT que os católicos consideram
deuterocanônicos. Os que os católicos chamam apócrifos, os protestantes consideram
pseudepígrafos. Para o NT adotam a mesma terminologia dos católicos.

APOLO

Cristão de Alexandria que pregou o Evangelho em Éfeso e Corinto, mas no começo
conhecia apenas o batismo de João Batista (At 18,24-28; 1Cor 1,12).

APÓSTOLO

Significa “enviado”, “ mensageiro”. Nos evangelhos o termo é reservado aos doze discípulos
escolhidos por Jesus (Mc 3,13-19; Lc 6,13-16), para agir em seu nome (Mt 10,5-8.40). Os
apóstolos são escolhidos por Deus para pregar o Evangelho (Rm 1,1; 2Cor 5,20), são a
base da Igreja (Ef 2,20; Ap 21,14) e constituem o novo Israel de Deus, recordando as doze
tribos (Gn 35,23-26; At 7,8; Mt 19,28; Lc 22,30).

Duas são as condições para ser apóstolo: Ter participado na vida pública de Jesus e ser
testemunha da ressurreição (At 1,21s; 2,32; Mt 28,19; Jo 20,21). Por isso, contemporâneos
de Paulo negavam-lhe a categoria de apóstolo, pois não pertencia aos Doze, nem havia
compartilhado da vida pública do Senhor (1Cor 9,1-2; 15,3-9; 2Cor 11,5; 11,13; 12,11-13).
Mas Paulo responde que também viu o Ressuscitado, dele recebeu o Evangelho e a
investidura no apostolado. Por isso, ele se considera apóstolo de Cristo (1Cor 1,1; 2Cor 1,1;
Gl 1,1; Ef 1,1) distinguindo-se dos apóstolos (enviados) das igrejas (Fl 2,25; 4,3; 2Cor 8,23;

Rm 16,7), ainda que não pertença aos Doze e não seja testemunha da ressurreição (1Cor
12,28; 15,7-11; Gl 1,15s).

Pedro aparece como o primeiro dos apóstolos (Lc 6,14; 12,41; 8,45; 9,32-33. Ele é a
“rocha”e o portador das chaves da casa de Deus (Mt 16,17-18; Jo 1,41-42); é a primeira
testemunha da ressurreição (At 1,15-20).

ÁQÜILA

Judeu que se converteu com sua esposa Priscila em Roma, donde foi expulso por decreto
de Cláudio, junto com outros judeus. Nesta ocasião Paulo o encontrou em Corinto, trabalhou
e hospedou-se em sua casa (At 18,2s). Áqüila e Priscila acompanharam Paulo a Éfeso,
onde encontraram Apolo e o instruíram na doutrina do Apóstolo (At 18,18-26). Paulo os tinha
em grande estima como cooperadores no apostolado (Rm 16,3-5).

ARCA DA ALIANÇA.

Ou “arca de Deus”(1Sm 3,3), era um cofre de madeira recamado de ouro (Ex 25,1-22), sinal
visível da presença do Deus invisível no meio do povo. Aos israelitas não era permitido
representar a divindade por meio de imagens ou esculturas. No entanto a fé precisa de
suportes sensíveis e a arca preenchia tal necessidade. Tanta era a fé do povo na arca
sagrada, que por vezes a levavam ao campo de batalha, persuadidos de que assim Deus
mesmo lutaria a seu lado (1Sm 4,2-11). Era chamada “da aliança”ou também “do
testemunho”, porque nela estavam guardadas as tábuas da Lei, base da aliança de Deus
com Israel. A arca foi colocada no recinto do Santo dos Santos do templo de Jerusalém (1Rs
8,1-9). Perdeu-se com a destruição de Jerusalém em 587 aC (2Rs 25,1-21). Sobre o destino
da arca da aliança veja a lenda em 2Mc 2,4-8 (nota). Ver “Imagem”.

AREÓPAGO

Colina de pedra junto à Acrópole de Atenas, onde havia santuários pagãos. Ali se reunia o
Supremo Tribunal de Atenas. Paulo, no ano 50 dC, dirigiu um discurso aos membros do
Areópago (At 17,19-34).

ARQUELAU.

Etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia (4 aC a 6 dC), mencionado em Mt 2,22.
Escandalizou os judeus por sua vida particular e pelas nomeações de sumos sacerdotes,
que fez. Foi denunciado em Roma e deposto. O seu território passou a ser governado pelos
procuradores romanos.

ASCENSÃO

Tradições bíblicas populares falam da ascensão de personagens que voltariam no fim dos
tempos (Gn 5,21-24; 2Rs 2,11-13; Jd 14). Ressurreição e Ascensão de Jesus são um e o
mesmo mistério (Lc 24,1.13.50-53; Jo 20,17-23; Rm 8,34). Somente At 1,1-11 fala de um
intervalo de 40 dias entre a Ressurreição e Ascensão. O binômio descida-subida ilumina o
sentido da ascensão (At 2,29-36; Fl 2,6-11; Ef 4,10; 1Pd 3,19-22; Rm 10,5-7); João

concentra estes dois aspectos na palavra exaltar (Jo 3,12-15; 8,27-29; 12,31-34). Afirma a
divindade de Cristo e tem uma dimensão escatológica (Lc 24,26; At 1,9-11; Ef 1,20; Hb 9,24;
1Pd 3,22; cf. Mt 24,30-31). É garantia da nossa salvação (Jo 14,2s; Rm 8,17.34; Ef 2,5s;
1Pd 1,3-4).

ASERA

Divindade feminina dos fenícios, companheira de Baal, representada por um árvore ou por
uma estaca sagrada. Ver “Astarte”.

ÁSIA

Correspondia ao reino dos Selêucidas, que abrangia a Ásia Menor e o Médio Oriente (1Mc8,6; 11,3; 12,39; 2Mc 3,3; 10,24). Mais tarde a província romana da Ásia, cuja capital eraÉfeso, abrangia a Mísia, a Frígia, a Lídia e a Cária, ou seja, a parte oeste da atual Ásia
Menor (Rm 16,6; 1Cor 16,19; 2Cor 1,8; 2Tm 1,15). Paulo evangelizou esta região durante a
sua terceira viagem (At 18–21). A Primeira Epístola de Pedro é dirigida também aos cristãosda Ásia e o Apocalipse envia cartas às sete principais comunidades da Ásia (Ap 2–3).

ASSEMBLÉIA

Ver “Igreja”.

ASSIDEUS

Ver 1Mc 2,42

ASSÍRIOS

Semitas, descendentes de Assur, um dos filhos de Sem (Gn 10,22). Estabeleceram-se no
curso médio do rio Tigre, na Mesopotâmia. Eram um povo guerreiro, que herdou a cultura
hurrita e suméria e fundou um grande império no séc. VII aC, destruído pelos medos e
babilônios em 605 aC. Foram eles que destruíram o reino de Israel (722 aC) e exilaram sua
população (2Rs 17).

ASTARTE

Deusa semítica da vegetação e da fertilidade, associada a Baal. Era cultuada em toda aÁsia Menor, especialmente na Fenícia (1Rs 11,5.33; 2Rs 23,13). Seu culto também foi muito
apreciado pelos israelitas, arrastando-os à idolatria (cf. Jz 2,13 e nota). Ver “Asera”.

AUGUSTO

Nome do primeiro imperador romano, sob o qual nasceu Jesus (Lc 2,1). Significa
“abençoado, sublime”. Mais tarde passou a ser o nome comum dos imperadores reinantes,

como expressão do sentido religioso da dignidade imperial. Por isso no Apocalipse se diz
que o nome da “besta”é blasfemo (13,1; 17,3).

AUTÊNTICO

Ou “genuíno”, diz-se de um escrito que é realmente do autor a quem se atribui, ou de um
texto traduzido enquanto é fiel ao original. O fato de um livro da Bíblia ser falsamente
atribuído a algum determinado personagem bíblico não lhe tira a autoridade de escrito
inspirado e canônico.

AUTORIDADE

Os israelitas conheceram apenas uma única forma de estado nacional : a monarquia. Na
Bíblia havia uma corrente hostil à monarquia (1Sm 8,1-22; 10,18-27; Dt 17,14-20; Os 7,3-7;
13,9-11; Ez 34,1-10); e outra favorável (1Sm 9,1-10.16; 11,1-11.15; Sl 2; 20; 21).

Antes da monarquia havia juízes, salvadores das tribos em momentos críticos, chamados
por isso “maiores”(Jz 3,9-10.15; 4,7; 8,22-23); ao lado deles havia os “juízes menores”, ou
governantes que se encarregavam de administrar a justiça (Jz 10,1-5; 12,8-15). Depois dela,
após o exílio, são as autoridades locais, tradicionais (Esd 5,9; 6,7; 7,1-26; Lc 22,66–23,1).
Entretanto, Deus é o único e o verdadeiro rei das nações (Ex 15,8; Jz 8,23; 1Rs 22,19; Is
6,5; 41,21; 43,15; 1Cr 17,14). Ele é também o dono de todas as nações (Is 14,21–23,18;
45,1-6; Pr 8,15-16; Eclo 10,1-4).

Os profetas criticam os abusos das autoridades civis e religiosas (Mq 3,1-4; Am 6,1-4; Os
4,1-5.14; 7,1-7; 13,10s; Is 3,1-15; 10,1-4; Ez 34), como Jesus o fará em relação aos escribas
e fariseus (Mt 23). Anunciam o reino de Deus (Is 7,14; 9,5-6; 11,1-5; Jr 23,5; Mq 5,1; Zc 9,910;
cf. Sl 47; 93; 96–99; Dn 10,13.20-21).

Jesus escolhe o caminho do Servo Sofredor e recusa a realeza temporal (Mt 4,8-11; Jo
6,14-15; At 1,6) Sua realeza não é deste mundo (Mt 21,1-9; Lc 17,20-21; Jo 12,12-19.31-32;
18,36-37; Ef 1,9-10.15-23).

Na Igreja, a autoridade está a serviço do próximo (Mc 9,33-35; Mt 23,11-12; Jo 13,12-17; Ef
4,11s).

ÁZIMOS

São pães sem fermento que se comiam na semana da Páscoa. A festa dos Ázimos
celebrava-se no princípio da colheita da cevada e do trigo (cf. Ex 12,15-20; Lv 23,5-8 e
notas). Ver “Festa”.

LETRA B


BAAL

Termo hebraico que significa “senhor”. É o nome do deus mais importante e mais popular
da Síria, Fenícia e Canaã. Este deus era considerado o senhor do céu e,
conseqüentemente, o deus da chuva, da vegetação e da fertilidade em geral. Seu culto
sempre atraiu os israelitas (1Rs 16,31-33; 18,20s), apesar de combatido pelos profetas (Jr
2,23; 11,13; Ez 6,4-6; Os 13,1-6). Baal é também o nome genérico das divindades de Canaã
(cf. Jz 2,11 ).

BABILÔNIA

Ou “Babel”, é a capital da Babilônia. Babel significa “porta de Deus”. Mas a etimologia
popular da narrativa da torre de Babel (cf. Gn 11,1-9 e nota) deturpou o sentido para
“confusão”. Para a Babilônia foram deportados os judeus ao ser destruída Jerusalém em 587
aC (2Rs 25). Na literatura apocalíptica, Babilônia-Jerusalém se contrapõem como Anticristo-
Cristo (Gn 11,2-9 e At 2,5-12). Babilônia é a cidade da técnica, Jerusalém da graça;
Babilônia é a prostituta, Jerusalém, a esposa (Ap 17,1-5; 19,2; 21,2). Esta Babilônia, nome
simbólico de qualquer nação hostil a Deus, está constantemente em luta com a Igreja (Ap
17,18; 1Pd 5,13).

BALAÃO

Profeta pagão, muito famoso na Transjordânia (cf. Nm 22,5 ), contratado pelo rei de Moab
para amaldiçoar os israelitas, prestes a conquistar Canaã (Nm 22-24). A narrativa popular
mostra como Deus se serviu de uma mula para levar Balaão a abençoar Israel.

BARNABÉ

Apelido, que significa “filho da consolação”(At 4,36), dado a José, um levita de Chipre,
convertido ao cristianismo. Era um modelo de generosidade e vivia em Jerusalém. Foi ele
quem acolheu Saulo, recém-convertido, e serviu de intermediário entre Saulo e os apóstolos
(9,27). Foi companheiro de apostolado de Paulo até o concílio dos apóstolos (11,22-30; 13–
14; 15,2-30; Gl 2,1.9). A partir da segunda viagem separou-se de Paulo (At 15,36-39), com
quem voltou a colaborar mais tarde (1Cor 9,6).

BARTOLOMEU

Nome de um dos doze apóstolos (Mt 10,3; At 1,13). Provavelmente deve ser identificado
com Natanael (Jo 1,45).

BATISMO

Banhos sacros de purificação de impurezas morais ou rituais, ou para conceder forças
vitais, eram conhecidos por vários povos antigos. Na religião israelita a imersão na água era usada para a purificação da lepra curada (Lv 14,8), para tirar a impureza sexual (15,16-18)
ou resultante do contato com um cadáver (Nm 19,19). Tal rito purificatório, aplicado aos
prosélitos, tornou-se uma espécie de rito de iniciação do judaísmo, quase tão importante
como a circuncisão. Semelhante ao batismo dos prosélitos é o batismo administrado por
João Batista. Mas sua característica é o forte apelo à conversão moral, que prepara a vinda
do Reino de Deus (Mc 1,4). João Batista batiza apenas em água, sem o espírito. Por isso
seu batismo é imperfeito (Mt 3,11; At 1,4s), o mesmo acontecendo com o batismo que os
Doze administravam, antes do dom do Espírito (Jo 4,1-2; 7,37-39).

O batismo cristão é considerado superior ao de João porque não é feito apenas com água,
mas com o Espírito Santo (Mt 3,11; Jo 1,33; At 1,5; 11,16). A associação água-espírito já
aparece nos profetas (Ez 36,25-26; Jl 3,1-2; Is 32,15-18; 55,1-10), e se verifica no Batismo
de Jesus, que constitui a sua investidura messiânica (Mt 3,13-16; Jo 1,29-34).

Batismo e fé: Para salvar-se é preciso ter fé (Jo 3,36; Rm 10,9-11; Mc 16,16) e ser batizado
(Rm 6,3-7; Tt 3,4-5; Jo 3,5; 4,2-30). Por isso se batizavam até os mortos (1Cor 15,29). Daqui

o trinômio: Pregação, Fé, Batismo (Hb 6,1-2; 10,22; Mt 28,19).
Batismo e Igreja: o batismo incorpora à Igreja (1Cor 12,12-13; 10,1-2); é o sacramento das
bodas de Cristo com a Igreja (Ef 5,25-27); é um revestimento de Cristo (Gl 3,27); é um
sepultar-se com ele (Rm 6,1-11; Cl 2,11-13); perdoa os pecados, concede o dom do Espírito
e a participação na Ressurreição de Cristo (At 2,38; Cl 2,2; Rm 6,3-11; 1Pd 3,21). Ver
“Ablução”, “Penitência”.

BEM-AVENTURANÇAS

As bem-aventuranças são um tema da literatura sapiencial. São a ciência da felicidade.
Bem-aventuranças aplicadas à felicidade humana (Sl 127; 128; Eclo 25,8-11; 26,1-4).

Israel é feliz por ter a Deus como o rei (Sl 33,12-17; 144,15; Br 4,4; Dt 33,29). O rei era
considerado fonte de felicidade para os seus vassalos (1Rs 10,8).

A observância da Lei torna o homem feliz (Sl 1; 119,1-2; 106,3; Is 56,2; Pr 29,18). O mesmo
sucede com a meditação da sabedoria (Pr 3,13; 8,32-33; Eclo 14,2); ou com o temor de
Deus (Sl 119,1-2; 128,1; Eclo 25,8-11); ou com a confiança nele (Sl 2,12; 34,9; 84,13; Pr
16,20).

Partindo da experiência de que nem o justo é, às vezes, feliz neste mundo, os profetas
proclamam a bem-aventurança dos que virem os últimos tempos (Dn 12,12; Is 32,20; Eclo
48,11; Tb 13,14-16; Ml 3,12-15).

No NT, muitas bem-aventuranças declaram que a felicidade está à porta, pois chegaram os
últimos tempos (Mt 13,16; Lc 1,45; 11,27-28; Jo 20,29). Neste sentido Jesus proclamou as
bem-aventuranças: O Reino traz a felicidade aos cegos, aos que choram, etc. Lc 6,20-26
deu-lhes uma feição social (cf. Lc 4,18-19; 14,13s; 1Pd 3,14; 4,14) e Mateus, uma dimensão
moral, a justificação (Mt 5,3-11).

As bem-aventuranças do Apocalipse conservam a sua característica escatológica (Ap
14,13; 16,15; 19,9; 20,6; 22,7.14).

BELZEBU

Significa “senhor do esterco”, isto é, dos sacrifícios oferecidos aos ídolos. É o nome do deus
cananeu, chamado no AT Baal-Zebub ("senhor das moscas"), divindade da cidade filistéia

de Acaron. No NT “Belzebu”era o nome que os fariseus davam ao príncipe dos demônios
(Mc 3,22; Mt 12,24s).

BÊNÇÃO

Pode ser entendida como louvor do homem que bendiz a Deus por suas obras ou
benefícios recebidos. Tal tipo de bênção (bendição) é freqüente nos Salmos. Bênção é
também a ação de Deus em relação ao homem, enquanto objeto de seus benefícios, como a
vida, a fecundidade, a paz e o bem-estar em geral (cf. Sl 131; 134). Na Bíblia a bênção pode
ser pronunciada pelo homem. Assim, os sacerdotes abençoam diariamente os israelitas (cf.
Nm 6,23-27 e nota); os patriarcas abençoam os filhos antes de morrer (Gn 9,26s; 27,27-29;
49; Dt 33). O homem pode ser também intermediário da bênção divina, como Abraão,
escolhido para nele ser abençoada toda a humanidade (Gn 12,1-3).

No Antigo Oriente as fórmulas de bênção ou de maldição eram consideradas eficazes, no
sentido de que realizavam o que diziam, sobretudo quando escritas (cf. Nm 5,23). Por isso,
os códigos de leis e tratados de aliança eram concluídos com fórmulas de bênção e
maldição (cf. Lv 26; Dt 28 e notas). Sua finalidade era impedir o desprezo das leis ou a
violação dos tratados e promover a fiel observância dos mesmos.

A vontade de Deus é que a bênção tome o lugar da maldição (Ez 34,24-30; Zc 8,13; Is 44,3;
53,1-12). Isto se deu em Jesus: fazendo-se por nós maldito, cobriu-nos de bênçãos divinas
(Gl 3,10-11; 1Pd 2,22-24; cf. Rm 8,3; 2Cor 5,21).

BERSABÉIA

O nome hebraico significa “poço dos sete”ou “poço do juramento”. É uma antiga cidade
cananéia do sul da Palestina, onde se prestava culto ao Deus Eterno (Am 5,5; 8,14). O
santuário foi venerado por Abraão (Gn 21,21-23), Isaac (26,23-33) e Jacó (46,1-4). Ali os
filhos de Samuel foram juízes (1Sm 8,2). Bersabéia marca o extremo sul do limite de Israel
(2Sm 3,10).

BETÂNIA

Subúrbio de Jerusalém, vizinho de Betfagé, na estrada romana que na encosta do monte
das Oliveiras descia pelo deserto até Jericó. No vilarejo, existente até hoje ("túmulo de
Lázaro"), moravam Lázaro, Marta e Maria (Lc 10,38; Jo 11,1) e Simão o Leproso (Mt 26,6);
lá passou Jesus na entrada em Jerusalém (Mt 21,17; Jo 12,1-8) e na Ascensão (Lc 24,50).

Uma outra Betânia, lugar de atividade de João Batista, ficava na margem oriental do Jordão
(Jo 1,28); sua localização é discutida: ou no sul do vale do rio Jordão, na altura de Jericó, ou
no norte, na altura de Betsã.

BETEL

Em hebraico “casa de Deus”. Nome de um antigo santuário cananeu, antes chamado Luza.
Tornou-se famoso, pois ali Abraão prestou culto a Deus (Gn 12,8; 13,3s) e Jacó teve a visão
da escada que unia a terra ao céu (Gn 28,10-22; 31,13; 35,1-16). O rei Jeroboão I, após a
divisão do reino de Salomão, mandou colocar em Betel a estátua de um bezerro de ouro

(1Rs 12,26-30). Por isso os profetas passaram a chamar o lugar de Bet-Áven, “casa da
iniqüidade”ou da nulidade, isto é, dos ídolos (cf. Os 4,15).

BÍBLIA

. Nome dado ao conjunto dos livros inspirados do AT e do NT, originariamente escritos em
hebraico, aramaico e grego. O termo vem do grego tá Biblia, “os livros”. Estes livros são o
patrimônio espiritual do judaísmo e das igrejas cristãs.

A Bíblia foi escrita ao longo de mil anos, mas sua inspiração é atestada só pelo final do I
século, em 2Tm 3,16s e 2Pd 1,21. Mas bem cedo se recomendava sua leitura (Ex 24,7; Dt
17,19; Js 1,8; Is 34,16; Jo 5,39; At 8,28; Rm 15,4; 2Cor 1,13; Ef 3,3s). Sendo um livro
inspirado, deve ser lido com piedade e humildade (Eclo 32,15; Mt 11,15; 13,11; 1Cor 2,1214;
2Tm 3,7.16). Sendo um livro antigo, escrito por um povo de cultura diferente da nossa,
que trata dos planos de Deus a respeito dos homens, a Bíblia carece de interpretação (Sb
9,16-18; Mt 13,11; Mc 4,34; Lc 24,45; At 8,30s; 1Cor 12,30; 2Pd 1,20; 3,15s. Sendo um livro
assumido pela Igreja como fonte de revelação, necessita também de sua interpretação
oficial (Ml 2,7; Mt 16,18; 28,19s; Lc 10,16; Jo 14,16.26; 16,13; 20,22s; Ef 2,20; 1Tm 3,13).
Ver “Revelação”e “Como ler a Bíblia com proveito”, Introdução Geral desta Bíblia.

BISPO

As Igrejas judeu-cristãs parece que eram governadas por um colégio de presbíteros ou
anciãos, ao estilo das sinagogas (At 11,29-30; 14,23; 15,2.4.6.22s; 20,17; 1Pd 5,1-4; Tg
5,14). Tiago, em Jerusalém, aparece como o presbítero dum colégio de presbíteros ou
anciãos (At 12,17; 15,13; 21,18; Gl 1,18-19; 2,9.12).

Nas Igrejas de origem pagã, fundadas por Paulo, aparecem os episcopoi, “epíscopos”ou
“bispos”, palavra que significa “vigilantes”, “inspetores”(At 20,28; comparar 1Tm 3,2 e Tt 1,7
com 1Tm 5,17 e Tt 1,5.7). Paulo ordenou alguns dos seus discípulos como “inspetores
apostólicos” (2Tm 1,6; Tt 1,5; 1Tm 4,14; 2Cor 8,15-24).

Existia a hierarquia constituída pela imposição das mãos (1Tm 4,14; 2Tm 1,6-7) e a
“pneumática”, sujeita aos apóstolos (1Cor 12,4-11.28-29; 14,26-40).

Portanto, no séc. I, sob a dependência dos apóstolos, as Igrejas tiveram diversas formas de
governo. No séc. II, como no-lo testemunham os documentos da Tradição, aparece o
episcopado monárquico. A doutrina católica sobre o episcopado foi recentemente exposta
pelo Concílio Vaticano II (LG, n. 18-19). Ver as notas de At 20,28 e 1Tm 3,2.

BITÍNIA

Região no noroeste da Ásia Menor, no litoral do mar Negro. Com o Ponto formava uma
província romana. Durante a segunda viagem missionária Paulo e Timóteo pretendiam
visitar esta região, mas foram impedidos pelo Espírito (At 16,6-10).


BLASFÊMIA

É o ultraje dirigido a Deus, a própria pretensão de ocupar o seu lugar, ou de falar em seu
nome sem autorização (Dt 18,20-22). Na Bíblia, é condenada a blasfêmia e o blasfemador

considerado digno de morte (Ex 20,7; Lv 24,13.22; Mt 27,39-44; Ap 13,6; 16,11). Pessoas
justas foram acusadas de blasfêmia para serem condenadas à morte: Nabot, proprietário de
um sítio cobiçado pelo rei Acab (1Rs 21,1-16); Jesus Cristo (Mc 14,60-64); Estêvão, o
primeiro mártir cristão (At 7,54-60).

BOAS OBRAS

Exortação para praticá-las: Pr 21,3; Mq 6,8; Mt 3,10; 5,16; 7,17.21; Tg 2,14-22. Prêmio
prometido: Pr 11,18; Eclo 35,13; Is 3,10; Mt 6,6; 16,27; 20,8; 25,14-26; Rm 2,6s; 1Cor 3,8;
15,28; 2Cor 9,6; Ap 22,12. São os “frutos do Espírito Santo”(Jo 15,1-6; Gl 5,5-25; Rm 6,2023;
Mt 7,16-20), esperados por Cristo (Mc 11,12-25; Mt 21,18-19; Lc 13,6-9). Ver “Justiça”.

BODE EXPIATÓRIO

É o macho caprino que no Dia da Expiação levava simbolicamente os pecados do povo
para o deserto (Lv 16,7-20), onde segundo a crença popular morava o espírito mau de
Azazel (cf. Lv 11,8 e nota: Mt 12,43).

Ao lado da idéia da necessidade de sacrifícios para expiar pecados aparece outra, na qual
se dispensa o derramamento de sangue para perdoar pecados (Ex 34,6-7; Ez 18,21-23; Mt
6,12-14s; Hb 7,26-27; 1Jo 1,9; Ap 21,22. Ver “Expiação”e “Sacrifícios”.

LETRA C


CAIFÁS

Exerceu a função de Sumo Sacerdote durante a atividade de João Batista (Lc 3,2) e o
processo contra Jesus (Mt 26,3.57; Jo 11,49; 18,24-28), entre 18 e 36 dC. Era o genro de
Anás (18,13).

CAIM

Ver “Abel”.

CÁLICE

Ver “Eucaristia”.

CALVÁRIO

Ver “Gólgota”.

CAMINHO

Além do seu sentido normal, o termo é usado em sentido metafórico como vida do homem,
sua conduta e seus hábitos. Indica também o modo de agir de Deus para com o homem (“os
caminhos de Deus”), ou as normas que ele traçou para o agir humano, isto é, os
mandamentos. No NT a doutrina cristã é chamada “caminho”(At 9,2; 16,17; 19,23; 22,4;
24,14).

CANÁ

Cidade da Galiléia onde teve lugar o casamento ao qual foram convidados Jesus e os
apóstolos (Jo 2,2) e onde foi curado o filho do oficial da corte (4,46). Era a terra natal de
Natanael (21,2). Nas bodas de Caná, Cristo se manifesta como o Esposo da Igreja, no
terceiro dia após seu batismo (Jo 2,1-11; Mt 22,1-14; Jo 3,29-30). A intercessão de Maria
mostra a sua participação no milagre, mas também a independência de Cristo (Jo 2,3-5; Mc
3,20-35; Lc 11,27-28; 2,49).

A Hora de Jesus é a sua glorificação. Os milagres são a antecipação desta glória. São sete
os milagres, “sinais”, manifestadores de diversos aspectos do Cristo joanino (Jo 2,1-11;
4,46-50; 5,1-15; 6,1-15.16-21; 9,1-41; 11,33-44).

Jesus, a nova videira, muda em vinho a água das purificações rituais, pois é o seu sangue e
a sua palavra o que purifica os homens (Jo 15,1-8; Mt 26,26-29; Is 5,1-4; 24,8-11; Mc 7,3-4;
1Jo 1,7; Ap 1,5; 7,14; 22,14).

CANANEU

19

Habitante de Canaã, terra prometida por Deus e conquistada pelos israelitas, situada
entre o vale do rio Jordão e a costa do Mediterrâneo. No NT o termo aparece como nome de
um partido político, chamado também dos zelotes. O apóstolo Simão era membro deste
partido (Mc 10,4-11).

CÂNON

Lista dos livros do AT e NT inspirados por Deus e, conseqüentemente, normativos para a fé
e vida moral dos fiéis. O cânon dos livros inspirados formou-se definitivamente já na era
apostólica. Mas houve dúvidas sobre determinados livros do AT e do NT, sobretudo entre o
II e o IV séculos, devido à proliferação de livros apócrifos. Tais livros são chamados
deuterocanônicos, porque foram reconhecidos como canônicos pela Igreja universal num
segundo momento. Os deuterocanônicos do NT são: Hebreus, 2Pedro, Judas, Tiago, 23João
e Apocalipse; os do AT são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e 12Macabeus.
Estes últimos não constam nas Bíblias editadas pelas Igrejas protestantes, que
os consideram apócrifos. A Igreja Católica pronunciou-se definitivamente sobre o cânon no
Concílio de Trento (1546).

CANÔNICO.

Em sentido ativo, diz-se da Sagrada Escritura, enquanto é critério de verdade, norma de fé
e de costumes. Em sentido passivo é o livro que está incluído no cânon ou lista oficial dos
livros reconhecidos pela Igreja como inspirados. Distinguem-se livros protocanônicos sobre
cuja inspiração houve desde o início consenso em toda a Igreja, e livros deuterocanônicos,
de cuja inspiração em determinadas

igrejas locais duvidou-se durante algum tempo. Ver “Cânon”.

CARIDADE

Não deve ser confundida com o simples dar esmolas. No AT a caridade ao próximo se
restringia sobretudo ao povo israelita (cf. Lv 19,18; Eclo 12,1-17 e notas). Ver “Amor”e
“Eucaristia”.

CARISMA

Termo grego que significa um dom gratuito. É um dom especial do Espírito, dado ao cristão
para o bem comum do próximo e a edificação da Igreja (Rm 12,8; 1Cor 12,4-10; Ef 4,11-13).
Paulo fala longamente na 1Cor 12–15 dos carismas, cuja importância foi muito grande para
a difusão do cristianismo. Menciona, entre outros, os dons da sabedoria, da cura, dos
milagres, da pregação e do ensino. O mais importante de todos é a caridade.

CARMELO

. Nome de uma cidade ao sul de Judá (Js 15,55; 1Sm 25,7.40). Nome também de uma serra
de 20 km de comprimento, entre o mar Mediterrâneo e a planície de Jezrael (1Rs 18,42-46).
Ali residiam as primeiras comunidades de profetas sob a direção de Elias e Eliseu (1Rs 18;
2Rs 2).

CARNE-ESPÍRITO

A antropologia bíblica não conhece a dicotomia grega: corpo-alma. O homem é visto como
uma unidade vivente. O termo “carne”é usado simbolicamente para indicar muitas vezes a
transitoriedade e a fraqueza do ser humano, mortal e pecador (Gn 3,3; Jr 17,15; Jó 10,4; Mt
26,40s; 2Cor 12,7-10; Is 40,3-8; Jo 17,2). O próprio Verbo de Deus assumiu esta carne frágil
e mortal (Jo 1,14; 1Tm 3,16).

Enquanto indica o ser humano na sua fragilidade, “carne”pode estar em oposição ao
espírito (Is 31,3; Sl 56,5; 2Cr 32,8). Neste último sentido, nas epístolas de Paulo
“carne”significa o homem natural, sem a graça, na sua fraqueza e tendência ao mal (Rm 9,613;
Gl 6,12-15; Fl 3,2-5; Ef 2,11-13; Rm 8,12-15), em contraste com o espírito, força que
recebe o homem purificado pelo batismo (Rm 7,14-25; 13,11-14; Ef 2,1-6; Cl 2,13-23). O
cristão é aquele que não vive mais na “carne”mas no “espírito”(Rm 8,9). Por isso o cristão
deve crucificar a carne com suas concupiscências (Rm 8,5-13; Gl 5,22-25; Cl 1,24-29).

Oespírito, alento vital, sopro ou vento, indica a ação de Deus no ser humano (Gn 2,7; 6,17;
7,22; Rm 8,14-16; 1Cor 2,10-13; Gl 5,13-25; 6,8-10), opõe-se à carne, em sentido mais
religioso que físico.

CASTIDADE

Ver “Virgindade”.

CATIVEIRO

Houve dois cativeiros ou exílios na história do povo eleito. Em 722 aC foi deportada para a
Assíria a população do reino do Norte, invadido e destruído pelos assírios (2Rs 17). Em 587
aC foi deportada para a Babilônia boa parte da população do reino do Sul, quando
Nabucodonosor destruiu Jerusalém (2Rs 25). Durante o cativeiro da Babilônia os exilados
foram confortados pelas palavras do profeta Ezequiel e de um profeta anônimo (Is 40–55).
Eles reavivaram as esperanças de um retorno à pátria, o que aconteceu com o edito de Ciro
(538 aC), o rei dos persas, que conquistou a Babilônia (Esd 1,1-4). A dura provação do exílio
contribuiu para uma profunda revisão das crenças e renovação espiritual de Israel. O
cativeiro da Babilônia é o símbolo do homem decaído e libertado pela graça de Jesus Cristo
(Hb 2,14s).

CELIBATO

É o estado de uma pessoa que se mantém solteira, aconselhado por Cristo em vista do
Reino de Deus (Mc 10,28-30; Lc 18,26-30; Mt 19,27-29; 22,30) e pelo Apóstolo (1Cor
7,1.7.32-35.38-40); é possível viver neste estado com a graça de Deus: Mt 19,26; Rm
8,11.13; 1Cor 10,13; 2Cor 12,7-9).

CÉSAR

Nome do famoso general, conquistador da Gália. Mais tarde tornou-se o título usado pelos
imperadores romanos (Mt 22,17-21; At 25,2-12).

CESARÉIA

Duas são as cidades com este nome na Palestina:

1. Cesaréia Marítima, construída por Herodes o Grande em homenagem a César Augusto.
Tornou-se a residência dos procuradores romanos; ali morava também Cornélio (At 10,1) e o
diácono Filipe (21,8).
2. Cesaréia de Filipe, construída por Herodes Filipe nas cabeceiras do rio Jordão. Perto
desta cidade Pedro confessou que Jesus era o Messias esperado e Jesus prometeu fazer
dele o chefe da futura Igreja (Mt 16,13-20).
CÉU

O céu pode ser tomado em sentido cosmológico: os antigos o imaginavam como
firmamento sólido (Is 40,22; 44,24), apoiado sobre colunas (Jó 26,11). No firmamento há
eclusas e por cima estão as águas do Oceano primitivo (Gn 7,11; Sl 148,4-6).

O céu em sentido teológico é a morada de Deus, cujo trono está acima do firmamento (Is
66,1; Ex 24,10s; Sl 104,3). Mas Deus não está circunscrito à sua morada. Ele está presente
em toda a parte (1Rs 8,27). Por isso “céu”é a vida divina repartida com os eleitos na
eternidade. Esta realidade religiosa é expressa com imagens: nova Jerusalém, novo templo,
Sião reconstruída, montanha santa, etc. (Is 4,2-6; 25,6-9; 60; Zc 2,14; Ez 37,26-28; Sl 48,24).


No NT céu substitui o próprio nome de Deus (Mt 5,16-20; 6,9; cf. 1Mc 3,18 e nota).

Nos céus está Cristo, nossa esperança (Ef 1,18-22; Cl 3,1-4; Jo 14,1-3). Por isso o céu é
nossa herança (Fl 3,17-21; Cl 1,5.12; 1Pd 1,4; Lc 10,20; Mt 25,31-46). Quando a
recebermos, viveremos de Deus (1Jo 3,2; 2Cor 5,4-8; Ap 5,6-12; 7,2-12; 14,1-3; 21). Ver
“Retribuição”.

CIRCUNCISÃO.

Operação cirúrgica para remover o prepúcio, pele que cobre a glande do membro viril. A
prática de caráter mágico de iniciação ao matrimônio, conhecida por muitos povos antigos,
existe ainda hoje em tribos primitivas da África, América e Austrália. Os israelitas
aprenderam a circuncisão dos egípcios. O uso da circuncisão não é simples prática higiênica
(como a operação de fimose), mas um rito de puberdade que marca o início da idade viril.
Em Israel a circuncisão se fazia já no oitavo dia do nascimento (Lc 1,59; 2,21); a partir do
exílio, foi considerada um sinal da aliança (Gn 17,3-14), um rito de inserção no povo eleito
(Ex 4,24-26; 1Mc 1,15 e notas).

Os profetas mostram ser mais importante do que a marca da carne a “circuncisão do
coração”(Dt 10,16; 30,6; Jr 4,4; 9,25), que consiste na remoção dos obstáculos postos pelo homem em sua relação com Deus (Rm 2,29; 4,3.9.22; Cl 2,11).

CIÚME

Em sentido humano, é o zelo do homem pelos seus direitos conjugais (Pr 27,4), que pode
submeter a esposa ao processo do ordálio (cf. Nm 5,11-31 e notas). Pode significar também

inveja ou rivalidade (11,26-29; Sl 37,1). Em sentido religioso o termo indica o zelo pela
causa de Deus (Nm 25) e, sobretudo, o amor apaixonado, exigente e exclusivista de Deus.
Deus não admite concorrentes ao lado dele (Ex 20,5); propõe uma aliança exclusiva com
seu povo (34,12-16), exigindo amor total e exclusivo (Dt 6,5.13-15). Deus defende com
ciúme a honra de seu santo nome (Ez 36) e com zelo defende o seu povo (Is 9,6; 63,15).

CLÁUDIO

Nome do imperador romano (41-54 dC) que sucedeu a seu primo Calígula. O profeta Ágabo
anunciou uma fome que devia vir para o mundo inteiro sob seu governo (At 11,28). No ano
49 dC Cláudio decretou a expulsão dos judeus de Roma, entre os quais estavam Áqüila e
Priscila (18,2).

CLÉOFAS

Esposo da Maria que estava aos pés da cruz com a mãe de Jesus (Jo 19,25). Ele teria sido
irmão de José, esposo de Maria, Mãe de Jesus; isto é, tio de Jesus. É distinto do outro
Cléofas, um dos discípulos de Emaús (Lc 24,8).

COBRADOR DE IMPOSTOS

Ver “Publicano”.

CÓDICE

Inicialmente os livros eram escritos à mão, em rolos, isto é, em, tiras de papiro ou de
pergaminho. Aos poucos surgiu uma nova técnica de fazer livros: as folhas avulsas de um
documento escrito eram dobradas, colocadas uma sobre a outra e costuradas, dando origem
ao “códice”. Quatro folhas, cada uma dobrada ao meio, davam um caderno de oito folhas ou
dezesseis páginas. Tal técnica, já conhecida no séc. II aC, tornou-se comum nos
manuscritos cristãos. São famosos os códices gregos da Bíblia, conhecidos pelos nomes
Vaticano, Alexandrino e Sinaítico. Ver “Manuscrito”.

COMÉRCIO

Profissão perigosa porque leva facilmente à apropriação indébita dos frutos do trabalho
alheio (Ez 26-28; Eclo 26,29; 27,1; Ap 18,15). Os abusos são denunciados e condenados (Dt
23,19; Pr 11,26; 20,10.23; Ez 18,18; Am 2,6s; 5,11s; 8,5s). Como proceder: Lv 19,35s;
25,14; Dt 23,13-16; Pr 11,1; 1Cor 7,30).

COMUNHÃO

Ver “Eucaristia”, “Participação”.

CONFESSAR

Significa professar a fé em Cristo (Rm 10,9; Fl 2,11), louvar a Deus pelas suas maravilhas
(Lc 1,46-54.68-79; Mt 11,25-27), ou reconhecer os próprios pecados (Lv 5,5; Nm 5,7; 1Jo
1,9).

Quer nos sacrifícios da Antiga Lei, quer no batismo de João, as pessoas confessavam-se
pecadoras (Lv 4; 23,26-32; Mt 3,6; Mc 1,4-5; Lc 3,3-14). Cristo, com efeito, veio para os que
se confessam pecadores (Mt 9,13; 11,19; 1Tm 1,5). Os evangelistas contam-nos algumas
destas confissões (Lc 5,8; 7,36-50; 19,1-10; Jo 4,5-42; Lc 15,11-32; 18,9-14). Os apóstolos
falam da confissão dos pecados (1Jo 1,9-10; At 19,18; Jo 20,23; Mt 18,18; Tg 5,16).

CONFIRMAÇÃO

João Batista anunciava um batismo no Espírito e no fogo (Lc 3,16). O evangelista João fala
dum renascimento da água e do Espírito (Jo 3,5; cf. 1Jo 2,20.27). O próprio Jesus anunciou
um outro “Paráclito”(Jo 14,16.26; 15,26; 16,7-15; At 1,4-8).

No Pentecostes a ligação Espírito-fogo é evidente, bem como o tema da reunião frente à
dispersão babilônica (At 2,1-13; 4,31-33; Gn 11,1-9).

Para os primeiros cristãos Batismo e Espírito estavam unidos (At 8,14-17; 19,1-7; 10,44-47;
9,17-18). Batizados e confirmados recebemos em nós o “selo”, a assinatura do Espírito
Santo, como os hebreus a recebiam na carne pela circuncisão (Rm 4,11; Ez 9,4-7; Ap 9,4; Fl
3,3; 2Cor 1,14-22; Ef 1,13-14; 4,30; 1Jo 2,20-27).

CONSAGRAR

Retirar um objeto ou uma pessoa do uso profano, para transferi-los de modo permanente ao
domínio de Deus (Ex 13,1; 30,29). Ver “Anátema”.

CONSCIÊNCIA

Esta realidade, sobretudo no AT, existe sob o nome de coração e rins. Estes últimos
englobam o mundo passional do inconsciente. Deus é aquele que penetra e julga os rins e o
coração (Sl 7,9-13; 16,7-9; 139; Jr 11,19-20; 12,1-3; 17,9-11; 1Rs 8,37-40; 1Jo 3,19-21; 1Sm
16,6-11; Jó 27,1-7). Afasta os corações endurecidos (Is 6,9-10; At 7,51-54; Jo 12,37-43).

A consciência arrependida é um coração despedaçado (Jl 2,12-17; Sl 51,18-19; 2Cr 6,3639;
15,11-14). É preciso circuncidar o coração, evitando o formalismo (Jr 4,1-4; 9,24-25; Dt
10,15-17; Rm 2,25-29).

Deus dá um coração novo, isto é, uma nova consciência (Jr 31,31-34; 32,37-41; Ez 11,1721;
36,23-28). Daqui a expressão “amar a Deus com todo o coração”(Dt 6,4-6; 10,12-13;
13,4-5; 30,1-6; Mt 22,34-37). Assim a moral do NT é uma moral interior, do “coração puro”(Sl
64,10-11; Mt 5,8.28; 6,1-6; 1Pd 1,21-23; Hb 9,13-14; 10,19-23; 1Cor 4,3-5; 2Cor 1,12-14; Rm
2,12-16; 13,5; 14,10-23).

CONVERSÃO

É a mudança moral, pela qual o homem renuncia à sua conduta anterior, volta-se para Deus
e cumpre a sua vontade. Na pregação dos profetas conversão é abandonar o serviço dos
ídolos, que leva a descuidar do serviço de Deus e da observância de seus preceitos (Jr 7; cf.

1Ts 1,9). Esta conversão, porém, não é obra humana, mas fruto da intervenção de Deus
na vida moral do homem (Jr 24,7; 31,31-34; Ez 11,18-21; Os 14,2-10).

Tanto João Batista como Jesus começaram sua pregação exortando à conversão, em vista
da proximidade do Reino de Deus (Mt 3,2; 4,17; Mc 1,15). Depois de Pentecostes os
apóstolos convidam seus ouvintes à conversão para serem batizados (At 2,38; 20,21). Ver
“Confissão” e “Penitência”.

CORAÇÃO
Além de órgão humano ou animal, o coração é visto como sede do homem interior (1Pd3,4), conhecido por Deus (1Sm 16,7). É a sede da vida intelectiva, dos pensamentos (Dn
2,30), da fé e da dúvida (Mc 11,23; Rm 10,8s), enfim dos sentimentos e das paixões em
geral (Dt 15,10; 20,3; 28,47; Rm 1,24). O coração é ainda a sede da vontade, da vida moral
e religiosa (Lc 21,14; 2Cor 9,7; Gl 4,6). Por isso o coração representa o homem todo (Jl
2,13). Ver “endurecimento do coração”em Ex 7,3 e nota.

CORDEIRO DE DEUS

Ver “Cristo”.

CORPO MÍSTICO

A Santa Ceia inspirou Paulo a fazer da expressão “ Corpo de Cristo”o centro e a
característica da caridade (1Cor 11,17-34; 10,16-17). Era um lugar comum tomar o corpo
humano como tipo de solidariedade (1Cor 12,14.18.25.27; Rm 12,4-8; Cl 3,15). É o
fundamento da castidade cristã (1Cor 6,13-17).

O Corpo místico é identificado com a Igreja, a reunião dos crentes; Cristo é a cabeça desta
reunião. O Espírito Santo, a alma (Ef 1,22-23; Cl 1,18.19.24; 2,18-19; Ef 4,15-16).

CORREÇÃO FRATERNA

Se teu irmão se porta mal, repreende-o (Lc 17,3), mas antes olha para ti mesmo (Mt 7,1-5)
e faze-o sempre com bondade (Eclo 19,17; Mt 18,15-17; Lc 23,40; 1Cor 4,14; Gl 2,11; 6,1;
1Ts 5,14; 1Tm 5,1-2; Tg 5,19-20). Devemos aceitar a correção com humildade (Sl 141,5; Pr
12,1; Eclo 21,6; Mt 18,15-17).

CRIAÇÃO

O tema constitui uma das noções básicas da fé de Israel. A Bíblia projeta na contemplação
da criação a experiência da Aliança e da sua vivência religiosa. Assim, o autor inspirado
conforme seja um narrador ou um poeta, um sábio, um sacerdote, um cantor, admirará na
criação ora a onipotência divina, ora a sua sabedoria, ora o seu governo real, ora a sua
manifestação.

A mais antiga narração da criação é do séc. X aC. Numa linguagem popular, atribui a Deus
a criação do ser humano e pretende responder a vários “porquês”: da vida a dois, do
trabalho, da dor (Gn 2,4-25). Um poeta admira a onipotência de Deus na criação (Jó 38,1–


40,5; 26,5-14; Sl 89,10-13). Louva a Deus com entusiasmo pela grandeza de seu poder
criador (Sl 8; 19,3-7; 104), pois ele criou todas as coisas do nada (cf. 2Mc 7,28 e nota).
Louva a Deus pela sabedoria da criação (Is 40,12-17; Pr 8,22-35; Eclo 43,33; Sl 19,1-3).

Deus é o criador do mundo (Jr 27,5; 31,35) e da história (Is 22,11; 37,26). Na literatura pósexílica
as afirmações sobre o poder criador de Deus são mais freqüentes. Ele cria o universo
pela sua palavra (Sl 33,6-9; 148,5; Is 40–55) e renova a criação, realizando a salvação
prometida (Is 41,20; 45,8; 48,7) e transformando o coração do homem arrependido (Sl 51).

No NT sabemos que tudo foi criado em Cristo e por Cristo (1Cor 8,6; Cl 1,16; Hb 1,2), e que
a sua obra redentora é uma nova criação (Rm 8,18-22; 1Cor 15,45-48; 2Cor 5,17; Ef 4,24;
Tg 1,18; 2Pd 3,13; Ap 21,1-5; cf. Is 65,17-18).

CRISMA

Ver “Confirmação”.

CRISTÃO

O nome vem de Cristo, o Ungido. Deve ter sido dado pelos magistrados romanos aos
seguidores de Jesus Cristo. Esta denominação foi dada aos discípulos de Jesus pela
primeira vez em Antioquia da Síria (At 11,26; cf. 26,28; 1Pd 4,16).

CRISTO

O termo de origem grega significa “ungido”e traduz o termo hebraico “messias”. Os sumos
sacerdotes (Lv 4,3-16; 6,15) e os reis de Israel (1Sm 12,3-5; 24,7.11) eram chamados
“ungidos”. Os discípulos de Jesus deram-lhe o nome de “Cristo”(Ungido), reconhecendo-o
como o messias prometido (Jo 1,41; 4,25; Mt 16,16).

Em alguns textos Jesus é diretamente chamado “Deus” devido ao monoteísmo hebraico (Jo
1,1; 20,28). Cristo exprime sua divindade com a expressão “Eu sou” (Jo 8,24.28.58; 13,19;
cf. Ex 3,14; Is 43,10-13).

É o Filho de Deus: O povo de Israel (Ex 4,22; Os 11,1; Is 1,2; 30,1; Jr 3,22; Is 63,16); o rei e
certos chefes (2Sm 7,14; Sl 2,7); os anjos e os justos (Sb 5,1-5; 2,13-18; Jó 1,6) são
chamados também filhos de Deus. Jesus recebe este título no batismo (Mc 1,11) e na
fidelidade à sua missão (Mc 9,7; 15,39).

Cristo é a fonte de água viva (1Cor 10,1-11; Jo 2,1-11; Ap 21,6; Jo 19,34-37; 7,37-39; Ap
22,1-2) e a Luz dos povos (Lc 1,78s; Jo 1,4-13; 8,12; 9,1s; 12,46-47; At 13,46-47; 26,22s;
1Ts 5,2-7; Ap 21,22-27; 22,16; cf. Is 9,1-6; 42,6-9; 60,1-9).

Cristo é o “Senhor”(Kyrios), título que proclama a divina soberania de Jesus (1Cor 8,5-6; At
10,36; Rm 10,2; 14,7-10; Fl 2,10-11; Jo 20,24-28; 21,7.15-17). Por isso o temor de Javé
(Senhor, nesta Bíblia) passa a ser temor do “Senhor”(At 9,31; 2Cor 5,11; Ef 5,21). A
“glória”de Javé transforma-se na glória do “Senhor”(Jo 1,14; 2,11; 1Cor 2,8; 2Tm 4,18; 1Tm
3,16; Fl 2,9-11). O dia de Javé –anunciado pelos profetas –passa a ser o “Dia do Senhor”(At
2,20; 17,3; 1Cor 1,8; Fl 1,6-10).

Cristo é o bom Pastor (1Sm 16,10-16; 17,33-37; Ez 34; Mt 25,31-33; Ap 12,5; 19,15; 1Pd
5,4; Jo 10,1-18; Lc 15,1-7); o juiz misericordioso (Lc 7,37; 9,10; 19,5; Jo 8,3; 10,11) e justo
(Mt 24,30s; Jo 5,22; At 10,42; 17,31; Rm 2,16).

É a imagem visível do Deus invisível, o novo Adão, a divina Sabedoria (Sb 7,6); é a imagem
da “glória”ou resplendor de Deus (2Cor 4,1-6; Cl 1,15); batizados em Cristo, também somos
suas imagens (2Cor 3,18; Cl 3,1-11; Rm 8,29; 1Cor 15,49).

Cristo é o Servo do Senhor (Lc 22,20.37; Jo 13,1-15; At 8,30-35; 1Pd 2,21-25; cf. Is 52,13–
53,12); manso como um cordeiro, sofre pelos pecados do seu povo (cf. Jo 1,29.36; 1Pd
1,19; Ap 5,6; 8,12).

É o Salvador do mundo (Is 62,11; Zc 9,9; At 5,31; Fl 3,20; Lc 19,10; 1Jo 4,10), a luz do
mundo (Mt 4,16; Lc 2,30-32; Jo 8,12; 1Jo 1,5). É aquele que nos remiu do erro e da
ignorância (Lc 1,79; Jo 1,9; 3,19; 8,12; 12,46), do pecado e conseqüências (Jo 8,51; Rm
3,24s; 4,25; 5,6-9; Cl 1,14; 1Pd 1,18s; 2,24; 1Jo 1,7; Ap 1,5; 5,9). Ver “Palavra”.

CRUZ

Instrumento romano de tortura, reservado para escravos e criminosos. Para os judeus o
supliciado na cruz era considerado maldito (Dt 21,23; Gl 3,13). Mas, depois que Jesus foi
supliciado na cruz, esta se tornou o símbolo religioso do seguimento humilde e abnegado de
Cristo. Seguir a Jesus e tomar a própria cruz são elementos inseparáveis da vida cristã (Mt
10,38; 16,24; Lc 9,23.57-62; Gl 5,24).

Tomar a própria cruz se concretiza no martírio e na ascese (Fl 3,17-18; Gl 5,24; Ap 11,8; Mt
23,34; Gl 2,19-20; Jo 3,14-15). Escândalo para os judeus (Gl 5,1) e loucura para os pagãos
(1Cor 1,18-23), a cruz é um resumo de todo o Evangelho (Gl 6,12-14). Por meio dela nos
veio a redenção (At 5,30s; Gl 3,13). Carregando a própria cruz, o homem participa dessa
redenção (Ef 2,14-16; Cl 1,20; 2,14), pois crucificado com Cristo pelo batismo obtém a vida
pela fé (Gl 2,19; Rm 6,6).

CULTO

O NT representa um esforço de espiritualização do culto. Em vez do Templo de pedra,
Cristo e os cristãos são templos de Deus (Jo 2,13-22; 4,23-24; Mc 14,58; 15,29-30; 1Cor
6,19; Ap 21,22; 1Cor 3,16; 2Cor 6,16.

Quanto ao culto das imagens, ver “Cristo, imagem visível do Deus invisível.”Depois de
Cristo é o homem, a imagem de Deus (Gn 1,26-27; 1Cor 11,7).

Espiritualizar o culto é centrá-lo na caridade e na verdade (Mt 9,13; Lc 11,41-42; Tg 1,26-27;
Rm 12,1-13; Fl 2,17; 4,18).

A princípio, os cristãos observavam o sábado, como também subiam ao Templo (At 2,46;
3,1; 5,20-25). Mas depressa se impôs o Domingo, dia da Ressurreição (At 20,7; 1Cor 16,2;
Mc 16,1; Mt 28,1; Lc 24,1; Jo 20,1; Cl 2,16; Ap 1,10). Por isso, não devemos manter as
festas da Antiga Aliança (Cl 2,16.20; Gl 4,3.10).

A liturgia cristã toma elementos sinagogais: leituras, cantos e hinos (Cl 3,16; Ef 5,14-19;
1Tm 3,16; Ap 4,8; 15,3-4). Mas a “fração do pão”toma o lugar central (At 20,7.11; 1Cor
10,16; 11,20.25).

Além da “fração do pão”ou eucaristia, aparece o batismo por imersão, proclamação da
Ressurreição (Ef 2,15; 5,26; Tt 3,5-7; Rm 6,3-8; 8,11; 1Cor 12,13).Ligado com a
Ressurreição, está o rito da remissão dos pecados (Mt 18,18; Jo 20,22-23; Lc 24,47; Tg
5,16).

Era também freqüente o gesto sagrado da imposição das mãos (1Tm 4,14; Mt 19,15; 2Tm
1,6; At 6,6; 8,17s; 13,3). Ver “Sábado”.

LETRA D


DÃ.

Nome de um dos filhos de Jacó, nascido de Bala, escrava de Raquel (Gn 30,3-6),
antepassado da tribo dos danitas. A tribo ocupava inicialmente a região entre Saraá e Estaol
(Js 19,40-48; Jz 1,34; 13,2) a 25 km a oeste de Jerusalém. Mas teve de emigrar para o
norte, perto das cabeceiras do rio Jordão (Jz 18). O santuário popular da tribo (18,31)
acabou se tornando um santuário nacional, quando Jeroboão mandou instalar ali uma
estátua idolátrica do bezerro de ouro (1Rs 12,28).

DAMASCO

Capital da Síria, destruída em 732 aC (2Rs 16,9). Desde Davi, ao longo do período
monárquico, esteve freqüentemente relacionada com Israel, sobretudo no tempo dos
profetas Elias, Eliseu (1Rs 20; 22; 2Rs 6–8) e Isaías (Is 7,1-9; 17,1-3). Desde a época persa
vivia ali uma numerosa população judaica. Damasco foi o palco da conversão de Paulo (At
9,1-27; 2Cor 11,32s; Gl 1,17).

DECÁLOGO

Nome dado às “dez palavras sagradas”escritas por ordem de Deus (Ex 34,28) em duas
tábuas de pedra. Elas continham as obrigações básicas da aliança, de caráter sobretudo
moral (Ex 20,1-17; Dt 5,6-21).

DECÁPOLE

Território das dez cidades da Transjordânia de população quase exclusivamente pagã,
anexadas por Janeu ao reino israelita, mas desde 63 aC tornadas independentes da
província romana da Síria: Damasco, Filadélfia, Ráfana, Citópolis, Gádara, Hipos, Dion,
Péla, Gérasa e Cânata. Durante a vida pública, Jesus várias vezes atravessou o território da
Decápole (Mc 5,20; 7,31).

DEMÔNIO

Ao lado dos anjos bons, o judaísmo reconhece a existência de espíritos maus, ou anjos
maus, que causam mal aos homens. Têm vários nomes, como o “Tentador”(Mt 4,3), o
“Diabo” (Mt 4,1; 13,39; Jo 6,70; At 10,38; 2Tm 2,26; Ap 2,10). Eles estão subordinados a
Satanás, o grande adversário de Deus (Mt 25,41; 2Cor 12,7; Ef 2,2; Ap 12,7).

Jesus expulsa muitos demônios ou “espíritos impuros”, ainda que talvez se trate de
doenças, então popularmente atribuídas aos demônios (Mt 9,34; 10,8; 11,18; 12,24).

Os demônios são uma ameaça à vida religiosa dos fiéis (1Pd 5,8s; 1Jo 4,1; 1Tm 4,1). Mas o
cristão, pela sua fé em Cristo, já venceu o diabo e os seus anjos (Ef 4,27; 6,11-18; Tg 4,7; Jd
6).

O NT, portanto, concebe o mundo dominado por forças maléficas (demônios), cujo chefe
é Satanás e que Cristo veio vencer. Frente ao Reino de Cristo e os seus santos está o Reino
de Satanás e dos seus sequazes. Ver “Satã”.

DEPORTAÇÃO

É a remoção forçada de povos vencidos, de seus países para outros territórios, praticada
pelos assírios e babilônios. A finalidade prática era enfraquecer o inimigo e, eventualmente,
colonizar territórios próprios. As vítimas da deportação estão em desterro ou exílio. Israel foi
submetido várias vezes a deportações. Os assírios puseram fim ao reino do Norte,
deportando a população de Israel em 734 aC (2Rs 15,29; Tb 1,2) e depois da queda de
Samaria, em 722 aC (2Rs 17,6; 18,11). Em 597 e 587 aC os babilônios desterraram os
habitantes de Judá para a Babilônia (2Rs 24,8-17; 25,7-12; Ez 3,15).

A deportação, embora não resultasse em prisão, causava grandes sofrimentos. Os exilados
eram arrancados de sua terra natal e de suas propriedades e tinham dificuldade em praticar
sua religião. A situação dos exilados os colocava entre o escravo e o cidadão; podiam
adquirir propriedades, exercer profissões, mas sem gozar dos direitos de cidadãos livres.

Sob o ponto de vista religioso o exílio é considerado como punição pela idolatria e
infidelidade a Deus, um tempo de purificação e expiação (Ez 11,14-21; 20,32-44). Mas foi
também um tempo de renovação da esperança, tornando-se um símbolo da conversão, ou
volta a Deus (cf. Ez 33-48; Is 40-55). Ver “Cativeiro”.

DESCIDA DE CRISTO AOS INFERNOS

Ver “Inferno”, “Abismo”, “Geena”e “Xeol”.

DESERTO

Os desertos na Palestina não são de areia, mas sim de montanhas calcárias, onde a
vegetação não cresce mais por falta de chuva. O deserto da Judéia é uma estreita faixa
situada entre a parte mais alta das montanhas e o vale do rio Jordão, e a depressão do mar
Morto. O deserto do Negueb, ao sul de Judá, constitui o limite extremo-sul habitável da Terra
Prometida.

A experiência da aliança com Deus no deserto do Sinai deixou profunda marca na alma
israelita (Ex 19). Ali Israel foi provado por Deus; sentiu fome e sede, mas Deus o alimentou
com maná (Ex 16) e o dessedentou com água tirada do rochedo (17,1-7). Na solidão do
deserto aprendeu a seguir a Deus com fidelidade (Jr 2,2). Por isso, o deserto na Bíblia é
tanto símbolo da provação, como da renovação espiritual (Os 2,16s; 1Rs 19,1-8; Ez 20,3437).


João Batista preparou-se para sua missão e começou a pregar o batismo de conversão no
deserto (Mt 3,1-3; Mc 1,4; Lc 1,80). Após o batismo no Jordão, Jesus retirou-se durante 40
dias para o deserto, onde foi tentado pelo demônio e preparou-se para pregar o Reino de
Deus (Mt 4,1). Ver “Negueb”e “Sinai”.

DEUTEROCANÔNICO

Ver “Canônico”.

DIA DA EXPIAÇÃO

Ver as notas em Lv 16,1-34 e At 27,9; ver também “ Expiação”, “Bode Expiatório”.

DIA DO SENHOR

É o dia em que Deus vem para julgar. Este dia em geral é visto como um dia de punição
para os pagãos, para os inimigos de Deus e de seu povo, e de salvação para Israel (cf. Is
13; Ez 7,1-27 e nota; Jl 4,9-14). Mais tarde os profetas anunciaram o dia do Senhor como
punição também para Israel, para quem a eleição divina não é uma garantia incondicional
(cf. Am 3,1s; 5,18 e nota). Segundo o NT este dia vai coincidir com o da vinda gloriosa de
Cristo, para o qual se volta toda a esperança cristã (1Cor 1,8; 1Ts 5,2-4).

No NT, o primeiro dia da semana, por ser o dia da Ressurreição do Senhor Jesus Cristo, foi
chamado “Dia do Senhor”(Ap 1,10). Ver “Parusia”, “Culto”e “Sábado”.

DIÁCONO

O termo significa “assistente”, alguém que serve à mesa (Jo 2,5.9). Foram chamados
“diáconos”os cristãos escolhidos pelos apóstolos para servirem aos pobres da Igreja de
Jerusalém (At 6,1-7). Mas estes diáconos logo começaram a dedicar-se também à pregação
do Evangelho (6,8–7,53; 8,5-13). Eles são os auxiliares dos “epíscopos"(cf. At 20,28 e nota)
na direção das jovens comunidades cristãs (Fl 1,1; 1Tm 3,8-13). Ver “Anciãos”, “Bispo”e
“Culto”.

DIÁSPORA

Ou “dispersão”, é o termo aplicado aos judeus espalhados pelo mundo pagão do Império
Romano (Jo 7,35). Na era apostólica a população do Império Romano era de
aproximadamente 55 milhões, dos quais 4,5 milhões (8%) eram judeus da diáspora.

DILÚVIO

A narrativa de Gn 6,5–9,19 descreve uma inundação catastrófica, chamada dilúvio, do qual
salvaram-se apenas Noé, sua família e os animais que o acompanhavam na arca. Muitos
povos antigos falam de extraordinárias inundações que em épocas muito remotas
destruíram a terra. As narrativas mais próximas ao Gênese são as da Mesopotâmia. É
possível que no fundo destas narrativas esteja a lembrança remota de inundações
catastróficas mas de proporções limitadas (cf. Gn 7,19s e nota).

DISCÓRDIA

Deve ser evitada (Pr 6,19; 1Cor 3,3; 6,7; 11,16; Fl 2,3; 2Tm 2,14; Tg 4,1. Tem
conseqüências funestas (Eclo 28,12; Mt 12,25; Mc 3,24s; Gl 5,15; Tg 3,14-17).

DIVÓRCIO

É a ruptura do laço matrimonial, permitida pela Lei de Moisés (cf. Dt 24,1-4 e nota). Nas
tribos do Médio-Oriente era usual a poligamia (Jz 8,30; 2Sm 3,7; 16,21; 1Rs 11,1-8; Gn
4,19). Mas o progresso da fé num Deus único orientará os costumes para a fidelidade a uma
só mulher, como sinal da fidelidade a um só Deus (Esd 9,1s; 10,3; Ml 2,10-11; Tb 8,1s; Ecl
9,1-9; Eclo 26,1-18).

A própria criação postula a monogamia (Gn 2,18-24; 1,26-31). A este ideal se refere Jesus
(Mc 10,2-9; Mt 19,3-9; 1Cor 7,10-11; Lc 16,18) ao proibir o divórcio (Mt 5,31s; cf. Rm 7,2s;
1Cor 7,10s.27.39) e proclamar a indissolubilidade do Matrimônio, sacramento de união entre
Cristo e a Igreja (Ef 5,22-23).

DÍZIMO

Era a contribuição obrigatória, entregue ao santuário para sustentar os sacerdotes e levitas
(Nm 18,21-32), os pobres, os órfãos e as viúvas (cf. Dt 14,22-29; Tb 1,7s e notas). A
contribuição referia-se à décima parte dos cereais, do vinho e do azeite. Os fariseus
pagavam, porém, o dízimo até dos produtos mais insignificantes, como as hortaliças (Mt
23,23). Ver “Esmola”.

DOMINAÇÕES

Personificação de poderes supraterrestres, relacionados com Satã, príncipe deste mundo
(Rm 8,38; 1Cor 15,24; Ef 1,21), mas que não são os anjos maus. O cristão não deve temêlos
pois são criaturas de Deus (Cl 1,16), mesmo que possam hostilizá-lo (Ef 6,12), porque
Cristo os subjugou (Cl 2,10-15; 1Pd 3,22). Ver “Principados”, “Potestades”, “Satã”.

DOMINGO

Ver “Sábado”.

DOUTOR DA LEI

Ou escriba, é o homem entendido nas coisas da Lei (Lc 5,17; Mt 23,3). Eles recebiam o
título honorífico de rabi (Mt 23,7s) e ensinavam a Lei ao povo (Lc 2,46; Rm 2,20). Seu
trabalho de instrução é elogiado em Eclo 39,1-11; mas Jesus os criticou por seu casuísmo
teológico-jurídico e sua conduta hipócrita. O cristão que tem o dom de ensinar é também
chamado doutor (At 13,1; 1Cor 12,28s).

DOZE

Na Bíblia, “doze”é o número sagrado da “eleição”: Os doze patriarcas, pais das doze tribos
(Gn 35,22-26; 42,13.32; 49,28; At 7,8; Js 24,1s).

Cristo elege doze apóstolos (Mc 3,13-19; Jo 6,70); que recebem uma especial instrução e
seguem o Mestre (Lc 8,1s; 9,12; 18,31-34; Mc 4,10-11; 14,17s; Lc 9,2.5; Mc 6,7). Constituem

o fundamento da Igreja (Ef 2,20; Ap 21,14; 7,4-12; Mt 19,28; Lc 22,30). Cristo come com
eles a Ceia Pascal (Jo 13,1-20; Mt 26,20-29); ora por eles ao Pai (Jo 17,17); é a eles que as
mulheres anunciam o encontro do túmulo vazio (Lc 24,9-10.45-49; Jo 20,19-23; Mt 28,1820).
Ver “Apóstolos”.
LETRA E


ECOLOGIA

As criaturas manifestam a sabedoria e a grandeza do Criador (Jó 28; 38,2–41,25; 42,5; Sl
19,2-7; Pr 8,27-31). O pecado e a violência do homem perturbam a ordem da natureza (Gn
3,17; 6,17–8,14; Ex 7,8–11,10; Is 1,4-9; 2Rs 17,7-28). As criaturas participarão da redenção
escatológica (Is 11,6-9; 65,17; Rm 8,21s; 2Cor 5,19; 2Pd 3,3-13; Ap 21,1).

A importância da água (Gn 1,7; 2,10-11; 7,11; Is 24,18; Jó 38,22-28; Lv 26,4; Dt 11,14; Is
30,23s; Jr 5,24; Sl 1,3; 104,3-18). Seu valor simbólico (Ez 36,24-30; 47,12; Jr 31,9; Is 49,10;
41,17-20; Eclo 24,25-31); as águas que dão vida (Jo 7,37-39; 4,10-14; 1Cor 10,4; Ap
22,1.17); as águas batismais (2Rs 5,10-14; Mt 3,11; At 8,36; 1Cor 6,11; Ef 5,26; Rm 6,3-11;
Tt 3,5).

A importância das plantas (Gn 1,11s.29-30; 2,9; 3,22s; Dt 20,19s; Sl 104,13-18).

Os animais e sua relação com o homem (Gn 1,20-30; 2,19s; 6,19-21; 9,2-5; Nm 22,22-35;
1Rs 17,6; Jn 2,3-7; Jó 38,39–39,30; 40,15–41,26; Sl 147,9; Mc 1,13; Mt 6,26; At 28,3-6).

ÉDEN

Ver Gn 2,8.10-14 e notas. Ver “Paraíso”.

EDOM

Ou “edomitas”, nome dos descendentes de Esaú, irmão de Jacó (cf. Gn 25,25.30; 33,1-17;
Ab 9–15 e notas). Eles ocupavam a região ao sul do mar Morto, dos dois lados do vale daArabá, até o Golfo de Ácaba.

EFÁ

Medida de capacidade, equivalente a 45 litros ou três arrobas. Ver a tabela de Medidas,
pesos, moedas.

ÉFESO

Importante cidade do litoral oeste da Ásia Menor, desde 133 aC capital da província romanada Ásia. Com uma população de 250 mil habitantes e um estádio para 24 mil pessoas, erafamosa pelo seu templo de Ártemis e pelas práticas de feitiçaria. Paulo passou por Éfeso
durante a segunda viagem (At 18,19-21) e ali se deteve por três anos durante a terceira
viagem missionária (19,1–20,1). O sucesso de sua pregação fez com que muitos
queimassem seus papiros mágicos (19,18s), mas suscitou também tumultos, levando Paulo
a abandonar a cidade.

EFOD

Pode indicar uma estátua de um ídolo (cf. Jz 8,27; 17,5 e notas) ou a parte da veste
sacerdotal que continha a bolsa dos urim e tumim, usados para dar as respostas oraculares
(cf. Ex 25,7; 28,6 e notas).

EFRAIM

Nome do segundo filho de José e Asenet (Gn 41,52), que passou também a ser o da tribo
que dele descende. Junto com Manassés é destacado nas bênçãos de Jacó (Gn 49,22-26) e
de Moisés (Dt 33,13-17). Por extensão, Efraim, sobretudo na linguagem poética, engloba
todas as tribos do reino do Norte (Jr 7,15). No NT é também o nome de um vilarejo para
onde Jesus se retirou antes de sua paixão (Jo 11,54).

ELEIÇÃO.

Em virtude da aliança, Deus escolheu livremente para si a nação de Israel, como seu
próprio povo (Dt 14,2). Esta eleição está relacionada com o êxodo do Egito (Am 9,7; Os
13,4; Mq 6,3-5; Ez 20,5s), mas já teve início com os patriarcas (Jr 11,5; 33,26). Em virtude
da eleição divina são chamados eleitos os patriarcas (Gn 12,1-7), Moisés, os levitas, o rei
(2Sm 7,14-16) e os membros do povo de Deus em geral (Ex 19,1-9). A eleição, porém, não
é mérito e sim fruto do amor imerecido de Deus (cf. Dt 7,6-8 e notas).

No NT eleitos são os que do judaísmo se converteram ao cristianismo (Rm 9,27; 11,5-7), os
cristãos em geral (1Pd 2,9), os apóstolos (Lc 6,13; Jo 6,70), especialmente Pedro (At 15,7) e
Paulo (9,15).

ELIAS

O nome significa “meu Deus é o Senhor”. É o nome do profeta que defendeu intrepidamente
a religião javista contra Acab e Jezabel, promotores do culto a Baal. A figura deste profeta
austero causou tal impacto no meio do povo, que em torno dele surgiu um ciclo de narrativas
de caráter legendário, marcadas por lances dramáticos e milagres (cf. 1Rs 17–19; 21,17-28;
2Rs 1–2). Por causa de seu fim misterioso descrito como assunção ao céu (cf. 2Rs 2,1-18 e
nota; Eclo 48,9-12), começou-se a esperar o seu retorno (cf. Ml 3,22-24 e nota), crença
muito viva no tempo de Jesus. O próprio Jesus afirma que Elias de fato já veio na pessoa de
João Batista (cf. Mc 9,13 e nota).

ENAQUITAS

População legendária de gigantes que ocupava a região de Hebron, quando os israelitas
começaram a conquista de Canaã (Nm 13,22; Dt 2,10-12 e notas).

ENCARNAÇÃO

Grande mistério (Rm 11,33; 1Tm 3,16), no qual participou Deus Pai (Jo 3,16; Rm 8,3; Gl
4,4), Deus Filho (Jo 1,14; Hb 1,2; 10,7-10; 1Jo 4,2) e Deus Espírito Santo (Is 7,14; Mt 1,18;
Lc 1,35; Rm 1,3-4; Cl 2,9).

ENFERMIDADE

. É conseqüência do pecado (Gn 2,17; 3,19; Dt 28,20-22; Eclo 31,22; 38,15; Jo 5,14); é
provação de Deus (Tb 2,9-14; 12,13s; Jó 5,17-19; Sl 34,20; Jo 9,3). Como proceder na
enfermidade: chamar o médico e usar remédios (Eclo 18,20s; 38,9-14); rezar a Deus (2Rs
20,1-7; Sb 16,6-13; Eclo 38,13s; Fl 2,25-27); chamar o padre e receber a unção dos
enfermos (Tg 5,14s); cuidar mais da vida espiritual (Sl 39,7s; Lc 10,41s; 12,31; Rm 8,18;
1Cor 11,30; Hb 13,14; 1Pd 5,7); visitar os enfermos (Gn 48,1; Jó 2,11; Eclo 7,34s; Mt
25,39s).

ESCÂNDALO

Ameaças contra o escândalo (Pr 28,10; Mt 18,6-9; Mc 9,42; Lc 17,1; 1Cor 8,12): exortações
contra o escândalo (Mt 13,57; 15,12; Lc 7,23; Jo 6,62; 7,41).

Cristo é pedra de escândalo (Is 8,14; 28,16; Rm 9,33; Lc 2,34), sobretudo para os fariseus
(Mt 15,12); para os judeus (1Cor 1,23).

ESCATOLOGIA

Ver “Parusia”.

ESCRAVATURA

Ver “Redenção”.

ESCRIBA

Desde o tempo de Esdras o escriba é um entendido nas coisas da Lei. Por isso é também
chamado doutor da Lei ou rabi. Com o fim do profetismo, cabia sobretudo ao escriba o
ensino e interpretação da Lei ao povo (cf. Eclo 38,24 e nota). Por isso, os escribas tornaram-
se os líderes espirituais da nação. Depois de longos estudos junto de algum mestre, pelos
40 anos, a pessoa era ordenada escriba com o rito da imposição das mãos. No tempo de
Jesus eram famosas as escolas de escribas dirigidas por Hillel e Chammai.

ESCRITA

É conhecida desde o quarto milênio aC, tanto no Egito, como na Mesopotâmia. Entre os
israelitas a arte de escrever era conhecida apenas por pessoas instruídas e de boa posição,
especialmente os escribas profissionais (Is 29,11s). A escrita hebraica se desenvolveu daescrita fenícia e tem 23 consoantes. É conhecida sob duas formas: a antiga, ainda em uso
entre os samaritanos, e a quadrada, que aparece nos manuscritos do I séc. dC em diante. O
sistema de vogais que fixa a pronúncia das palavras só foi inventado pelos massoretas pelo
séc. VI/VII dC. Os manuscritos bíblicos foram escritos sobre papiro ou pergaminho.

ESCRITURA (SAGRADA)

. Ver “Bíblia”e “Como ler a Bíblia com proveito”, na Introdução Geral desta Bíblia.

ESMOLA

O mandamento (Tb 4,7; 14,11; Lc 14,12); é um ato de religião (Pr 19,17; Eclo 35,4; Mt
25,35; Hb 13,16); exemplos (1Rs 17,10; Tb 1,3; Jó 31,16; At 9,36; 10,2; 2Cor 8,2).

ESPERANÇA

. No AT Deus é a essência, meta final e garantia da esperança (Sl 130,5-7) do indivíduo
(71,5) e do povo em geral (Jr 14,8; 17,13). Espera-se no poder do braço do Senhor (Is 51,5),
do qual vem a salvação (Gn 49,18). Espera-se a vinda da glória do Senhor (At 1,11; 1Ts
4,13–5,11), a conversão de Israel e das nações, a nova aliança baseada no perdão dos
pecados (Eclo 2,11; Mt 18,11; Hb 2,17; 4,16; 2Pd 3,9).

Apesar de sua história cheia de contradições e infidelidades, Israel conservou a esperança
na graça divina (Os 12,7; Jr 29,11; 31,17; Is 40,31). Foram os profetas que ergueram a
bandeira da esperança nos momentos críticos da história, apontando a renovação dos
tempos messiânicos (Os 2; Is 40–66; Ez 36–37).

No NT a salvação prometida torna-se de certo modo já presente pela fé: a justificação, a
filiação divina, o dom do Espírito e o novo Israel, composto de judeus e pagãos convertidos
a Cristo. Por isso muda também o conteúdo e a motivação da esperança. A esperança do
cristão é uma “viva esperança”(1Pd 1,3;), que liberta do temor da morte (Ef 2,12; 1Ts 4,13),
pois ela está unida ao amor (1Cor 13,13) e à fé em Cristo. O cristão espera a salvação (1Ts
5,8), a justiça (Gl 5,5), a ressurreição (1Cor 15), a vida eterna (Tt 1,2; 3,7), a visão de Deus e
sua glória (Rm 5,2). Sua esperança é alegre e corajosa (Rm 12,12; 1Ts 5,8), pois está
firmemente ancorada em Cristo (Hb 6,18s). Ver “Parusia”e Introdução Geral .

ESPIRITISMO

Constata-se na Bíblia a prática da evocação dos mortos (1Sm 28,3-20; 2Rs 21,6; 23,24; Is
8,19; 29,4), mas é severamente proibida (Lv 19,31; 20,27; Dt 18,10-12; 1Cr 10,13; Is 8,19;
44,25).

Outras práticas mágicas (Ex 7,11s; 2Rs 17,17; 21,6; 2Cr 33,6; Sl 58,5s; At 8,9; 19,18-20;
2Ts 2,9; Ap 13,13s; 16,14).

Adivinhação (Gn 41,8; Lv 19,26.31; 1Sm 28,7; Eclo 12,13; 34,5; Is 47,13s; Jr 8,17; Ez 21,26;
Os 4,12; At 16,16).

Castigo severo previsto (Ex 22,17; Lv 20,6; Dt 4,19; 13,1-5; 17,3; Eclo 34,1-7; Is 44,25; 47,9;
Jr 23,16.30-32; 28,15-17; 29,8; Mt 12,27; At 13,8-11; 16,16-18; Gl 5,19s; Ap 21,8).

Não existe reencarnação (Ecl 9,10; Eclo 14,12-19; Mt 13,30; 25; Lc 16,9.19-32; Rm 2,5-8;
2Cor 5,6-10; Gl 6,6s; Hb 9,27). Ver Lv 19,31; 1Cr 10,13 e notas; ver “Necromancia”.

ESPÍRITO (SANTO)

Em hebraico e grego “espírito”significa ar em movimento, hálito ou vento. Por isso também
é sinal ou princípio de vida (Gn 6,17; 7,15; Ez 37,10-14), a força vital (Jr 10,14), a sede dos


sentimentos, pensamentos e decisões da vontade (Ex 35,21; Is 19,3; Jr 51,11; Ez 11,19).
Deus é que dá o espírito e age no homem pelo seu espírito (Gn 6,3; Ez 2,2 e nota).

O Espírito falou pelos profetas (Ez 2,2; 3,12-14; 8,3; 11,1) e suscitou “testemunhas”(At
1,8.22; 2,32; 3,15; 10,39-41).

No NT fala-se em bons e maus espíritos (Hb 1,14; Ap 4,5; Mc 1,13.23.26; At 5,16).

O Espírito é também Deus verdadeiro, uma pessoa distinta do Pai e do Filho (Mt 28,19; Mc
13,11; At 5,3s; 20,28; 28,25s; 1Cor 3,16s; Jo 14,16). Procede do Pai e do Filho (Mt 10,20; Jo
14,26; 15,26; 16,13-15; Gl 4,6; Tt 3,5s); foi prometido e enviado (Lc 24,49; Jo 7,39; 14,16s;
15,26; At 1,5; 4,31); foi comunicado pelos apóstolos (At 8,14-17; 10,44-47; 11,15-17; 19,2-6;
1Ts 1,4s); foi dado a cada cristão e é o princípio da vida espiritual e garantia da ressurreição
(Rm 8,2.11; Lc 12,11s; Jo 14,26; 16,12s; At 4,31s; Tt 3,5); concede dons e provoca frutos (Is
11,2s; Zc 12,10; Gl 5,22s; 1Cor 12,4–14,40; Ef 1,13s; 2Tm 1,7).

O Espírito é o Paráclito, isto é, “advogado”dos cristãos no tribunal do mundo (Jo 14,1517.25-
26; 15,26-27; 16,7-14; Mc 13,11). Ver “Paráclito”.

ESPOSO

O amor de Deus por Israel é comparado ao do noivo por sua noiva, ou do esposo pela
esposa (Os 2,16; Jr 2,2.30-37; 3,1-13; Ez 16,8). Deus tem “ciúmes” por causa de Israel infiel;
por isso castiga-o, mas também lhe promete um coração novo (Jr 30,17; 31,2-4.21-22; Ez
16,53-63) e novas bodas após o castigo do exílio (Os 2,16-25; 3,1-5; Lm 1,1-21; Is 49,14-21;
50,1-2; 51,17s; 54,1-10; Ct 1,1s).

João Batista chama Jesus de noivo (Jo 3,29; Ef 5,22s), sendo ele o amigo do noivo.

Em Cristo, Deus realiza as bodas definitivas com a Igreja, que é a noiva (2Cor 11,2) ou
esposa de Cristo (Ap 21,9). Por isso, o Reino é uma festa de casamento (Mt 22,1-14; 25,113;
Lc 14,16-24; Jo 2,1-11; 3,25-30; Mt 9,14-15; Ef 5,25s; Gl 4,21-23; 2Cor 11,1-3).

Os esponsórios de Deus em Cristo são o fundamento da moral conjugal cristã (Mt 19,1-9; Ef
5,22-23; 1Cor 6,15-20; 11,3-16; 1Pd 3,1-7; Cl 3,18-19). Ver “Matrimônio”.

ESSÊNIOS

Associação religiosa judaica da Palestina, de caráter monacal e tendência ascética. Sua
origem provém, provavelmente, dos assideus (cf. 1Mc 2,42 e nota). Não são mencionados
na Bíblia. Com a descoberta dos escritos do mar Morto (1947) e das ruínas de Qumrân,
ficaram melhor conhecidos os costumes e a doutrina dos essênios e seu possível
relacionamento com os fariseus e o NT.

Características do grupo: Os candidatos passavam por um período de um ano de
“postulantado”e dois anos de “noviciado”; o candidato era aprovado como membro após um
juramento e recebia uma doutrina secreta. Praticavam a pobreza, o celibato e a obediência a
um superior. Faziam abluções rituais e orações matinais. Veneravam Moisés e os anjos.
Observavam o sábado, mas estavam separados do culto do templo. Segundo alguns, João
Batista teria sido membro da seita dos essênios (Lc 1,60; 3,1-21).

ESTACAS SAGRADAS

Ver “Postes Sagrados”.

ESTADO

O poder vem de Deus (Pr 8,15s; 11,14; Eclo 10,1.4; 17,17; Dn 2,21; Mt 22,21; Jo 19,11; Rm
13,1s). Os funcionários públicos são responsáveis diante de Deus (2Cr 19,6; Ecl 5,7; Sb 6,29;
Ef 6,9; Hb 13,17; Ap 19,16). Devem ser escolhidos entre os mais dignos (Ex 18,21-23; Dt
1,12-17; Sl 101,6; Pr 14,35): devem ser justiceiros e benignos (Dt 25,1-3; Pr 17,15; 20,28;
29,12; Sb 1,1; 12,17-19; Jr 22,2-5.13-19; Lc 3,14; Jo 7,24); devem edificar pelo bom exemplo
(Dt 17,15-20; 1Rs 2,1-4; 6,11-13; Ecl 10,16s).

Os súditos devem honrar as autoridades como representantes de Deus (Ex 22,27; 1Sm
24,7; Jo 19,11; At 23,4s; Rm 13,7; 1Tm 2,1-3); devem obedecê-las (Rm 13,1-7; Tt 3,1; Hb
13,17; 1Pd 2,13-15); devem pagar impostos (Mt 22,15-21; Rm 13,7).

Mas antes de tudo se deve obedecer a Deus (Tb 1,15-20; 1Mc 2,19-22; 2Mc 7,1s.30; At
4,18s; 5,29.40-42). Ver “Autoridade”.

ESTELA (PILAR SAGRADO)

Ou coluna sagrada, de origem cananéia, era uma pedra colocada de pé por chefes em
recordação de façanhas. Embora de origem profana, podia ser colocada em santuários e
acabava assumindo a finalidade religiosa (cf. Gn 28,18 e nota) de localizar a presença
divina. Mais tarde, para combater os costumes pagãos, o seu uso foi condenado (Ex 23,24;
Lv 26,1; Dt 7,5; 16,22; cf. 2Cr 14,2 e nota).

EUCARISTIA

“Fração do pão”rito tipicamente cristão (At 2,42.46; Mt 26,26; 1Cor 10,16; 11,24). Celebra-
se no domingo, dia da Ressurreição (At 20,7.11). Nela o Ressuscitado está presente (Lc
24,30-35).

É o “pão da vida”, refeição pascal (Jo 6,4) e messiânica. É o novo maná, dado pelo novo
Moisés (Sl 78,24; 105,40; Sb 16,20; Is 55,1-3; Pr 9,5; Eclo 24,20; Jo 6,1-15.22-59; Mt 14,1921;
15,32-39).

É o banquete nupcial e escatológico (Mt 22,2-14; 25,1-13; Lc 14,12-24; Jo 2,1-12; Ap 14,13;
3,20-21). É o sacramento de Unidade (1Cor 10,16-17; 11,17-34; Jo 17,1s; At 2,42-46; Lc
24,30-35), prometido e instituído por Cristo (Jo 6; Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22,19-20;
1Cor 11,23-25).

EUNUCO

Ver as notas em Sb 3,14; Is 56,1-8 e At 8,26s.

EVANGELHO

É a “Boa-Nova” anunciando a chegada do Reino de Deus em Cristo (Lc 4,43-44; Mc 1,1; At
13,32-33; Is 40,9-11; 61,1-2; Lc 4,16-22; Mt 11,2-6). Esta feliz boa-nova é anunciada aos

pobres (Lc 6,20-23; 2,10; Mt 5,3-12). É o anúncio da salvação (At 13,26; Rm 1,16-17;
10,14-17; Ef 1,13); é a pregação do mistério que se realiza em Cristo e na Igreja, incluindo
judeus e pagãos (Cl 1,26-29; 4,2-4; Ef 3,1-7; Rm 1,1-6). Ver a Introdução aos Evangelhos
Sinóticos.

EXÍLIO

Ver “Deportação”.

ÊXODO

Ver “Moisés”, “Páscoa”, “Peregrinação”, “Libertação”. Ver também a Introdução ao livro do
Êxodo e as notas em Ex 15,17 e 19,1–24,11).

EXPIAÇÃO

No início, a expiação é compreendida materialisticamente como uma reparação exterior por
uma falta legal (Lv 14,11-20.53-54; 23,26-32; Dt 13,7-11; 17,2-7; 19,15-21; Nm 35,32-34;
2Sm 12,13-15).

A expiação visa restabelecer a comunhão entre Deus e o homem, rompida por sua rebeldia.
Em textos mais antigos, com a expiação procura-se acalmar a ira divina, punindo o pecador
ou praticando um ato cultual (cf. 1Sm 26,19; 2Sm 21,1-14 e notas). Há também ritos
expiatórios para apagar o pecado, representado como mancha, pelo sangue de uma vítima
(Lv 16,14-16). Deus é quem institui a expiação e a efetua(17,11), quando lhe são oferecidos
os sacrifícios pelo pecado e pela culpa.

Deus, intransigente no início, deixa-se dobrar pela sua misericórdia (Jr 7,16; 11,13-20; Gn
19,2-22; Jó 42,8-10; Am 7,3-10); e concede o perdão dos pecados (Os 14,3-5; Jr 3,21-22).

No NT, o povo que pecou muito tem necessidade dum “justo” que se imole por ele e o
reconduza a Deus (Is 41,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13–53,12; Mt 12,15-21; Fl 2,8-11; Jo 12,3134;
11,47-54; 1Pd 2,21-25).

S. Paulo apresenta a obra salvífica de Cristo pela cruz como uma reconciliação entre Deus
e os homens (Rm 5,9-11; 2Cor 5,18-20; Cl 1,20; Ef 2,13-16).
O sacrifício de Cristo, de valor infinito, reparou para sempre todos os pecados (Hb 7,26-28;
10,4-14; 9,25-26; Ap 12,9-12; Rm 5,18-19). A Igreja, isto é, os cristãos associam-se à
expiação de Cristo (Fl 3,10; Rm 8,17; 1Pd 4,13). Ver “Dia da Expiação”.

EXTERMÍNIO

Veja “Anátema”.

LETRA F


FACE

Muitas vezes o termo designa o próprio Deus, enquanto se volta ou se relaciona com o
homem. “Contemplar a face”é ser admitido à presença de Deus; “ver a face de Deus”é algo
perigoso para o homem (Ex 33,20-23). O homem pede que Deus não lhe esconda a sua
face (Sl 27,8s), mas lhe mostre uma face compassiva (Nm 6,25).

FAMÍLIA

Ver “Esposo”.

FARAÓ

Título bíblico dos reis egípcios. Veja os nomes de alguns faraós na Tabela Cronológica da
História Bíblica .

FARISEUS

Partido religioso judaico, cujos membros se dedicavam ao estudo e observância da Lei
mosaica e suas tradições, especialmente o sábado, a pureza ritual e os dízimos. Os
precursores dos fariseus são os assideus do tempo dos Macabeus (cf. 1Mc 2,42 e nota).
Sob João Hircano I começaram a fazer oposição à sua política filo-helenística e por ter
usurpado o sumo sacerdócio.

Os fariseus, embora defensores da teocracia, politicamente eram moderados frente ao
domínio romano, se comparados à ferrenha oposição dos zelotes e ao apoio dado pelos
saduceus. Comparados a estes últimos, os fariseus eram progressistas quanto às crenças
religiosas: criam na existência dos anjos, na ressurreição e na imortalidade (Mt 22,23-33; At
23,6-10). Entre o povo gozavam de grande prestígio e liderança. Jesus condenava não a
doutrina (Mt 23,3) mas a hipocrisia e soberba dos fariseus (Mt 23,13-36) que os levava a
desprezar a massa “ignorante”(Lc 18,9-14). Ver “Essênios”.



No AT a fé é raramente mencionada (cf. Hab 2,4 e nota). Mas crer é a atitude característica
do homem perante Deus. Ela implica numa adesão da inteligência em reconhecer a Deus
em todas as suas manifestações de amor e suas exigências para com o seu povo. A atitude
de Abraão é o modelo da verdadeira fé que salva (Gl 3,6): ele jogou a sua vida, confiando na
Palavra de Deus (Gn 12,1-2; 13,14-18; Ez 33,23-24; Eclo 44,19-21; Jo 8,56; Rm 4,1s; Hb
11,8-12).

O Êxodo é o tempo da prova na fé (Ex 4,1-9; 33,1-6; Dt 1,45-46; 4,1-8; 6,20-25; 10,12-22).

A fé inclui a esperança de um mundo melhor (Is 40,1–41,20; 43,1-21; 49,22-23).

No NT acreditar é prestar fé à Palavra de Deus em Cristo (At 24,14; Lc 24,25-27); é
obedecer a Deus (Hb 11,1s; Rm 1,5; 10,16s; 15,18; 16,19.26; 2Cor 5,5s); é confiar nele (Mc

11,22-24; At 3,16; 1Cor 13,2); é converter-se, aceitando o Evangelho (1Ts 1,8-9; Rm
10,17; 2Cor 5,18s; At 3,12-16).

Jesus exige fé em sua pessoa (Jo 6,29-40). O coração da fé é a obra salvífica de Cristo,
sobretudo a sua morte e ressurreição (1Cor 15,1-20; Rm 4,24; 10,9).

Paulo coloca a fé em Cristo como indispensável para a salvação (Rm 1,16). Mas quando
opõe fé a obras, fala das obras da Lei mosaica e não dos frutos da fé cristã (Rm 4,13-25; Gl
3,1s; Ef 2,8-10; Mt 7,16-27; Jo 15,1-3.6-8; Tg 2,16-26).

Alguns textos de primitivas profissões de fé: Lc 24,34; 1Cor 15,3-5; 1Ts 4,4; 2Cor 5,15; Rm
4,25; 6,4.9; Fl 2,6-11.

A Igreja é a depositária da fé: Mt 16,16-19; 18,17s; 28,20; Mc 16,15; Lc 22,31s; Jo 21,15-17;
At 1,24s; 15,7s; 20,28; 1Cor 1,10; 1Tm 6,20s; 2Tm 4,2-5; Tt 3,10s; 2Jo 10.

FÉLIX

Procurador romano da Judéia, de 52 a 60 dC; foi o segundo marido de Drusila, esposa do
rei Agripa II (At 23,26).

FENÍCIA

Região que abrange o monte Líbano e a zona litorânea desde o monte Carmelo. Seus
habitantes dedicavam-se ao comércio e à navegação, fundando colônias em Chipre, Rodes,
Sardenha, Sicília, França Meridional e norte da África. No tempo de Cristo a região pertencia
à província romana da Síria. No AT é conhecida como Tiro e Sidônia; pertencia à Terra
Prometida mas jamais foi anexada (Js 13,4-6). Jesus visitou a região (Mt 15,21) e Paulo a
atravessou (At 15,3).

FESTA

Israel conhece várias festas religiosas:

Festa da Lua Nova, que marcava o início do mês (1Sm 20,5-26; Ez 46,1-7; Nm 28,11-14;
Ne 10,33-34; Gl 4,10; Cl 2,16-20).

O dia festivo semanal era o Sábado (Ex 16,4-36; 20,8-11; Is 56,1-6; 58,13-14).

A Festa dos Tabernáculos era celebrada em ação de graças pela colheita das azeitonas e
das uvas (Jz 9,27; 21,19-24). Era chamada também “festa da Colheita”ou “Festa”(Ex 23,16;
34,22; Ne 8,14; Jo 7,11; cf. Lv 23,33-44 e nota; Dt 16,13-16; Lv 23,34-44); atinge em Cristo o
seu significado pleno (Jo 7,37-39; 1Cor 10,4).

A Festa das Semanas era celebrada após a colheita do trigo. É chamada “das
semanas”porque se fazia sete semanas após a festa dos Ázimos (Nm 28,26). É conhecida
também sob o nome de “festa da Colheita”(Ex 23,16) ou “festa das Primícias”da colheita do
trigo (34,22). Mais tarde recebeu o nome de Pentecostes (Tb 2,1; 2Mc 12,31s; At 2,1),
porque se celebrava cinqüenta dias depois da oferta do primeiro feixe de espigas de cevada
(Lv 23,9-14; Dt 26,1-11). Sendo de origem agrária, Pentecostes é uma festa alegre. Nela o
israelita agradecia a Deus pela colheita do trigo, oferecendo-lhe as primícias (primeiros
frutos) do que foi semeado nos campos (Ex 23,16; 34,22). Na época pós-exílica começou a
ser celebrada nesta festa a promulgação da Lei de Moisés (Lv 23,15-21 e nota). Na festa de

Pentecostes, após a morte de Jesus, a comunidade cristã, reunida no Cenáculo, recebeu

o dom do Espírito Santo (At 2,14). Ver “Páscoa”, “Sábado”, “Ázimos”.
FESTO

Foi procurador romano da Judéia depois de Félix (At 24,27) e morreu em 62 aC.

FILACTÉRIOS

Dt 6,4-9 e nota.

FILHO DO HOMEM

A expressão bíblica significa muitas vezes simplesmente “homem”, “criatura pequena,
frágil”(Sl 8,5; 51,12; Jó 25,6). O profeta Ezequiel é chamado pelo Senhor de “filho do
homem”, para acentuar a distância entre Deus e o homem (cf. Ez 2,1 e nota). Em Daniel a
expressão indica os israelitas (cf. Dn 7,13 e nota), “os santos do Altíssimo”(7,18s). Para
afastar as falsas esperanças de um messianismo político, Jesus aplicou esta expressão a si
mesmo. Deste modo sublinhava ao mesmo tempo sua fragilidade humana, enquanto Servo
Sofredor (Mc 8,31; 10,45; Is 53,10) e sua grandeza sobrenatural e gloriosa (Mc 8,38; 12,36;
14,62). Após a ressurreição14 a expressão “filho do Homem”foi entendida em sentido
messiânico (At 7,56; Ap 1,13).

FILHOS

São a honra dos pais (Pr 17,6; Sl 128,3): devem ser educados (Pr 22,15; Eclo 22,3; cf. Mt
11,16-19; Ef 4,14; Gl 4,1s); devem honrar os pais (Ex 20,12; 21,17; Dt 27,16; Eclo 3,3;
7,27s); devem obedecer-lhes (Dt 21,18-21; Pr 1,8s; Eclo 3,7s; Lc 2,51; Ef 6,1-3; Cl 3,20);
aceitar a correção (Pr 12,1; 13,1; Eclo 3,16; 20,5s; Lm 3,27; Hb 12,9); mostrar gratidão (Tb
4,4; 9,4; Pr 10,1; 23,22; Eclo 3,11s). Ver “Adoção”.

FILIPE

Há vários personagens bíblicos com este nome:

1. Filipe, rei da Macedônia, pai de Alexandre Magno (1Mc 1,1; 6,2);
2. Filipe III da Macedônia (1Mc 8,5), derrotado pelos romanos em 197 aC;
3. Filipe, amigo de Antíoco Epífanes (1Mc 6,14-63; 2Mc 9,29; 13,23);
4. Filipe, filho de Herodes o Grande e Cleópatra, tetrarca da Ituréia e Traconites (Lc 3,1), do
ano 2 a 34 dC; ao morrer, sua tetrarquia passou ao controle da província romana da Síria;
5. Filipe, filho de Herodes com Mariamne II. Era casado com Herodíades, que o abandonou
para viver com Herodes Antipas (Mt 14,3);
6. Filipe, um dos apóstolos, natural de Betsaida (Jo 1,43-46). É mencionado na
multiplicação dos pães (6,5-7), como intermediário entre Jesus e alguns pagãos (12,21s) e
num diálogo com Jesus (14,8-10);
7. Filipe, um dos sete diáconos (At 6,5s), pregador do evangelho (8,5-13.26-40), visitado
por Paulo antes de ser preso em Jerusalém (21,9).
FILISTEUS

Povo não-semita (cf. 1Sm 17,26 e nota), proveniente de Cáftor, ou Creta (Dt 2,23; Am 9,7).
Invadiram a costa marítima de Canaã no séc. XII aC, pelo que depois esta região foi
denominada Palestina. Oprimiram Israel na época dos juízes (Jz 14–16) e de Saul. Mas Davi
os subjugou (2Sm 5,17-25). Com a divisão do reino (931 aC) tornaram-se praticamente
independentes e no tempo dos Macabeus desapareceram como povo.

FIM DO MUNDO

Ver “Parusia”.

FINÉIAS

Sacerdote da família de Aarão. Por ter-se mostrado zeloso pela pureza religiosa e racial de
Israel nos campos de Moab (cf. Nm 25,8 e nota), recebeu a garantia de um sacerdócio
permanente para seus descendentes.

FIRMAMENTO

O céu era imaginado como uma abóbada consistente, na qual Deus pendurou as luminárias
(sol, lua e estrelas: Gn 1,14-18). Ver “Céu”.

FOGO

O fogo é símbolo da majestade e da força divina (Dt 4,24; Is 33,14; Sf 1,18). Deus apareceu
a Moisés na sarça ardente (Ex 3,2), manifestou-se como fogo no Sinai (19,18). O fogo
purifica e limpa o impuro (Lv 1,9; 10,2; Nm 11,1-3; Is 1,25; 6,7; Mt 7,19; 13,40-42; Jo 15,6).
Por isso a ira divina é representada pelo fogo que pune os maus (Gn 19,24s; Sl 50,3; Mc
9,49). Jesus compara a punição definitiva dos maus com o fogo que não se apaga (Mt 18,8;
25,41); mas também a virtude renovadora do Espírito Santo é um “batismo de fogo"(Mt 3,11;
At 2,3).

FORNICAÇÃO

Ver “Adultério”.

FORTALEZA

A nossa força vem de Deus (Dt 8,17; 32,27; Jr 9,22; 1Sm 14,6; Ez 30,6; Lv 26,19; Am 6,13;
Jz 7,2; At 6,8s; Rm 8,31; 1Cor 16,13; Ef 6,10; Fl 4,13; 1Jo 2,14).

Só ele é onipotente. Manifestou o seu poder na criação e na libertação do Egito (Sl 74,1314;
Jó 25,1-6; 26,5-14; Jr 27,5; Sl 106,7-12; Ex 15).

No combate escatológico, Deus manifesta a sua força (Hb 3; Ap 20,9-13; Is 51,9-11; Jr
50,33s). Manifesta-se ao realizar a obra da salvação, ressuscitando a Cristo (Lc 1,37; Mt
19,26; Ef 3,20-22; At 5,29-31).

Cristo recebeu plenos poderes (Mt 28,18). Os apóstolos devem também ser revestidos da
força do Alto (At 1,8; Lc 24,49).

FRUTOS

Ver “Boas Obras”.

LETRA G


GALAAD

Originariamente era o nome de uma montanha ao sul do rio Jaboc, na Transjordânia (Gn
31,47s). Depois passou a indicar a região ao norte e ao sul do Jaboc, inclusive a de Mádaba
(cf. Nm 32,1 e nota). Outras vezes pode ser o nome do filho de Maquir ou até de uma tribo
(cf. Jz 11,1 e nota).

GALÁCIA

Região do planalto central da Ásia Menor, onde se fixaram os celtas, que ali chegaram no
séc. III aC. Paulo visitou esta região durante sua segunda viagem missionária (At 16,6). Mais
tarde escreveu uma epístola à nova comunidade cristã dos gálatas. Ver a Introdução da
epístola aos Gálatas.

GALILÉIA

Região norte da Palestina, que formava junto com a Peréia o território administrado por
Herodes (4 aC a 37 dC). A população era formada sobretudo de judeus. Mas pela sua
mistura com pagãos e dialeto próprio (Mt 26,73) os galileus eram desprezados pelos judeus
como ignorantes e violadores da Lei (Jo 7,41; Mc 14,70). Cidades da Galiléia, como Nazaré,
Caná, Cafarnaum, Betsaida e Tiberíades, além do lago da Galiléia, são o cenário mais
familiar da vida pública de Jesus.

GAMALIEL

Famoso escriba e fariseu, neto de Hillel, que foi mestre de Paulo (At 22,3). Como membro
do Sinédrio conseguiu a liberdade dos apóstolos presos (5,34-39).

GEENA

Forma grega do nome geográfico hebraico “vale do Enom”, lugar situado aos pés de
Jerusalém, onde se sacrificavam crianças em homenagem a Moloc (2Rs 16,3; 21,6; Jr
32,35). Como punição pela idolatria, Jeremias anunciou que o vale seria um lugar
amaldiçoado (7,30–8,3). O vale tornou-se um símbolo da punição escatológica (Is 66,22-24).
Mais tarde tornou-se depósito de lixo de Jerusalém. No NT a geena é o símbolo da
condenação eterna dos pecadores (Mt 5,29; Mc 9,43 e nota). Ver “Inferno”.

GENTIO

Termo judaico e cristão para indicar aqueles que professam religiões não-monoteístas, isto
é, pagãos. A qualificação “gentio”distingue o “povo eleito”dos demais povos.

Esta separação dos judeus, que se consideram eleitos, dos demais povos constituiu um
problema sério para a admissão dos pagãos na Igreja. Muitos queriam que eles se
submetessem à Lei mosaica (At 15,1s; 10,1s; 21,17-21). Paulo, que se gloria de ter sido
chamado por Deus para pregar o Evangelho diretamente aos pagãos, reflete longamente
sobre a eleição dos gentios (Gl 1,15-16; Rm 9,24-26; 10,19-21; 15,7-13; 1Cor 1,26-31); por
isso é chamado “apóstolo dos gentios”(pagãos).

Certos textos dos evangelhos refletem os problemas entre os cristãos de origem judia e os
de origem pagã (Mt 1,1-16; 8,5-13; 11,20-24; 21,28-43; 2,1-12).

GION

Fonte aos pés da colina sobre a qual estava construída Jerusalém, no vale do Cedron, hoje
chamada pelos cristãos “fonte de Maria”. A fonte já dispunha no tempo dos jebuseus de um
sistema de captação, permitindo que por meio de um túnel e um poço a água fosse captada
sem precisar sair das muralhas. O rei Ezequias mandou construir um túnel de 550 m sob a
colina de Ofel (Is 22,9-11; 2Rs 20,20 e nota) a fim de conduzir a água da fonte para o interior
das muralhas, até a parte baixa da cidade, onde construiu a “piscina de Siloé”. Na descrição
de Ezequiel a fonte que nasce aos pés do futuro templo torna-se o símbolo da renovação
escatológica de Israel (Ez 47,1-12; Zc 14,8).

GLÓRIA

Em hebraico (kabod ), o termo significa aquilo que dá peso, torna importante e confere
estima, como a riqueza, o esplendor e o poder. Muitas vezes significa a manifestação
radiante da grandeza divina (Ex 24,15s; 29,43; Ez 1,28; 9,3). A glória de Deus enche o
tabernáculo ou o templo (Ex 40,35; 1Rs 8,11), manifesta seu poder e sua santidade nas
obras da criação (Sl 19,2), nos prodígios em favor de seu povo (Nm 14,22; Is 40,5). Jesus
possuía esta glória (Jo 1,14), que se manifesta nos milagres, no monte Tabor (Mt 17,2-8;
2Cor 3,7s; Jo 2,11) e na paixão (Jo 17,1; 12,23; 13,31-32). O cristão, pela esperança (Fl
3,21), dela participa já neste mundo.

GLOSA

Diz-se de um texto, em geral de poucas palavras, que não pertence à obra original do autor
mas foi acrescentado por outros (glosadores). A finalidade de uma glosa é explicar o texto
existente. Inicialmente as glosas eram escritas à margem do texto. Mais tarde os copistas as
introduziram no próprio texto. As modernas edições críticas dos textos originais, que são a
base para as traduções vernáculas modernas, procuram eliminar tais glosas.

GÓLGOTA

O termo aramaico significa “lugar do crânio”ou da caveira (em latim Calvaria, donde
“Calvário"); é o lugar onde Jesus foi crucificado (Mt 27,33; Jo 19,17). Era uma pequena
colina, fora dos muros de Jerusalém, onde os condenados eram executados.

GOMORRA

Cidade ao sul do mar Morto, destruída por Deus por causa da perversidade de seus
habitantes (Gn 19). Sua ruína, hoje encoberta pelas águas do mar Morto, é o símbolo do
juízo implacável de Deus (Is 1,9).

GOVERNADOR

Título dado no NT aos mais altos magistrados nos territórios ocupados pelos romanos. São
chamados também “procuradores” e administravam, em nome do imperador, territórios que
apresentavam dificuldades especiais. A Judéia foi administrada por tais governadores do
ano 6 a 36 dC e de 44 a 66 dC; os mais conhecidos são Pôncio Pilatos, Félix e Festo.

GRAÇA

Pode significar favor, benevolência, benefício. É a amizade de um poderoso. O rei concede
graça (Gn 30,27; 1Sm 16,22; 2Sm 14,22). Graça e também beleza e encanto. Esta noção
implica sempre uma nota de amor (Rt 2,10-13; Est 2,17; Ct 5,10-16; Lc 1,28-30).

Muitas vezes é a fidelidade de Deus, que perdoa e ama (Sl 51,3; 40,12; Is 63,7); o justo
encontra graça aos olhos de Deus (Gn 6,8; 18,3; Nm 11,11.15). A graça e a unção
repousam sobre o Messias (Jo 1,14; Lc 2,40.52; 3,22; Sl 45,3).

Graça é igual a tempo de graça, tempo de salvação, tempo messiânico (Jo 1,16-17; Rm
5,12-17; 6,14s; 3,23s; At 15,11; Hb 13,9; Tt 2,11s). Juntamente com a paz, a graça é um
bem messiânico (Rm 1,7; 1Cor 1,3; 2Cor 1,2; 1Pd 1,2; Cl 4,18; Hb 13,25; Ap 1,4; 22,21).

São chamados “graça”os dons do Espírito Santo (Rm 5,15s; 1Cor 7,7), especialmente a
salvação e a justificação (Rm 5,2; Ef 2,5). A graça supõe também a nossa cooperação (Mt
25,27s; 1Cor 15,10; 2Cor 6,1; 1Tm 4,14; Hb 13,9).

Maria está repleta de benevolência divina (Lc 1,28; cf. Rt 2,2.10.13; Est 2,9.15.17).

GRATIDÃO

Para com Deus (Dt 8,7-14; Sl 107,1; 116,12; Eclo 32,13; Ef 5,20; Cl 3,15; 1Ts 5,18); para
com o próximo (Pr 17,13; Eclo 29,15; 1Tm 2,1s; 5,4).

GREGO

Pessoa que pela educação se apropriou da língua e cultura dos gregos, independentemente
de sua nacionalidade; todos os demais são bárbaros (Jo 19,20; At 19,11; Rm 1,14). Havia
gregos simpatizantes com a religião judaica (Jo 12,20; At 14,1). Paulo prega o Evangelho
tanto a gregos como a judeus (At 17,4; 18,4; Rm 2,9s; 3,9), pois segundo o seu Evangelho
foi abolida a distinção entre judeu e grego (Gl 3,28; Cl 3,11). Ver “Pagão”.

GUILGAL

Lugar a leste de Jericó, onde foi erguido um monumento de pedra comemorando a
passagem dos israelitas pelo rio Jordão (Js 4,20). Guilgal tornou-se um santuário e serviu
como base para a conquista da Palestina (Jz 2,1; 1Sm 10,8; 13,8-15). Mas os profetas o

rejeitaram por se ter tornado um centro de idolatria (Am 4,4; Os 4,15; Mq 6,5). Havia outra
Guilgal, nas montanhas de Efraim, perto de Betel (Dt 11,30; 2Rs 2,1).

LETRA H


HADES

Nome grego para a morada ou região dos mortos, que corresponde ao hebraico Xeol
(abismo, ou infernos). O Hades é o lugar onde estão reunidos todos os mortos, com
repartições para bons e maus (Mt 12,40; At 2,27; Ap 6,9). O Hades terá fim com a
ressurreição dos mortos (Ap 20,14s): os bons irão para junto de Deus e os maus para a
geena, ou sofrimento eterno (Mt 25,46; Ap 19,20). Ver Sb 16,13; Br 2,17 e notas.

HASMONEUS

Nome dado à família e à dinastia dos Macabeus (167-63 aC). A origem deste nome é
discutida: pode vir do apelido dado por Flávio Josefo ao avô de Matatias, ou do nome de um
de seus filhos, Simão.

HEBRON

Antiga cidade de Judá, ao sul de Jerusalém (cf. 2Sm 2,1 e nota). Fundada sete anos antes
de Tânis, teria sido habitada pelos gigantes enaquitas (Nm 13,22; Js 11,21-23 e notas).
Abraão comprou ali um campo com uma gruta, que se tornou o túmulo dos patriarcas (Gn
23; 25,7-11; 35,27s). Em Hebron estava o santuário patriarcal de Mambré (13,18). Mais
tarde Hebron tornou-se cidade de refúgio (Js 20,7); Davi reinou ali durante sete anos, antes
de se apoderar de Jerusalém (2Sm 5,4-9).

HERANÇA

No sentido em que nós entendemos a palavra, o israelita herdava a propriedade de seu pai
(Lv 25,46). Mas a palavra hebraica “herdar”(nahal ) tem um sentido mais amplo que em
português. Israel recebe como herança Canaã, que é propriedade do Senhor (Js 22,19),
prometida aos patriarcas (Gn 12,7). Canaã e o povo de Israel são herança de Deus, sem
que ele os tenha recebido de outrem (Ex 15,17; Dt 9,26-29). O sacerdócio é a herança da
tribo de Levi (Js 18,7). Quanto à legislação sobre a herança, que passa de pais a filhos, ver
Nm 27,1-19 e Dt 21,15-17.

No NT, além de seu sentido comum, o termo “herança”assume um novo significado, porque
a relação entre Deus e os homens é vista como a existente entre pai e filho. Cristo é o
herdeiro de Deus (Hb 1,2) e os cristãos, como filhos de Deus, são “co-herdeiros de
Cristo”(Rm 8,17; Gl 3,29). Este direito de herdar, recebido no batismo (1Pd 1,3-5), é
garantido pelo Espírito Santo (Tt 3,5-7).

HERESIA

No AT existiam falsos profetas (1Rs 18,19-40; Jr 23,13; 1Rs 22,1-22). Eram os que
recomendavam meios humanos e estavam dominados por vícios; eram “cães
mudos”perante as injustiças (Is 28,7-22; Jr 14,13-16; 23,9-40; Mq 3,5-11; Sf 3,4; Is 56,10).

No NT aparecem também irmãos que se separam da comunidade levados por doutrinas
estranhas a ela (1Jo 2,19; 2Cor 11,1-15; Ap 2,20-23).

Deus permite o aparecimento de hereges para a provação dos fiéis (Mt 24,5; Jo 5,43; 2Tm
2,16-18), que os devem evitar (Dt 13,2-6; Jr 23,16; Mt 7,15s; Rm 16,17; 2Ts 3,14s; 2Tm 3,5;
Tt 3,10s; 2Jo 10-11).

HERMON

Montanha de 2.814 m de altura, coberta de neves perpétuas, que forma a parte norte da
Palestina. Nela se venerava o deus Hermon (Baal-Hermon).

HERODES

No NT vários personagens levam este nome: Herodes o Grande (73-4 aC), filho do idumeu
Antípatro e de Kypros, filha de um rei árabe; foi nomeado rei da Judéia pelos romanos no
ano 40 aC. Foi um grande construtor: construiu as cidades helenísticas de Sebaste (antiga
Samaria), Cesaréia Marítima, Antipátrida e reconstruiu o Templo. Foi um eficiente
administrador, mas muito cruel; por isso, e por ser amigo dos romanos e idumeu, era odiado
pelos judeus. Segundo Mt 2,16-18, massacrou os meninos de Belém. Ao morrer, dividiu seu
reino entre três de seus filhos: Arquelau, Antipas e Filipe, chamados também Herodes. Ver
“Agripa”.

HERODÍADES

Filha de Aristóbulo e Berenice, casada com Herodes Filipe, uniu-se ilicitamente com
Herodes Antipas. João Batista denunciou esta união e acabou sendo decapitado por causa
do ódio de Herodíades (Mt 14,1-12).

HERODIANOS

Gente da corte de Herodes Antipas, adversários de Jesus, ao lado dos fariseus (Mc 3,6;
12,13).

HIPOCRISIA

É o esforço por aparecer como bom, sem o ser verdadeiramente (Mt 6,2-5.16; 22,18; 23,1315.23-
29; 1Pd 2,1).

Paulo censura Pedro pela sua duplicidade de comportamento (Gl 2,13-16).

Jesus chama “hipócrita”ao povo que não conhece os sinais dos tempos (Lc 12,56; 13,15s).
O mesmo chama aos fariseus que davam mais importância às tradições humanas que à
vontade divina (Mt 15,2-7).

HITITAS (HETEUS)

População não-semita em Canaã (Gn 23,3; Ez 16,3), cuja relação com os hititas da Ásia
Menor é obscura. Podem ter emigrado para Canaã, provenientes de alguma parte do
império hitita, que conheceu dois períodos de expansão: entre 1750 e 1590 aC e entre 1450
e 1200 aC.

HOLOCAUSTO

É o sacrifício no qual, excetuando a pele (Lv 7,8), a vítima era inteiramente queimada ao
fogo, para a glória de Deus, senhor da vida (Ex 29,15-28; Lv 1,3-17; 1Sm 10,8 e nota). No
templo oferecia-se diariamente um holocausto pela manhã e outro pela tarde (Ez 46,13-15;
Dn 8,11; 11,31). Havia também holocaustos oferecidos por particulares: pela purificação da
mulher após o parto (Lv 12,6-8), do leproso curado (14,10-13) e do nazireu (Nm 6,10-12).

HOMICÍDIO

É crime proibido (Gn 4,1-14; 9,6; Ex 20,13; 21,12-14; Dt 32,39; Mt 5,21-26; Ap 21,8). Mas
há a legítima defesa (Ex 22,2; Dt 19,11s; Js 10,16-26; 1Sm 15,2s; 1Rs 20,42; Rm 13,3s).

No NT Jesus aponta para uma perfeição maior: evitar as mínimas ofensas que podem ser
um primeiro passo para levar ao homicídio (cf. Mt 5,22 e nota). O simples ódio ao irmão já é
homicídio (1Jo 3,15).

HONRAR

A Deus (Js 7,19; 1Sm 2,30; Ml 1,6; Jo 5,22s; At 12,23; 1Cor 10,31); a autoridade civil (1Sm
10,24; Rm 13,7; 1Tm 6,1; 1Pd 2,17); a autoridade eclesiástica (Eclo 7,31; Lc 10,16; Rm
13,4s; 1Tm 5,17-19); os pais (Ex 20,12; 21,17; Dt 5,16; 27,16; Eclo 7,27s; Mt 15,4).

HOREB

O monte onde Deus apareceu a Moisés na sarça (Ex 3,1-6), concluiu a aliança com Israel e
lhe deu a Lei, é chamado Horeb pelas tradições eloísta e deuteronomista; mas as tradições
javista e sacerdotal lhe dão o nome de Sinai. Sobre as tradições ver Introdução ao
Pentateuco .


HOSANA

Grito de alegria para saudar a Deus ou ao rei, que significa “salva, ajuda, por favor”. Era
usado nas festas (Sl 118,25s), como Páscoa e Tabernáculos. Jesus foi saudado com esta
aclamação ao entrar triunfalmente em Jerusalém (Mt 21,9.15).

HOSPITALIDADE

Virtude importante no mundo nômade (Gn 18,1-8; 19,1-8; Jz 19,16-24; Nm 35,9-34), um
verdadeiro mandamento (Dt 10,18s; Is 58,7; Mt 10,40-42), gesto de caridade cristã (Rm
12,13; 1Tm 3,2; Tt 1,8; Hb 13,2; 1Pd 4,9; 3Jo 5-8).

Havia ritos de acolhida, com oferta de pão e vinho (Gn 14,18-24), ação de lavar os pés
(Lc 7,36-46; Jo 13,1-15; 1Tm 5,10).

Acolher o pobre e o pequenino, os apóstolos e a Palavra, é acolher a Cristo (Mt 25,35; Lc
9,1-6.46-48; Gl 4,14; 1Ts 1,6).

Cristo experimentou a hospitalidade humana: em casa de Simão Pedro (Lc 4,38), em Caná
(Jo 2,2), em casa de Zaqueu (Lc 19,1-10), em casa de Lázaro, Marta e Maria (Jo 12,2-3; Mt
21,17), em casa de Simão (Mt 26,6-7), em casa dos discípulos de Emaús (Lc 24,29-30). Foi
também rejeitado pelo seu povo (Jo 1,11), pelos habitantes de Belém (Lc 2,7), pelos seus
conterrâneos (Lc 4,16-29; Mt 13,57s) e pelos samaritanos (Lc 9,53-56).

HUMILDADE

Não se identifica com a falta de caráter. Consiste em ter consciência das próprias
limitações, não apropriar-se dos dons, valores, qualidades, reconhecendo que tudo se
recebeu de Deus para o serviço de todos os irmãos (Jo 1,16; Lc 18,9-14; Mt 10,8; 1Cor 4,7;
Jo 3,27; Tg 1,17; 1Cor 12,25-27).

O orgulho é o vício oposto à humildade. É o pecado do ser humano (Gn 2,17; 3,3-6). É o
pecado capital dos pagãos (Is 10,13s; Gn 11,4-8; Sf 2,15).

Antíoco Epífanes encarna o orgulho dos poderosos (1Mc 2,49; 1,54-61). É o Anticristo (Dn
9,27; 11,31; 8,11; 2Ts 2,4; 1Jo 2,18; Ap 12,3s; 13,1-8).

Deus exalta os humildes e rejeita os soberbos (Lc 1,52s; Pr 29,23; 2Sm 22,28; Mt 23,12; Tg
4,6).

A humildade é condição indispensável para receber o Reino de Deus (Mt 18,1-5; 19,13s;
5,5; Sl 37,8-18) e para entender os mistérios do Reino (Mt 11,25; 1Cor 1,26-31).

Cristo, sendo Senhor, fez-se servo para curar o orgulho dos homens (Fl 2,5-11; Mt 20,28; Jo
13,12-16; 2Cor 8,9). Ele é manso e humilde de coração (Mt 11,29). Veja “Cristo, o Servo de
Javé”.

LETRA I


IDOLATRIA

Só o Senhor Deus de Israel deve ser cultuado. Todo outro culto é proibido e constitui
idolatria (Ex 20,3-6; Dt 5,7-10). Israel acreditou na existência de outros deuses (Jz 11,23s) e
se deixou seduzir pelo culto a deuses cananeus, assírios e babilônios (Nm 25,3; Jz 2,12;
1Rs 14,22-24; 2Rs 21,2-15). Os deuses e suas imagens (cf. Dt 4,15-24 e nota) são invenção
dos homens (Br 6; Rm 1,23) e um grave pecado (Sl 96,5; Sb 13,1-5; Rm 1,23-25; 1Cor
5,10s). Também a cobiça de riquezas é idolatria (Cl 3,5; Ef 5,5). Ver “Culto”e “Prostituição”.

IDUMÉIA

Nome greco-romano de Edom. O território, porém, só abrange a parte ocidental do antigo
Edom (a oriental pertencia aos nabateus) e o sul da Judéia, até Hebron. Pertencia à
tetrarquia de Arquelau e depois foi administrada pelos governadores romanos. Ver mapa
do NT.

IMAGEM

Cristo é a imagem visível do Deus invisível (Gn 1,26s; 1Cor 11,7; Sb 7,6; 2Cor 4,1-6; Cl
1,15). O cristão é imagem de Deus (2Cor 3,18; Cl 3,1-11; Rm 8,29; 1Cor 15,49). O homem e
a mulher são imagem de Deus (Gn 1,26s; 9,6; 5,1; 1Cor 11,7; Tg 3,9).

No AT é proibido fabricar imagens de Deus (Dt 4,9-28; 27,1-5; Ex 20,4). Entretanto, Deus
manifesta a sua glória, não através dos bezerros de ouro (Ex 32; 1Rs 12,26-33), nem de
outras imagens fabricadas pelos homens, mas através da criação (Os 8,5s; Sb 13; Rm 1,1923).


IMITAÇÃO DE CRISTO
O cristão deve assemelhar-se a ele (Mt 10,38; 11,29; 16,24; Jo 8,12; 12,26; 13,14-16; Fl
2,5; 1Pd 4,1; 1Jo 2,6; 3,16), a exemplo de Paulo (1Cor 4,16; 10,33; 11,1; Gl 2,19s; Fl 3,10s),
na esperança da recompensa (Mt 10,22; Jo 12,26; Rm 8,17; 2Tm 2,11s).

IMPOSIÇÃO DAS MÃOS

Na Bíblia, a mão significa poder (Ex 14,31; Sl 19,2; 1Rs 18,46; Ez 3,14; 30,21). O gesto de
impor as mãos criava uma relação especial entre o sujeito e o objeto da ação, comunicando-
lhe algo da força do agente (Lv 9,22; Lc 24,50). É sinal de consagração (Nm 8,10; Dt 34,9),
símbolo de identificação com a vítima do sacrifício (Lv 1,4; 3,2; 4,4). Servia assim para
transmitir a culpa (Lv 16,21) ou poderes (Nm 27,18-23); era usado para abençoar (Gn 48,1420),
curar doentes (Mt 9,18; Mc 8,23; Lc 4,40; 13,13), abençoar crianças (Mc 10,16).

Como Jesus, os discípulos também impunham as mãos para curar os doentes (Mc 16,18; At
9,12; 28,8), comunicar o Espírito Santo (At 8,17; 19,6) ou conferir um ministério ou missão
(At 6,6; 13,3; 1Tm 4,14; 2Tm 1,6s).

IMPRECAÇÃO (MALDIÇÃO)

Fórmula composta de palavras próprias para amaldiçoar. Os primitivos atribuíam a tais
fórmulas um efeito mágico: bastava pronunciá-las para se obter o resultado desejado. Israel
também conhece fórmulas de bênção ou maldição, mas o efeito é atribuído ao poder de
Deus (Gn 12,3). A maldição uma vez pronunciada deve se cumprir (Js 6,26; 1Rs 16,34; 2Sm
21,3 e nota). Mas Deus pode impedir que uma maldição seja pronunciada e transformá-la
em bênção, como no caso de Balaão (Nm 22,12; Dt 23,6).

Em alguns salmos o orante faz imprecações contra os que lhe causam sofrimentos (Sl 109;
129). Tais salmos devem ser entendidos no contexto e mentalidade daquele tempo. Jesus,
porém, proíbe amaldiçoar os inimigos ou perseguidores (Lc 9,51-56; 23,34); ao contrário,
manda amar os inimigos (Mt 5,44; Rm 12,14) para imitar a perfeição de Deus (Mt 5,45.48).

IMPURO

Ver “Puro-Impuro”e as notas de Lv 11,1-47 e 12,1-8.

INCREDULIDADE

De Israel (Nm 20,10; Dt 9,12-24; Os 10,2; 7,11s; Jr 2,4s).

Incredulidade frente a Jesus (Mt 11,20-24; 23,37s; 8,10; Lc 24,25.37-41; Mt 28,17; Mc
16,11-14).

A causa da incredulidade (Lc 16,27-31; Jo 3,19s; 5,44; 15,22; At 13,45s; Rm 10,14; 11,3033;
Fl 3,18s; 1Tm 1,13).

Israel não acredita em Cristo (Mt 21,42; 1Pd 2,4-7; Rm 9,2s; 11,13s; 1Jo 2,22s; 5,1-5; 5,10).
Explicação cristã deste fato (Jo 12,37-40; Rm 9,1s; Is 53,1.6.9; Mc 4,12).

Conseqüências da incredulidade (Mc 16,16; Jo 3,18; 12,48; Hb 11,6).

INFERNO

O termo latino significa “lugar inferior”, “abismo”. No AT conhece-se o lugar dos mortos
(xeol), uma gruta subterrânea. Para lá vão todos os mortos, bons e maus (Gn 37,25; Dt
32,22; 1Rs 2,6; Jó 10,21s; Sl 9,18; 31,18; Is 38,10.18).

Com o progresso da Revelação foi-se esclarecendo o destino dos bons e dos maus: os
justos ressuscitarão para a vida (Dn 12,2; 2Mc 7,9-23; Sb 5,15s; 6,18); os ímpios sofrerão
castigo (Is 50,11; 66,24; Sb 4,19) e ressuscitarão para o opróbrio (Dn 12,2; Is 50,11; Jt
16,17).

Na Bíblia aparece também a imagem da Geena, vale de Jerusalém, lugar de culto
idolátrico, lixeira da cidade, espécie de boca-do-lixo (Jr 7,30-32; 19,6; Is 30,33; Mc 9,43).

O termo xeol é traduzido na versão grega dos Setenta por Hades (Lc 16,23s; Ap 20,13s).

O Apocalipse fala-nos no “lago de fogo”, que é a segunda morte, no qual a morte e o hades
serão lançados (20,6.14; 21,8).

A descida de Cristo aos infernos significa a dimensão cósmica do mistério pascal. O
mundo era então imaginado como uma casa com três compartimentos: gruta subterrânea –
morada dos mortos: rés-do-chão –morada dos homens; primeiro andar –palácio de Deus.
Pela sua sepultura, ressurreição e ascensão Cristo penetrou em cada um destes três
lugares (1Pd 3,18-20; Ef 4,8-10; At 2,24-31; Rm 10,6s; 1Pd 4,5s). Esta “descida” é sinal do
triunfo de Cristo sobre a morte (Ap 1,18; 20,1).

Na mentalidade bíblica, as “águas inferiores”(infernais) combateram contra Deus na criação
(Jó 26,5-14; Mt 16,18). Por isso, o cristão, ao ser submergido nas águas batismais, ritualiza
a sepultura de Cristo, descendo com ele aos infernos (Rm 6,3s; Cl 2,12). Ver “Geena”,
“Abismo”, “Xeol”.

INIMIGOS

Devemos amá-los (Mt 5,23-48; Lc 6,35; Rm 12,14-21). Cristo e Estêvão perdoaram a quem
os matava (Lc 23,34; At 7,60). Ver “Amor”.

INSPIRAÇÃO

Ver “Bíblia”e “Revelação”.

INVEJA

É vício detestável, que torna a pessoa incapaz de se alegrar com um bem que é do outro
(Ecl 4,4; Sb 2,24s; Mt 20,9-15; Gl 5,26; Fl 1,15; 1Pd 2,1; At 5,17; Tg 4,1s). Dá origem a
contradições, ultrajes e perseguições (At 13,45-50; 17,5); tem como conseqüência a
violência (Gn 4,4; 27,41; 37,3-5; Pr 14,30; Mt 27,18; Tg 3,14s).

IRA

A ira do homem pode ser justa e sã (2Sm 12,5; Ex 16,20; 32,19-22; Nm 31,14; Lv 10,16; Mc
3,5; At 17,16). Normalmente é má (Pr 14,17; 29,22; 15,18; Jó 18,4; Mt 5,22; Cl 3,8; Ef 4,31;
Rm 12,19; Ap 11,18).

A ira de Deus é descrita no AT como ardor, fogo, tempestade (Sl 2,12; 83,16; Is 13,13;
30,27s; Jr 15,14; 30,23). Fala-se do cálice da ira divina (Is 51,17; Ap 14,10), que Cristo teve
de beber.

O dia do Senhor, anunciado para os tempos messiânicos, será um dia de ira (Am 5,18-20;
Sf 1,14-18; Ml 3,2s; Rm 2,5).

Paulo vê a imoralidade dos pagãos como um efeito da ira de Deus (Rm 1,24-28); esta
desencadeia-se também sobre Israel (Rm 11,25-32); “todos são por natureza filhos da ira”(Ef
2,3; Rm 3,25s).

IRMÃOS DE JESUS
Passagens (Mt 12,47; 13,55; Mc 3,31; 6,3; Lc 8,19; Jo 2,12). São parentes próximos (Gn
11,31; 13,8; 14,14; 16,12; 24,27; 31,23; Rm 9,3; Hb 7,5). Ver as notas em Gn 29,4.12 e Mt
12,46-50.

ISMAELITAS

Tribo de beduínos, descendentes de Ismael, filho de Abraão, e de sua concubina Agar (Gn
16,15s).

ISRAEL

Nome que Jacó recebeu depois que lutou com Deus (cf. Gn 32,23-33 e nota). O nome
passou aos seus descendentes e ao povo eleito.


LETRA J


JAFA (JOPE)

Antigo porto na costa mediterrânea da Palestina (Jn 1,3). Pedro ressuscitou ali Tabita (At
9,36-43) e teve uma visão que o levou a batizar a família do pagão Cornélio, em Cesaréia
Marítima (At 10–11).

JAVÉ

Nome do Deus de Israel, revelado a Moisés (cf. Ex 3,14 e nota), que os judeus evitam
pronunciar.

JEJUM

É a abstinência total ou parcial de comida e bebida, e às vezes de relações sexuais. Tinha o
caráter de auto-humilhação e acompanhava a oração. Era recomendada em grandes
provações (cf. Dt 9,18s; Ne 1,4; Jl 1,13s e nota), depois de um falecimento (2Sm 3,35) ou
para afastar calamidades (cf. Jn 3,8 e nota). A Lei mosaica conhece apenas um dia de jejum
oficial: o dia da Expiação (Nm 29,7; At 27,9). Após o exílio se introduziram outros dias de
jejum, comemorando calamidades nacionais (Zc 7,3-19).

Os profetas mostraram a inutilidade da prática do jejum quando não acompanhada da
conversão (Is 58,1-5; Jr 14,12). Por isso os fariseus, que jejuavam duas vezes por semana
(Mt 9,14; Lc 18,12), foram criticados por Jesus (Mt 6,16-18). Mas Jesus jejuou quarenta dias
(Mt 4,2) e incluiu a prática do jejum na vida normal da Igreja (Mc 2,18-20).

JERICÓ

A mais antiga cidade da Palestina, no vale do rio Jordão, 20 km ao norte do mar Morto, que
teria sido destruída por Josué (Js 6,1-10). Jesus hospedou-se ali na casa de Zaqueu (Lc
19,1-10).

JERUSALÉM

A teologia bíblica vê em Jerusalém uma cidade eleita por Deus (2Sm 5-7); torna-se um novo
Sinai (monte Sião) com uma nova Lei (2Rs 22; Sl 15,1-4; Is 2,3; Sl 68,16-18; 48,2-6); torna-
se o centro cultual de todas as tribos (Dt 12,1-14; 14,22-26).

Mas Jerusalém está longe de ser o ideal duma cidade celeste (Is 1,21-23; Jr 11,1-13; Ez 16;
23; Lc 19,41-47; 21,5-36; Mt 23,37-39); Deus pensa na construção de uma nova Jerusalém
(Ez 40–48; Zc 14,1s; Is 2,2-5; 60; At 2,1-11) que é Cristo e o seu Corpo que é a Igreja (Jo
2,18-22; 1Cor 3,16-17; Ef 5,22-30; Ap 21–22; Gl 4,22-31).

Os cristãos viram na queda de Jerusalém (Mc 13; Mt 24) a realização das convulsões
cósmicas anunciadas para os tempos messiânicos. Destruída Jerusalém no ano 70, os
cristãos vêem na Igreja a nova cidade de Deus (Gl 4,26; Hb 12,22; Ap 14,1 e 21,9-27).

Subia-se a Jerusalém em peregrinação porque era o lugar do sacrifício (Dt 12,1–13,14;
14,22-26) e da manifestação da glória de Deus (Sl 132,13-15; 134); é também a meta da
esperança escatológica; lá se reunirão todas as tribos e nações (Is 60; 35,6-10; Jr 31,12-14;
Ne 12,31-38).

Os evangelhos, sobretudo Lc 9,51s, organizam a vida de Jesus como uma subida a
Jerusalém (Mt 20,17-19; Mc 10,32-34). João escreve o seu evangelho como uma sucessão
de subidas a Jerusalém, prelúdios da última e definitiva (Jo 2,13; 5,1; 7,1-10; 10,22s; 11,55s;
12,12).

Entrada em Jerusalém : Os profetas anunciam a entronização do Rei messiânico no monte
Sião (Sl 2,6; 110,1-3; Mq 4,1-3; Zc 8,20-22; 14,16-19).

Os evangelistas narram a entrada de Jesus nesta cidade como a entronização do Rei
messiânico, pobre e humilde (Zc 9,9; Mc 11,1-7; Lc 19,28-35). Os cânticos e os ramos da
multidão são os próprios da Festa dos Tabernáculos que se realizava em setembro (Ne
8,14-18; Sl 118). Zc 14,21 anuncia que não mais haverá comerciantes no Templo. Ver
“Sião”.

JESUS CRISTO

Ver “Cristo”, “Messias”.

JOÃO

Há cinco personagens bíblicos com este nome que significa “ o Senhor é favorável”:

1. João Batista, filho de Zacarias e Isabel, precursor de Jesus (Lc 1,57-80). É de famíliaaristocrático-sacerdotal (Lc 1,5-7; 1Cr 24,10; Nm 18,9). É o novo Elias (Mt 3,1-3; 11,14 enota; Lc 1,17; Ml 3,1-2.23; Eclo 48,10). É o novo Samuel que deve ungir o Rei-Messias (Lc1,7.15; 3,21s; 1Sm 1,5-11 e 16,12s). É o profeta-monge, separado do mundo (Mt 3,1; 11,710).
2. João Apóstolo e Evangelista, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. A ele se atribui a autoria
do Quarto Evangelho, de três epístolas e do Apocalipse. Junto com Pedro e Tiago forma o
trio dos discípulos prediletos de Jesus (Mc 9,2; 14,33), chamados “colunas da Igreja”(Gl 2,9).
3. João Marcos, companheiro de Paulo e Barnabé na primeira viagem apostólica e autor do
Segundo Evangelho (At 12,12.25).
4. João Hircano (135-104 aC), terceiro filho de Simão Macabeu (1Mc 16,19-24).
5. João ou Jonas, pai do apóstolo Pedro (Mt 16,17).
JORDÃO

Rio formado por três nascentes (Bânias, Dã e Hasban) que jorram aos pés do monte
Hermon. Entra no lago de Genesaré (208 m abaixo do Mediterrâneo). Saindo do lago, atinge

o mar Morto (a 394 m abaixo do nível do mar), 110 km ao sul, depois de percorrer 320 km de
sinuosas curvas. No trajeto recebe alguns afluentes, como o Jarmuc e o Jaboc pela margem
oriental. Embora não muito largo, são poucos os vaus que permitem atravessá-lo a pé.
JUBILEU

Ver “Ano Jubilar”.

JUDAS

Há seis personagens bíblicos com este nome:

1. Judas, o terceiro filho de Matatias (1Mc 2,4), apelidado o Macabeu (maqqabah = martelo)
por causa dos duros golpes infligidos aos inimigos do povo de Deus (1Mc 3-6).
2. Judas o Apóstolo, identificado como Tadeu (Mt 10,3; Lc 6,16;).
3. Judas, “irmão de Jesus”(cf. Mc 6,3; Mt 12,46-50 e nota).
4. Judas, que morava em Damasco, com o qual Paulo se hospedou depois da conversão (At
9,11).
5. Judas Iscariotes, que traiu Jesus (Mt 10,4).
6. Judas o Galileu, que provocou uma revolta contra Roma (At 5,37).
JUDÉIA

Denominação helenística e romana para a parte da Palestina habitada por judeus. No NT
em geral é o distrito que, junto com a Samaria e a Iduméia, formava a província romana da
Judéia (Lc 3,1). A capital era Jerusalém, mas os governadores romanos moravam
habitualmente em Cesaréia Marítima (At 23,33). Ver mapa do NT.

JUIZ

Título dado aos líderes que libertaram Israel da opressão inimiga, ou o governaram entre
Josué (1200 aC) e o início da monarquia (1030 aC). Ver a Introdução ao livro dos Juízes e
as notas em Ex 18,13-27 e Jz 2,18.

JULGAMENTO (JUÍZO)

. As questões judiciais na sociedade israelita se resolviam diante de testemunhas (os
anciãos) ou eram levadas à decisão de um juiz (Dt 1,16s). Podia-se também recorrer a um
tribunal superior, seja ao templo (17,8-13), seja à decisão divina dada pelo ordálio (cf. Nm
5,11-31 e nota). O rei podia também julgar questões (1Rs 3,16-28). Para contornar os
abusos nos julgamentos (cf. Sl 58; 94) foram estabelecidas normas legislativas (Ex 23,1-9;
Dt 16,18s).

A ação de Deus na história é apresentada como um julgamento. Deus ora liberta seu povo
ora o pune por causa das infidelidades (Dt 32,36; Jr 30,11-13). O julgamento de Israel e das
nações se dará no dia do Senhor (cf. Am 5,18 e nota). No NT o julgamento é relacionado
com Jesus (Jo 3,17-21; 8,15; 12,31). O cristão deve viver na expectativa do julgamento do
último dia, que marcará o triunfo definitivo de Cristo (Mt 25,31; 1Ts 4,16; 2Ts 2,3-10). Ver
“Parusia”.

JUSTIÇA (JUSTO)

A justiça no AT não é apenas distributiva, que consiste em “dar a cada um o seu”(cf. Ex
23,6-8; Dt 25,15) ou cumprir os deveres cívicos, mas inclui também a perfeição moral
religiosa. Ser justo é não cometer maldade (Sl 15,2), agir de acordo com a vontade de Deus
(Gn 6,9; Ez 14,20; 18,5), respeitar o direito dos fracos e dos pobres (Is 28,6; Am 1,3–2,8;
5,7). Praticar a justiça é amar ao próximo (Mt 25,37.46; 1Jo 3,10). Sem a prática da justiça o
culto perde seu significado (Sl 50; Is 1,10-20; Eclo 34–35). Só conhece a Deus quem pratica
a justiça (Jr 22,16).

Deus é justo enquanto age de acordo com a sua própria natureza. Ele pune os inimigos do
povo eleito (Dt 33,21) e os pecadores de Israel (Am 5,20; Is 5,16), mas também é fiel às
suas promessas de salvação (Rm 1,17), tornando o homem agradável a Deus pela graça
(3,5.20-30).

No NT são chamados “justos”os que no AT esperavam o Reino, observando a Lei (Mt 1,19;
21,32; Mc 6,20; Lc 23,50; At 10,22.35). A justiça cristã é ainda conformidade com a Lei (Ef
6,1; Rm 2,12-14.25s; Mt 5,20–6,1; 23,4-7; Fl 4,8; 1Ts 2,10). Devido ao pecado, a Lei torna-
se insuficiente para conseguir a justiça (Rm 3,20s; 7,7-13; Gl 3,15-22).

Cristo é o único modelo desta justiça (Hb 1,8; 1Jo 3,7; 1Pd 2,21): realizando-a com a sua
morte e ressurreição (1Pd 3,18-22; At 3,15; Rm 5,18; 1Cor 1,30; 2Cor 5,21).

A justiça cristã torna-se assim um dom de Deus através de Cristo (Rm 3,21-31; 5,1-10; Fl
3,9), é um estado novo e permanente (Ef 4,20-24; 2,15), é uma participação na filiação
divina (1Jo 2,29; 3,7-10; Rm 8,28-30). O Espírito Santo substitui a Lei como princípio interior
de retidão: é a Lei da liberdade (Rm 8,2-11; Tg 1,25; 2,12). E um estado de santidade (Rm
6,19; 1Cor 1,30; Rm 1,17; Fl 3,9s). Esta justiça tem como fruto as “obras da luz”(Ef 5,9-11;
6,14-18; Fl 1,9-11; 2Tm 2,22).

JUSTIFICACÃO

Justificar é declarar alguém inocente (Dt 25,1; Is 5,23). O plano de Deus é justificar a muitos
homens por meio do sofrimento de seu Servo (Is 53,11). Jesus veio para justificar os
pecadores (Mt 9,13). A justificação se obtém não pelas boas obras mas pela fé em JesusCristo (Rm 3,21–4,25; Gl 2,15s; Ef 2,1-12). É um dom gratuito de Deus em Cristo (Rm 3,2325;
4,5-8; 5,9-11.18-21; Tt 3,7). É efeito da obediência, da morte e ressurreição de Cristo
(Rm 5,19; 3,24s; Gl 2,21). Supõe um ato de fé (Rm 3,26-30; 5,1; 10,6; Gl 2,16-21; 3,6-12) e
recebe-se no batismo (Tt 3,5-7; Rm 6,1-14; Ef 4,22-24). Justificado, o homem recebe o
perdão dos pecados e participa da vida divina pela graça.

LETRA L


LEI DE MOISÉS

Ou Lei de Deus (Js 24,26), é o conjunto das leis e prescrições religiosas e civis
colecionadas nos cinco livros de Moisés ( Pentateuco), atribuídos a Moisés. Estes livros, que
constituíam a parte básica da leitura e instrução nas sinagogas, contêm, além de coleções
(Ex 25–31; 36–40; Lv 1–16; 23–27; Nm 1–10; 17–19), alguns códigos mais amplos: Código
da Aliança (Ex 20,23-23,19), a Lei de Santidade (Lv 17–22) e o Código Deuteronômico (Dt
12–26).

Além destas leis escritas, os fariseus observavam a tradição oral, a Mixná, também
atribuída a Moisés.

Posição de Jesus perante a Lei de Moisé s: Jesus não veio para abolir a Lei de Moisés mas
cumpri-la no seu essencial (Mt 5,17). Observa a Lei (Jo 2,13; 5,1; 7,10; Mt 26,17-19; Lc 22,715).
Jesus, porém, além de criticar o abandono da Lei de Moisés por parte dos fariseus em
favor de suas tradições (Mt 15,2-9), contesta a própria Lei (Mt 12,1-8.9.14; Lc 13,1-17; Jo
5,9-12; Mc 1,41; 7,14-23; Lc 7,14; Mt 5,21-48). A atuação de Cristo frente à Lei é um esforço
por tirar as conseqüências da sua redução ao amor de Deus e do próximo (Mt 7,12; 22,3440;
Mc 12,28-34; Lc 10,25-29).

Posição de Paulo perante a Lei: A polêmica que aparece em At 7,1-53; 10,1–11,18 atinge o
seu ponto culminante com o apóstolo dos pagãos (Gl 1,16; At 15,1-33): somos justificados
não pelas obras da Lei mas pela fé em Cristo (Rm 3,20-28; Gl 2,16-21; 3,11). A Lei não
justificou nem a judeus nem a gentios (Rm 2,12-24). A Lei era transitória (Rm 5,20; 7,1-6; Gl
2,19; 3,13).

A Lei de Cristo (1Cor 9,21; Gl 6,2) é a “plenitude”da Lei mosaica (Rm 13,8-10). É a pessoade Cristo (Ef 4,20). É a lei do Espírito (Rm 8,2). É a lei da liberdade (Gl 5,1.13), a lei da fé(Rm 3,27). É o mandamento novo (Jo 13,34; 15,12; 1Jo 3,23).

Além da Lei de Moisés e da Lei de Cristo existe a Lei natural (At 14,16; Rm 1,19s; 2,14s).

LEITE E MEL

São produtos naturais da terra de Canaã, obtidos sem muito trabalho. Por isso a Terra
Prometida é descrita, em oposição ao deserto, como “terra onde corre leite e mel”(Ex 3,8;
Nm 13,27; Dt 6,3). Leite e mel simbolizam as bênçãos divinas da Terra Prometida. A
abundância de leite é sinal de prosperidade e riqueza e imagem da felicidade dos tempos
messiânicos (Jl 4,18; Is 55,1; 60,16).

LEPRA

Duvida-se que esta palavra nas traduções bíblicas indique a mesma doença que nós hoje
conhecemos por lepra ou “mal de Hansen”. De fato, “lepra”nas versões da Bíblia traduz o
termo hebraico sara‘at, que inclui qualquer doença de pele e mesmo manchas em paredes
ou roupas (cf. Lv 13–14 e notas).

Não se justifica, pois, pela Bíblia o ostracismo social em que nossa sociedade coloca os
“leprosos”(hansenianos). O motivo pelo qual na Bíblia se isola o “leproso”não é o medo de

um contágio por algum bacilo, mas o da impureza ritual ( puro-impuro). Cristo curou o
leproso tocando-o com a mão (Mc 1,40-45), sem temor algum de contágio ou impureza,
mostrando assim que a impureza que contamina é aquela que vem do coração (Mc 7,15-23).

A lepra (hanseníase ou hansenose) que nós hoje conhecemos é uma enfermidade crônica,
moderadamente contagiosa, com alterações principalmente na pele e nos nervos periféricos.
Primeiros sinais: manchas mais claras na pele que se caracterizam pela
“dormência”(insensibilidade à dor, ao frio e ao calor); aos poucos as inflamações nos nervos
periféricos vão produzindo deformidades nas extremidades (mãos e pés). Hoje a ciência
descobriu vários remédios que curam ou interrompem o processo da doença, sobretudo se a
assistência médica for logo procurada. Feito o tratamento adequado a pessoa pode voltar ao
seu trabalho e ao convívio familiar, sem perigo nenhum de contágio.

É, pois, um preconceito desumano, destruidor da fraternidade e nada cristão negar emprego
ou vaga na escola a um hanseniano, ou, pior ainda, rejeitá-lo do convívio familiar.

LEVIRATO

O termo vem do latim levir, “cunhado”. Normalmente o casamento entre cunhados era
proibido (Lv 18,16; 20,21). Mas a lei do levirato obriga o cunhado a casar-se com a cunhada,
quando esta ficou viúva sem ter tido um filho homem (cf. Dt 25,5s e nota). O primeiro filho
desta união era considerado filho e herdeiro do falecido. A finalidade principal de tal
matrimônio era conservar o nome do falecido e a propriedade dentro do clã (cf. Gn 38; Rt
4,3-5; Mt 22,24 e notas).

LEVITA

Na tradição israelita é um membro da tribo de Levi, o terceiro filho de Jacó e Lia (Gn 29,34;
35,22-26). Mas originariamente “levita”era alguém que exercia funções sacerdotais. Com o
tempo, todos os que exerciam funções sacerdotais foram identificados com a tribo de Levi.
Mais tarde, quando o sacerdócio de Jerusalém passou a ser considerado o único legítimo,
os sacerdotes que exerciam as funções fora de Jerusalém foram degradados à função de
auxiliares do culto (1Cr 23,4-6). Ver as notas em Nm 3,11-13; 8,10-12; 18,20-25.

LIBAÇÃO

Rito complementar de um sacrifício, que consistia em derramar azeite, água e vinho em
torno do altar (Gn 35,14; 2Sm 23,16; Dt 32,38). Paulo usa o termo em sentido figurado (Fl
2,17; 2Tm 4,6).

LÍBANO

Cadeia montanhosa ao norte da Palestina. O nome vem de laban, que significa “ser
branco”, e alude aos picos cobertos de neve (Jr 18,14).

LIBERDADE

Cristo nos libertou da Lei mosaica (Rm 6,17-23; 7,1-6; Gl 4,4-31; Lc 4,18s). Consiste na
libertação do pecado (Jo 8,31-36; Rm 6,22; Gl 5,1.13; Tg 1,25; 2,12; 1Pd 2,15s). Vem pela fé

em Cristo (Rm 6,17-23; Gl 4,21-30). Onde age o Espírito aí há liberdade (Rm 8,2; 2Cor
3,17); a liberdade tem limites (Gl 5,13-26).

LIBERTAÇÃO

Ação pela qual uma pessoa ou um povo são tirados da escravidão, tornando-se livres. No
AT o povo de Deus passou por duas experiências históricas de libertação: da escravidão do
Egito (cf. Ex 3,12; 19,1–24,11) e do cativeiro da Babilônia. No NT a libertação não é uma
experiência político-temporal, mas sobretudo espiritual. Só Cristo pode libertar a pessoa
humana (Jo 8,32-36; Rm 6,18-22) da Lei, do pecado e da morte (7,3-6; 8,2), para colocá-la a
seu serviço e ao de seus irmãos (1Cor 7,21s; 9,19).

LÍNGUA

É necessário dominá-la (Pr 25,28; Ecl 5,2; Mt 12,36; Ef 4,29; 5,3s; Cl 4,6; Tg 1,19.26; 3,212).
As más línguas (Sl 52,4; 57,5; 140,4; Pr 18,8; Eclo 9,18; 28,17-23).

Falar em línguas é um carisma. É a oração de louvor, dirigida a Deus em estado de
exaltação mística. Por ser incompreensível, necessita de um intérprete para ser entendidapela assembléia (1Cor 12,10-30; 13,1.8; 14). É um dom prometido aos discípulos de Cristo
(Mc 16,17), mas inferior à profecia. O fenômeno se realizou no dia de Pentecostes (At
2,3s.11.15).

LUA NOVA (NEOMÊNIA)

No calendário lunar a lua nova marca o início do mês; era considerada um dia santo. Nesse
dia não se trabalhava (Am 8,5), promoviam-se banquetes familiares de caráter religioso
(1Sm 20,5-26), ofereciam-se sacrifícios (Nm 28,11-15; Is 1,12s; Os 2,13), consultava-se a
Deus (2Rs 4,23) e o luto e o jejum eram interrompidos (Jt 8,5s).

LUGARES ALTOS

Ou “santuários das alturas”(em hebraico bamot ) designa santuários cananeus em geral
construídos numa colina, ou topo de um monte (Nm 33,52). Os israelitas praticavam o culto
em tais santuários antes da construção do templo (1Rs 3,2). Mais tarde, sobretudo com a
centralização do culto promovida pelo rei Josias (2Rs 22–23), foi proibida a freqüência aos
lugares altos (Dt 12,2-14), que foram destruídos e profanados (2Rs 23,5.19s). Ver “Festa”.

LUZ

Deus criou a luz natural, o dia, o sol, a lua e as estrelas (Gn 1,3.5.16-18). Em sentido
simbólico, a luz identifica-se com a vida (Jó 3,20; 38,15) e a proteção divina (Jó 29,3; Sl
27,1). A luz é o lugar da felicidade, da vida; as trevas, o lugar da infelicidade e da morte (Jó
30,26; Is 8,21–9,2) A luz simboliza a glória divina (Ex 13,21; Br 5,9), inacessível ao homem
(1Tm 6,16). A luz é símbolo de Cristo (Jo 8,12). Diante de Cristo que é luz é preciso optar
(Rm 13,12-14; Jo 3,17-21). Os homens são filhos da luz e filhos das trevas, cegos e videntes
(1Jo 1,5-7; 2,9s; Ef 5,7-18; Jo 12,36).

Os cristãos são chamados “filhos da luz”por terem recebido a graça e a luz da verdade,
que devem difundir pelo bom exemplo (Mt 5,14; Ef 5,8). A conversão é iluminação (Is 2,5; At
26,17s; 2Cor 6,14-16; Mt 5,13-16).

LETRA M


MACEDÔNIA

Região na costa setentrional do mar Egeu, habitada pelos macedônios, que corresponde à
metade da atual Grécia e Albânia. É a terra de Alexandre Magno (1Mc 1,1). Mais tarde,
como província romana, foi visitada por Paulo, na segunda e terceira viagens missionárias
(At 16,9-12; 18,5; 20,1-3).

MADIANITAS

Coligação de tribos árabes (Gn 25,2) cujas pastagens estavam ao leste do Golfo de Ácaba.
Às vezes penetravam até a planície de Jezrael (Jz 6–7) ou se empregavam como guias de
caravanas (Gn 37,28.36). Moisés casou-se com a filha de um sacerdote madianita (cf. Ex
2,15-21 e nota) e instituiu juízes a conselho do sogro (18,13-27). Mas houve também
choques armados com os madianitas, pouco antes de Israel entrar em Canaã (Nm 25,6-18;
31,1-12).

MÃE

Ver “Mulher”.

MAGOG

Filho de Jafé (Gn 10,2), antepassado dos povos do Norte que viviam junto ao mar Negro.
Nos textos apocalípticos simboliza os inimigos de Israel (Ez 38,2; 39,6; Ap 20,7-9).

MAGOS

Originariamente eram uma tribo meda, que desempenhava funções sacerdotais na religião
persa. Como tais sacerdotes se dedicavam à astronomia, astrologia e forças ocultas, mago
passou a ser sinônimo de feiticeiro (At 8,9-11; 13,6-8). Os sábios do Oriente que vieram
adorar o menino Jesus são chamados “magos”(Mt 2,1-12).

MAL

Problema do mal: Solução anterior à religião hebraica: dualismo, princípio do bem e princípio
do mal (Sl 103,5-9; Jó 26,12; Ap 20,1-13). Certos textos atribuem a Deus o mal (1Sm 16,1423;
Am 3,6).

Outra solução vê a causa do mal no pecado pessoal (Gn 3,16-19; 1Rs 8,33-46; Jr 4,1-22; Jó
4,6-5,7; Ecl 8,10-14). Esta solução é insuficiente pois muitos justos, sem pecado, sofrem (Ez
18,2-28; Jo 9,1-3).

Solução-compensação: os que sofrem nesta vida serão felizes na outra (2Mc 7,9-36; Sb
3,1-9; Lc 16,19-26; 6,19-26; 1Cor 15,1-34).

Outra solução faz do sofrimento um castigo educativo (Os 2,4-19; Jr 31,18-20; Dt 4,2532).


Ainda uma outra solução complementar das anteriores: o sofrimento expiação (Dt 8,2-6; Pr
3,11s; Jó 5,17-19; 33,19-28; 2Cor 5,1-5.18-21; Gl 3,10-13; Hb 2,9-18; 12,5-12; Rm 3,25s).

Cristo aceita livremente fazer-se instrumento de salvação dos seus irmãos pelo sofrimento
(Mt 20,17-28; 1Pd 2,21-25; Ef 5,1-9; Rm 8,18-21; 2Cor 5,1-5). Desde então o sofrimento de
cada homem participa no de Cristo (2Cor 6,1-10; Cl 1,24).

MALDIÇÃO
Ver “Imprecação”.

MANÁ

Nome de alimento miraculoso que sustentou a caminhada de Israel pelo deserto. Sobre a
origem e natureza do “maná”veja as notas em Ex 16,15 e Nm 11,7-9. O maná tornou-se
símbolo da providência divina, do alimento dos tempos messiânicos e da Eucaristia (Jo 6,31;
1Cor 10,1-22; Hb 9,4; Ap 2,17).

MANUSCRITO

Como a imprensa é uma invenção moderna (1450), os livros antigos eram escritos à mão,
donde “manuscritos”. Escrevia-se em tiras de couro ( pergaminho) ou papiro produzido no
Egito, que eram enroladas, formando um rolo, ou dobradas para formar um códice.

MÃO (DE DEUS)

Simboliza o poder soberano e terrível de Deus (Dt 3,24; Jó 19,21; 1Pd 5,6), que intervém
neste mundo (Sl 31,6-16) e domina a história dos homens (Ex 13,3.14; 1Sm 5,9; At 4,28-30).
O Pai entregou todo o poder nas mãos de Jesus (Jo 3,35; 13,3).

MARIA

Conhecem-se várias Marias na Bíblia: 1. Maria Madalena, curada por Jesus, que assistiu
sua morte e sepultura e o viu ressuscitado (Lc 8,2; 24,10; Jo 20,1.11.16).

2. Maria, mãe de Tiago Menor e José (Mc 15,47; Mt 27,56.61; Lc 24,10).
3. Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro (Lc 10,39.42; Jo 1,11-12,3).
4. Maria, mãe de Marcos (At 12,12).
5. Maria, uma cristã de Roma (Rm 16,6).
6. Maria, ou Míriam, irmã de Moisés (Nm 26,59).
7. Maria, mãe de Jesus (Mt 1–2; Lc 1–2).
MARIA (MÃE DE JESUS)

É a cheia de graça (Lc 1,28): Indica a beleza e a fidelidade da esposa (Eclo 26,13-15).

Maria, Filha de Sião : Os profetas convidaram a Filha de Sião a “alegrar-se”pela presença
do Messias (Sf 3,14-18; Zc 2,14; Is 12,6). Lucas (1,28-38) saúda a Virgem com um grito de
alegria. Em At 1,12-14, onde se narra o nascimento da “Nova Sião”(a Igreja), Maria
encontra-se presente.

Maria,a bendita entre as mulheres (Jz 5,24; Jt 13,17s; Lc 1,42). A aliança de Deus com
Abraão é fonte de bênçãos (Gn 12,2s; 13,16; 15,5; 17,2-6; 22,17). Deus abençoará o fruto
das entranhas daqueles que lhe são fiéis (Dt 7,12s; Lc 1,42).

Maria, Arca da Aliança : A expressão “o Senhor está contigo”(Lc 1,28) é uma fórmula da
Aliança. Deus está com Maria como esteve com Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, etc. (Gn
26,3.24; 31,3; Ex 3,12; 2Sm 7,9; Jr 1,6-8; Dt 20,1-4; Is 7,14; 41,8-14; 43,1-5).

Maria, mãe do Messias, Servo Sofredor (Gn 3,15-17; Is 7,14; Mq 5,1-15; Mt 1,23; Jo 19,2527;
Ap 12).

Cântico da Serva do Senhor: No Magnificat distinguem-se três coisas: o cântico de vitória e
de louvor (Lc 1,47-49); o cântico dos pobres de Javé (Lc 1,50-53); o cântico da Aliança com
Abraã (Lc 1,54s; Gn 15,5s; Hb 11,8-19).

MAR MORTO

Mar interno da Palestina, onde desemboca o rio Jordão. Suas águas contêm 25% de sais
minerais, não permitindo a existência de nenhuma forma de vida. Tem cerca de 80 km de
comprimento por 15 de largura e está a 394 m abaixo do nível do mar. Na parte sul do mar
Morto estavam, provavelmente, localizadas as cidades de Sodoma e Gomorra. A noroeste
do mar Morto, no deserto de Judá, foram descobertos antigos manuscritos da Bíblia,
relacionados com as ruínas do mosteiro de Qumrân.

MAR VERMELHO

Tradução grega da expressão hebraica “mar dos Juncos”(yam suf). Foi identificado, no
passado, com o Golfo de Suez ou o Golfo de Ácaba (Nm 14,25; 21,4; Dt 1,40), que teria sido
atravessado pelos israelitas a pé enxuto, depois de saírem do Egito. Hoje se admite que o
“mar dos Juncos”tenha sido uma pequena enseada do mar Mediterrâneo (mar Sirbônico), ou
a zona pantanosa do norte do Delta do Nilo (cf. Ex 10,19; 14,21-31 e notas).

MATEUS

Um dos doze apóstolos, identificado com Levi, filho de Alfeu, cobrador de impostos (Mt 9,9;
Mc 2,14). É considerado como o autor do Primeiro Evangelho. Ver a Introdução ao
Evangelho de Mateus.

MATRIMÔNIO

Tem dupla finalidade: a ajuda mútua (Gn 2,18-24; Tb 8,5-8; Eclo 40,23; 1Cor 7,1-9) e a
procriação (Gn 1,28; 9,1; Tb 8,9; Mt 22,24-28). A Lei permitia o divórcio (cf. Dt 24,1-4 e
nota) e a poligamia (cf. Gn 4,19 e nota); mas Jesus condena ambas as práticas (Mt 5,32;
19,9; Mc 10,2-10; Lc 16,18; Rm 7,2s; 1Cor 7,10s.39) e exalta o valor do celibato por causa
do Reino dos Céus (Mt 19,12; Lc 18,29).

Aliança entre Deus e Israel é comparada com a relação existente entre os esposos (Os 1–2;
Is 54,5-7; Jr 2,2; Ez 16,6-14; Sl 45; Ct 1,8). Deus é o esposo fiel e ciumento (Jr 31,3s; Ct 8,6;
Is 62,3-5).

Jesus se apresenta como o esposo da nova aliança (Lc 5,33-39; Jo 3,28-30; Mt 22,1-14;
25,1-13; Ap 19,7s; 21,1s).

Nesta linha, Paulo vê na união matrimonial um sacramento (sinal) da relação entre Cristo e a
Igreja (Ef 5,23-33).

MEDIADOR

É o intermediário entre duas partes que procuram entrar em acordo. As religiões sentem
necessidade de mediadores entre Deus e os homens. Moisés (Nm 14,13-20), os anjos, os
reis, os profetas e sacerdotes exercem esta função no judaísmo. As mediações do AT são
insuficientes (2Cor 3,6-9; Rm 7,7-13; Gl 3,10s; Hb 10,1-11) para colocar o homem em
comunhão com Deus. Jesus é o único verdadeiro mediador (1Tm 2,5; Hb 8,6; 9,14s),
solidário com os homens (5,7-9), pelo qual temos acesso ao Pai (9,11-25; 12,24).

MELQUISEDEC

Rei e sacerdote que ofereceu pão e vinho após a vitória de Abraão sobre os seqüestradores
de Ló (cf. Gn 14,18-20 e nota). É considerado uma figura de Cristo (Hb 5,6.10; 7,1-18),
eterno sacerdote.

MEMORIAL

É a parte dos sacrifícios de cereais que, com ou sem incenso, é queimada pelo sacerdote
no altar, em combinação com a oferta de comestíveis (cf. Lv 2,2 e nota), sendo o restante
reservado à manutenção dos sacerdotes. É, pois, a parte do sacrifício que pertence
exclusivamente a Deus: a oferta faz Deus lembrar-se do homem, ou leva o homem a
lembrar-se de Deus, a quem pertencem todos os sacrifícios.

MENTIRA

É proibida (Ex 23,7; Pr 12,22; Mt 5,37; 12,35-37; Jo 8,44; Ef 4,25; Cl 3,9); é perniciosa (Pr
19,9.22; Eclo 20,24-26; Ap 22,15); veracidade (Zc 8,16; Jo 1,47; Rm 9,1; 1Cor 13,6; Gl 1,20).

MERECIMENTO

Nosso (Eclo 16,14; Jr 25,14; At 3,12; 1Cor 3,3); de Cristo (Jo 1,17; 3,16s; 15,5.8; Rm 3,23s;
5,8-10.20; 6,23; Ef 1,2; Fl 2,8; Cl 1,14).

MESSIAS

É “o ungido”, o rei elevado à sua dignidade por uma unção com óleo (1Sm 10,1; 16,13; 2Sm
2,4; 1Rs 1,39). O termo é também aplicado a Ciro, rei dos persas (Is 45,1). Pela unção a
pessoa passa a gozar de uma relação especial com Deus e participa de sua autoridade (cf.
1Sm 24,7; 2Sm 1,14). O Sumo Sacerdote também era ungido para exercer sua função (Lv
4,3-16; 6,15). O termo “ungido”passou a designar o futuro rei (Dn 9,25s), descendente de
Davi, esperado pelos judeus (Mc 10,47s). Em grego, Cristo corresponde ao hebraico
“Messias”(Jo 1,41; 4,25), tornando-se um título de Jesus (Rm 1,1).

MIDRAXE

Exposição e ilustração da Sagrada Escritura, em uso no judaísmo, que visa aplicar o texto
para o momento presente, exortando a bem viver (cf. Ez 16; Is 60–62; Sl 78).

MILAGRE

Os judeus tinham um conceito de milagre bastante diferente do nosso. Todas as
manifestações de Deus, na natureza e na história, eram para eles maravilhosas (Sl 138,14;
Jó 5,9). Atribuem a Deus todos os acontecimentos, como a derrota dum inimigo, um vento
impetuoso, um rumor de passos (1Sm 14,22s.45; Gn 24,12-21; Ex 14,21-23; 2Sm 5,24). A
história do povo eleito, no seu conjunto, é um milagre (Ex 7,10-13; Ne 9,20s; 1Rs 18,18-40;
Is 7,10-14).

Também os magos faziam milagres (Ex 7,10-23; 8,1-15; 9,8-26; Nm 22–24). No entanto, os
milagres só são sinais de Deus se houver fé (Ex 7,3-9; Dt 4,34; 6,22).

A essência do milagre na Bíblia está em ser ele um sinal do poder e da misericórdia de
Deus (cf. Dt 13,2-6 e nota). O que importa é esta função de sinal e não o fato de estar acima
das assim chamadas “leis da natureza”. Aliás, o israelita não distinguia entre causalidade
natural e ação direta de Deus (Sl 19,1-7; 104; 135,6s; Jó 38). Por isso não distinguia entre
sinais “naturais”e “sobrenaturais”. Também os milagres de Jesus são vistos como sinais da
bondade divina, que provocam experiências de salvação (Mt 12,38s; Mc 8,11s) e levam a
crer na doutrina e na pessoa de Jesus (Jo 2,11.18.23). Os milagres são sinais do Reino de
Deus que vence a Satã (Mt 12,28; At 2,22; 10,38).

MILAGRES DE JESUS

–Cego: Mc 8,22.

–Cego Bartimeu: Mc 10,46.52; Lc 18,35.

–Cego de nascença: Jo 9.

–Criado do oficial romano: Mt 8,13; Lc 7,1s.

–Curas em massa: Mt 4,23; Mc 1,34; Lc 8,2.

–Figueira amaldiçoada: Mt 21,19; Mc 11,13.

–Filho do oficial romano: Jo 4,46.

–Hidrópico: Lc 14,2.

–Jesus aparece no lago de Tiberíades: Jo 21,1.

–Jesus caminha sobre as águas: Mt 14,25.

–Jesus envia o Espírito Santo: At 2,1s.

–Jesus passa incólume pelos inimigos: Lc 4,29s.

–Jesus passa por portas trancadas: Jo 20,19.

–Leprosos (dez): Lc 17,12.

–Mão seca: Mt 12,10.

–Mulher encurvada: Lc 13,11.

–Mulher que sofria de hemorragia: Mt 9,20; Mc 5,25; Lc 8,43.
–Multiplicação dos pães, primeira: Mt 14,19; Mc 6,43; Lc 9,12; Jo 6,10; segunda: Mt 15,32;

Mc 8,5.
–Orelha de Malco: Lc 22,50.

–Paralítico: Mt 9,2; Mc 2,3; Lc 3,18.

–Pesca milagrosa: Lc 5,5-10.

–Possessa, filha da mulher cananéia: Mt 15,22; Mc 7,24.

–Possessa, Maria Madalena: Mc 16,9; Lc 8,2.

–Possesso: Mc 1,23; Lc 4,31s.

–Possesso cego e mudo: Mt 12,22.

–Possesso, menino: Mt 17,14; Mc 9,16s; Lc 9,38.

–Possesso mudo: Mt 9,32; Lc 11,14.

–Possessos de Gérasa: Mt 8,28; Lc 8,30.

–Ressurreição: Mt 28,2; Mc 16,1; Lc 24,1; Jo 20,1.

–Ressuscita a filha de Jairo: Mt 9,25; Mc 5,41; Lc 8,54.

–Ressuscita Lázaro: Jo 11,1s.

–Ressuscita o jovem de Naim: Lc 7,11.

–Sogra de S. Pedro: Mt 8,15; Mc 1,31; Lc 4,38.

–Surdo-mudo: Mc 7,32.

–Tempestade no lago: Mt 8,24; Mc 4,37; Lc 8,22.

–Transfiguração: Mt 17,2; Mc 9,1s; Lc 9,28.

–Trevas na morte de Jesus: Mt 27,45; Mc 15,33; Lc 23,44.

–Vinho feito de água em Caná: Jo 2,1-11.

MINISTÉRIOS

Ver “Carisma”, “Bispo”, “Sacerdote”, “Diácono”.

MISERICÓRDIA

O termo hebraico “hesed ”(misericórdia) designa todos os laços que ligam os membros de
uma comunidade: favor, benevolência, afeto, bondade (Gn 20,13; 47,29; 1Sm 20,8-15; Sl
36,6-11).

No começo da aliança fala-se exclusivamente da misericórdia de Deus, no sentido de amor
gratuito (Dt 7,7-13; 9,4-6; Ez 16,3-14; 2Sm 7,12-15; Is 54,10; Dn 9,4).

Misericórdia de Deus é amor aos mais pobres, entre os quais sobressaem os pecadores (Is
14,1s; 49,13-15; Lc 10,29-37; Jo 10,1-21; Ex 34,6s; Is 27,11; 30,18; Lc 7,36-50; 15,1-32).

Esta graça e misericórdia de Deus corporizam-se em Cristo (2Cor 5,18-21; 8,9; Gl 2,21; Hb
2,5-13; Ef 2,4-7; Cl 2,13s; Tt 2,11; 3,4).

A misericórdia do homem, como resposta à misericórdia de Deus, é mais importante que os
atos de culto (Os 6,6; Mt 5,7; 9,10-13; 12,1-7; 23,23; Lc 10,29-37; 6,36-38; 13,6-9; 15,1-32).

MISSA

Ver “Eucaristia”.

MISSÃO

Deus enviou seu Filho a este mundo para salvá-lo e lhe dar a vida (Jo 10,36; 16,27s; 6,38;
Lc 4,18; 19,10). O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo (Jo 14,16; At 2,1-11). Jesus enviou
os apóstolos pelo mundo para continuarem a sua missão (Mc 3,13; 16,15s; Mt 10,1-42;
28,18s; Jo 20,21).

MISTÉRIO

No mundo grego “mistério”eram cerimônias religiosas secretas, nas quais tomavam parte
apenas pessoas iniciadas. “Mistério”tem o sentido geral de “coisa oculta, obscura, secreta”.
No NT o termo é usado não tanto no sentido de algo incompreensível à razão, mas como
revelação: “Mistério”são as ações de Deus para estabelecer o seu reino (Mt 13,35; Ap 10,7),
por meio de Jesus Cristo e da Igreja (Ef 1,9s; 3,1-9; Cl 4,3); é a sabedoria divina revelada
em Cristo (1Cor 2,7s; Cl 1,25-27; 1Tm 3,16), especialmente o plano de Deus, inacessível ao
homem mas revelado por Jesus Cristo, de salvar todos os homens (Rm 16,25s).

MOAB

Um dos filhos de Ló. A origem dos moabitas, descendentes de Moab, é descrita de modo
vergonhoso (cf. Gn 19,30-38 e nota), por causa de sua constante rivalidade com os israelitas
(Nm 22,1-4; Is 15; Jr 48; Ez 25,8-11). Ver “Amon”.

MOCIDADE

Idade das paixões (Sl 25,7; Ecl 11,9s; Jr 31,19; 2Tm 2,22; Tt 2,6); temor de Deus (Sl 119,9;
Ecl 12,1; Eclo 51,13-15; 1Pd 5,5); disciplina necessária (1Sm 2,26; Pr 1,8s; 4,1; Eclo 6,1820;
25,3; Lc 2,46; 1Pd 5,5).

MOEDA

Inicialmente as transações comerciais se faziam pelos sistemas de permuta de
mercadorias. Depois as mercadorias passaram a ser avaliadas por unidades de peso de
metal precioso (ouro ou prata). O costume de cunhar moedas, enquanto dinheiro garantido
pelas autoridades quanto ao peso e pureza do metal, foi introduzido no séc. VI aC pelos
persas. No tempo de Cristo circulavam na Palestina moedas romanas, gregas e locais,
cunhadas em ouro, prata e bronze. Sobre o tipo e valor das moedas, veja a tabela
específica.

MOISÉS

O nome é de origem egípcia (cf. Ex 2,10 e nota). Casado com uma madianita (2,11-22) ou
etíope (Nm 12,1), Moisés é apresentado na tradição bíblica como um homem de origem
israelita. É o libertador dos israelitas da opressão egípcia, promulgou as leis de Deus e
conduziu o povo a Canaã, mas morreu sem ali entrar. A ele se atribui a “Lei de Moisés”, um
cântico (Dt 32,1-43), uma bênção (33,1-29) e um salmo (90).

Para o judaísmo Moisés é o personagem mais importante da história da salvação, uma
figura do Messias (Dt 18,15-18). No NT é visto como mensageiro de Deus e mediador da
Lei, que recebeu no Sinai; é a testemunha e o modelo de fé (At 7,17-44; Hb 11,23-29). Mas
Jesus lhe é superior como chefe, redentor, legislador e profeta (Mt 17,3; Jo 1,45; At 7,35; Hb
3,2s). Ver “Lei de Moisés”.

MOLOC

Divindade cananéia a que se ofereciam sacrifícios humanos (Lv 20,5; 2Rs 16,3; 23,10).

MONTANHA

Em oposição ao Egito e à Babilônia, a Palestina é uma região de montanhas; por isso a
expressão “subir do Egito” ou “subir a Jerusalém”. Montanhas caracterizam a região da
Judéia, Samaria e Galiléia em oposição à planície costeira do Mediterrâneo.

A montanha é considerada habitação da divindade. Por isso os santuários se localizavam
muitas vezes no topo dos montes ( lugares altos).

Foi nos montes Sinai (Dt 33,2) e Tabor (Mt 17,1-8) que Deus se revelou. A colina de Sião,
sobre a qual estão Jerusalém e o templo, é a montanha “onde o Senhor habitará para
sempre”(Sl 68,17) e implantará seu reino escatológico (Is 2,2-5).

MORTE

É o destino universal do homem (Js 23,14; 1Rs 2,2; Ecl 12,7). A Escritura não reflete sobre
a morte como processo fisiológico. Mesmo quando diz “exalou o espírito”ou “Deus retira o
hálito de vida”não se refere à alma em sentido atual, mas à aparência externa da cessação
de respiração (Jó 34,14; Ecl 12,7; Mt 27,50; Lc 23,46; Jo 19,30).

A morte repentina e prematura é considerada efeito da ira de Deus (Jó 15,32; Sl 55,24; Nm
27,3), especialmente a morte dos pecadores (Sl 34,23; Pr 11,7; Eclo 41,1; Lc 16,22).

Deus é o Senhor da vida e da morte (1Sm 2,6; Jó 14,5). Esta aparece como hostil a Deus,
pertencendo ao império de Satã (1Cor 15,26; Ap 6,8; 20,12s; Hb 2,14).

A morte é vista como conseqüência do pecado (Gn 2,17; 3,19; Sb 2,23s; Eclo 25,24; Rm
5,12; 1Cor 15,21s).

O Xeol é o reino da morte, considerado como uma gruta subterrânea debaixo das águas do
abismo (Gn 37,35; 1Rs 2,6; Pr 9,18; Jó 10,21s).

No AT é difícil encontrar a idéia de uma vida para além da morte. Contudo, alguns textos
mais tardios falam duma futura ressurreição (Dn 12,2; 2Mc 7,9.11.14.23) e de uma vida junto
de Deus (Sb 5,15s; 6,18s).

No NT Cristo aniquilou a morte com a sua própria morte (Rm 5,6-8; 2Cor 5,14s; Gl 3,13; Cl
1,18). Descendo ao Xeol (1Pd 3,19; 4,6), recebeu as chaves do reino da morte (Ap 1,18), o
último inimigo a ser vencido (1Cor 15,25s; Ap 20,14).

O cristão, batizado em Cristo, deve morrer diariamente (Rm 6,11s; 8,10; 2Cor 4,7-12; 6,9).

MULHER

A condição social da mulher no AT é bastante má (Lv 27,3s; Gn 16,1-14; 30,1-4; 24,16-30;
Nm 27,1-10; Dt 22,23-29).

A literatura sapiencial reconhece-lhe, contudo, alguns valores (2Sm 11,1-5; Ez 24,15-18;
Eclo 36,23-27; Pr 5,15-18; 12,4; 31,10-31).

Certas atitudes de Cristo manifestam a vontade de libertar a mulher da sua condição (Lc
8,1-3; 10,38-42; Jo 12,1-8). Assim, as mulheres vão tomando importância no NT (1Cor 7,3-5;
11,11s; Jo 20,1-7; Rm 16,1s.6.12; At 5,14; 16,13-15; Fl 4,2s).

O Evangelho de Lc preocupa-se por dar relevo às mulheres na vida de Cristo (Lc 7,36-50;
8,1-3; 10,38-42; 18,1-6).

Proclama-se a igualdade radical entre homem e mulher (Gl 3,28; Gn 1,27), contudo, mesmo
no NT, em alguns aspectos, a mulher é vista à luz da sociologia judaica (1Cor 11,2-12;
14,34s; 1Tm 2,11s).

MUNDO

A palavra tem várias significações:

O universo, ou cosmo (Sl 24,1). A idéia que os escritores bíblicos tinham do mundo era a
dos homens de seu tempo. Concebiam-no como uma casa com três divisões: uma gruta o
Xeol ; um rés-do-chão –a terra firme, morada do homem, colocada sobre o grande abismo

(1Sm 2,8; 1Cr 16,30; Sl 24,2; Jó 38,4), apoiada em quatro colunas (1Sm 2,8; Is 24,18;
40,21; Jr 31,37; Mq 6,2; Sl 18,16; Jó 9,6), e coberta pela abóbada do firmamento (Gn 1,1418)
no qual Deus dependurou as estrelas (Gn 1,16; Js 10,12s; Eclo 46,4) e sobre o qual
havia um mar de águas doces (Gn 7,11; 8,2; Is 24,18; Ml 3,10); um primeiro andar –o céu, a
morada de Deus.

O judaísmo distingue o mundo presente, sujeito à corrupção, ao pecado (Is 13,11-13; Jo
14,27; 1Cor 1,20s), e o mundo vindouro que corresponde ao reino de Deus (Jo 13,1; 16,28;
1Cor 6,2).

Mundo é também tudo que se opõe a Deus e a Cristo (Jo 1,10; Ef 2,2). Deus, porém, ama o
mundo e enviou seu Filho para salvar a todos que nele crerem (Jo 3,16).

LETRA N


NABATEUS

Grupo de tribos do deserto, apegadas à vida nômade, talvez descendentes dos recabitas (Jr
35,1-11). Após a destruição de Jerusalém viviam espalhados na região de Petra, ao sul do
mar Morto. Mantinham caravanas de comércio entre a Arábia, a Mesopotâmia e o
Mediterrâneo. São mencionados várias vezes nos livros dos Macabeus. Quando S. Paulo
fugiu de Damasco, Aretas, um rei nabateu, controlava a cidade (2Cor 11,32).

NAÇÕES

O termo no plural designa os povos pagãos (ou os gentios), que não fazem parte do povo
eleito, judeu ou cristão (Dt 7,6; Jr 10,25; Mt 4,15; 1Cor 5,1; 1Pd 2,12). Ver “Gentio”.

NAZIREU

Pessoa consagrada a Deus. Em virtude desta consagração, tanto a mãe, durante a
gestação, como o futuro nazireu deviam abster-se de certos alimentos e bebidas, ou de
cortar o cabelo (Jz 13,4s). Sansão (13,4-7; 16,17), Samuel (1Sm 1,11) e João Batista (Lc
1,15) eram nazireus. O nazireato foi institucionalizado e regulamentado por lei (cf. Nm 6,1-21
e nota). No NT S. Paulo, junto com outros cristãos, faz um voto temporário de nazireato (At
18,18; 21,23-26).

NECROMANCIA

Ou evocação dos mortos, é uma prática que supõe a possibilidade de entrar em contato
com os mortos e de esses poderem comunicar mensagens do além, a até de aconselhar os
vivos em problemas difíceis. A prática era conhecida na Mesopotâmia, no Egito e em Canaã.
Apesar da proibição (cf. Lv 19,31 e nota), Saul recorreu à necromancia (cf. 1Sm 28,7-10) e
foi por isso punido (cf. 1Cr 10,13 e nota). Ver “Espiritismo”.

NEFTALI

Filho de Jacó e Bala, escrava de Raquel (Gn 30,7s), antepassado da tribo de Neftali (cf.
29,31–30,24 e nota), localizada na região mais tarde chamada Galiléia (Js 19,32-39; Mt
4,15).

NEGUEB

Deserto localizado ao sul da Palestina (Dt 1,7).

NEOMÊNIA

Ver “Lua Nova”.

NOIVO

No AT o noivo, ou seu pai, tinha que pagar o preço da noiva (mohar em hebraico) ao pai da
noiva ou ao seu substituto (Gn 34,12; Ex 22,15s; 1Sm 18,25). Este preço podia constar de
uma prestação de serviços (Gn 29; 1Sm 17,25; 2Sm 3,14) ou ser pago com animais (Gn
30,25-41). A partir deste momento o noivo tornava-se de direito o “senhor”(baal) da noiva.
Ver “Esposo”, “Matrimônio”.

NOME

Na concepção antiga o nome não apenas distingue uma pessoa da outra, mas exprime seu
caráter fundamental, sua personalidade, sua missão neste mundo (Gn 3,20; Mt 1,21.23). O
nome vale pela pessoa; onde está o nome, está a pessoa (Jr 14,9). Mudar o nome de
alguém é mudar a sua vocação (Mt 16,16-18). Dar nome a alguém é exercer certo poder
sobre ele (Gn 2,19-21). Pronunciar o nome de Deus sobre alguém é garantir-lhe a proteção
divina (Nm 6,27). Invocar o nome de Deus é prestar-lhe culto (Gn 4,26; 12,8), pois o nome
de Deus significa o próprio Deus. Por isso Deus “age por causa de seu nome”(Ez 20,14) e o
pecado pronafa o seu nome (Lv 18,21). Por respeito ao nome de Deus Javé (= Senhor em
nossa Bíblia), os israelitas não o pronunciavam e liam Senhor (escrito Adonai em hebraico)
em vez de Javé .

O nome de Jesus é usado e pronunciado com respeito pelos cristãos (At 3,6; Cl 3,17; Fl
2,10). O cristão se persigna “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”e reza no Pai-
Nosso: “Santificado seja o vosso nome”.

NOVO TESTAMENTO

Ver “Aliança”, “Testamento”.

NÚMEROS

Os números na Bíblia, além de seu valor aritmético exato, têm um valor simbólico. Assim,
por exemplo, sete significa um número elevado (sete dias, sete anjos, sete demônios,
perdoar sete vezes); 12 (tribos, apóstolos); 40 (dias de chuva, de oração no Sinai, de jejum
de Jesus, dias da Ascensão). Muitas vezes os números elevados na Bíblia são fruto do
exagero, próprio dos orientais (cf. Nm 1,21; Jz 16,27 e notas), para dar importância aos
fatos.

NUVEM

Em muitas religiões as nuvens pertencem à esfera do divino. Por isso são elemento
integrante das teofanias ou aparições divinas. A coluna de nuvens é a presença divina que
acompanha e protege os israelitas na saída do Egito (Ex 13,21). Nuvens envolvem o monte
Sinai (19,16) e uma nuvem envolve a tenda da reunião (Nm 9,15-23 e nota), a cena da
transfiguração e a da ascensão de Jesus (Lc 9,34; At 1,9). Quando Cristo voltar, na segunda
vinda, virá sobre as nuvens do céu (Mc 14,62).

LETRA O


OBEDIÊNCIA

Obediência de Cristo (Lc 2,1-5; Jo 4,34; 5,30; 6,38; Rm 5,19; Fl 2,5-12; Hb 5,8s).

Obediência dos cristãos (Mt 7,24; 17,5; Lc 10,16; At 4,19; 1Pd 1,22; Fl 2,3-5; At 5,29; Rm
1,5; 1Pd 5,5s; Cl 3,22-25).

OBLAÇÃO

Ver Lv 2,1 e nota.

OBLATOS

Ver Nm 3,6-10 e nota.

OBRA

No AT obras de Deus são a criação (Sl 104) e sua revelação, enquanto ele elege o homem
e age em sua história. No NT Jesus cumpre as obras do Pai, que são os milagres e a
salvação dos homens (Mt 11,2-19; Jo 17,4). As obras de Jesus revelam o Pai (14,9s).

As obras do ser humano podem ser boas ou más e se revelam pelo confronto com Cristo
(Jo 3,19-21; Ef 5,6-14). O que salva e justifica o homem não são as boas obras que pratica,
mas a fé em Jesus Cristo (Rm 3,27s; Gl 2,16). Mas a fé sem as obras é morta (Gl 5,14; 1Ts
1,3; Tg 2,14-26).

OCEANO

Ou “Oceano primordial”, “abismo (das águas)”é a massa de águas que, segundo a
cosmologia antiga, envolve a terra seca, e está debaixo da terra e acima da abóbada
celeste. No dilúvio foram abertas as fontes que controlam as águas das profundezas e as
comportas do firmamento do céu (Gn 7,11). Mas o Criador, que habita acima das águas, pôs
um limite para que as águas não voltassem a ameaçar as criaturas (Gn 9,11; Sl 104,3-9).

O Oceano, portanto, não é mais aquela força que nos mitos da Mesopotâmia (tiamat ) se
opõe a Deus: “Tudo quanto o Senhor quis ele o fez no céu e na terra, nos mares e em todos
os oceanos”(Sl 135,6). Ele controla a fúria do Oceano, punindo os inimigos e salvando o seu
povo (Ex 15,5.8). Ver “Abismo”.

OLHOS

São o espelho da alma (Eclo 13,25; 31,13; Mt 6,22; Lc 11,34). É preciso dominá-los (Jó
31,1; Sl 119,37; Mt 5,28s).

Exemplos (Gn 3,6; 39,7; 2Sm 11,2-5; Jt 10,17-19; 12,15; Dn 13,8).

OPERÁRIOS

Submissão (Mt 8,9; Rm 13,5; Ef 6,5-8; 1Ts 4,11; 1Tm 6,1s; 2Tm 2,24; Tt 2,9s; 1Pd 2,18s. –
O prêmio do operário (Eclo 10,27; Lc 12,43; Cl 3,22-24; 2Ts 3,10; 1Pd 2,18s). –Devem
defender seus direitos com prudência (Eclo 8,1-4; 1Cor 6,1-9; 1Tm 6,8; Tg 4,1). –O
sofrimento dos trabalhadores injustiçados é grande (Jó 24,1-12; Ecl 4,1-6; Mq 1,1s; Am 2,68).
Ver “Patrões”.

ORAÇÃO

Algumas orações do AT (Gn 18,23-33; Ex 15,1-18; Nm 14,13-19; 1Sm 1,11; 2,1-10; 2Sm
7,18-29; 1Cr 16,8-36; 29,10-20; 1Rs 8,23-53; 2Rs 19,15-19; Esd 9,6-15; 2Mc 1,24-29; Tb
3,1-6.11-15; 8,7-10; 13,1-18; Jt 9,2-18; Est 4,12-30; Jr 17,12-18; 20,7-18; 32,7-15; Dn 3,2645.52-
90; Jn 2,3-10; Hab 3,1-19).

Oração de Jesus (Lc 3,21; 5,16; 6,12; 9,29; 11,1; 22,32; Mc 1,35; 6,46; Mt 14,23; 26,36-46;
Jo 11,41s; 17,1-26). Jesus ensinou a orar (Lc 11,1-13; 18,9-14; Mt 6,5-13; 7,7-11; 18,20).

Oração da Igreja primitiva (At 2,42-47; 4,23-31; 12,5; 16,25; Rm 1,9; 1Cor 14,13-19;1Ts 1,2 ;
2Tm 1,3; Ef 5,20).

Oração de louvor (Sl 34,2; 117,1; Dn 3,51s; Lc 19,37s).

Oração de agradecimento (Sl 107,1; Ef 5,20; Cl 3,7; 1Ts 5,18).

Oração de petição (2Cor 1,11; Cl 1,9; 1Ts 1,2; 5,25).

Oração por si, sobretudo no sofrimento (Sl 50,15; 120,1; Mt 21,22; Tg 5,13).

Pelas autoridades e superiores (At 12,5; Ef 6,19; 1Tm 2,1-3; Hb 13,18).

Por todas as pessoas, sem distinção (Mt 5,44; Lc 6,28; Ef 6,18; 1Tm 2,1).

ORÁCULO

É a resposta recebida da divindade a uma consulta que o fiel fazia através de um sacerdote,
profeta ou vidente (Dt 33,8; 1Sm 9,9; 28,6), sobre o futuro ou o êxito de alguma iniciativa. A
expressão “oráculo do Senhor”, freqüente nos livros proféticos, caracteriza o discurso em
primeira pessoa, ou pronunciamento de Deus, do qual o profeta é o porta-voz junto ao povo.
Ver “Palavra”.

ORDÁLIO

Rito para provar, na falta de testemunhas, a inocência ou a culpa de uma pessoa. Ver
“Ciúme”e as notas em Ex 32,20 e Nm 5,11-31.

ORDENS SACRAS

Instituídas por Cristo (Lc 22,19); são conferidas pela imposição das mãos (At 6,6; 13,1-3;
14,22); conferem graças (1Tm 4,14; 2Tm 1,6).

ORGULHO

É o pecado de Adão (Gn 2,17; 3,3-6; Rm 5,19).

O orgulho insinua-se nas pessoas de todas as classes sociais (Dt 17,12-20; 18,20; 32,15;
Os 13,5s; Am 3,10-15; Mq 3,9-11; Is 3,16s; Jr 5,27s). O orgulho é o pecado capital dos
pagãos (Is 10,13s; Gn 11,4-8; Sf 2,15).

O Anticristo é a personificação do orgulho contra Deus (1Mc 1,59-61; 2,49; Dn 8,11; 9,27;
11,31; 2Ts 2,4; 1Jo 2,18; Ap 12-13; 17; 20).

O orgulho é natural ao homem (2Tm 3,2; Mc 7,22; 10,37; Lc 18,11; 1Jo 2,16); mas este deve
vencê-lo pondo-se ao serviço dos irmãos (Jo 13,12-17; Lc 1,48; 1Pd 5,5; Tg 4,6).

LETRA P


PACIÊNCIA

A paciência de Deus é um aspecto do seu amor (Ex 34,6; Jn 4,2; Jl 2,13). O nosso Deus é
um Deus de paz, de paciência, de consolação e de esperança (Rm 15,5.13.33).

Àqueles que se maravilham da demora da parusia, Pedro responde que Deus é paciente
porque espera a conversão dos pecadores (2Pd 3,4-9; 1Pd 3,20; Rm 11,25-27). A paciência
de Deus faz parte da sua pedagogia (Hb 12,5-7; Tg 1,12; Rm 5,3s; 15,4).

A paciência é uma virtude humana (Jó 2,10; Pr 3,11; 14,29; Eclo 2,13s) e cristã (Hb 12,1;
Rm 12,12; Tg 1,2-4; 2Cor 1,6; 1Pd 2,19s; 2Tm 2,10-12), que favorece a convivência com o
próximo (Pr 19,11; 1Ts 5,14; 1Pd 3,14-17).

PADRE

Ver “Sacerdote”.

PÃES DA PROPOSIÇÃO

Ou “pães sagrados”são os pães oferecidos cada sábado a Deus. Eram colocados sobre
uma mesa de ouro, que estava no recinto do templo (cf. Nm 4,7). Só os sacerdotes os
podiam comer (Ex 25,30 e nota; Lv 24,5-9; 1Sm 21,2-7; Mc 2,26).

PAGÃO
Do latim paganus, “camponês”, o que vive nas vilas do interior. Nome dado aos não-cristãos
que tiveram de retirar-se para o interior em conseqüência da expansão do cristianismo no
mundo romano. Na Bíblia “pagão”designa o não-judeu (Mt 5,47; 6,7), chamado também
gentio, em oposição ao povo eleito. Mesmo desconhecendo a Deus (Gl 2,14s) os pagãos
são guiados por ele (Is 45,14-25; Mt 8,10; At 14,16) e chamados à fé (Rm 9-11). Ver
“Grego”.

PAI

Pai terreno: A autoridade paterna é protegida pelo decálogo (Ex 20,12; Dt 5,16). Rebelar-se
contra o pai, maldizê-lo ou bater-lhe eram crimes castigados com a morte (Ex 21,15-17; Dt
21,18-21). A literatura sapiencial insiste no respeito aos pais (Eclo 3,1-16; Tb 4,3-5; Pr 1,8;
4,1; 6,20). Os pais, por sua vez, têm obrigações para com os seus filhos: devem amá-los
(1Sm 1,11-20; Mt 7,9; Lc 11,11; Tt 2,4); devem educá-los (Dt 6,20s; 32,46; Dn 13,3); vigiálos
(Eclo 26,10s; 42,9-11; 1Tm 5,8); castigá-los (1Sm 3,13; Pr 13,24; 22,15; 23,13s; Eclo
42,5), mas sem ira (Pr 19,18s; Eclo 20,2; Cl 3,21; Ef 6,4); devem dar-lhes o bom exemplo
(Ez 16,44; 2Mc 6,28; 7,20-22; 2Jo 4).

Jesus confirmou o sentido do quarto mandamento (Mc 7,10-13; 10,19; Mt 15,4-7).

As exigências do amor de Deus podem levar a renunciar ao amor paterno (Mt 8,21s;
10,37; 19,29; Lc 9,59s; 14,26).

Deus-Pai: No AT raramente se aplica a Deus o nome de Pai (Dt 32,6s; 2Sm 7,14; Sl 89,27;
Eclo 51,10). Jesus fala com freqüência de “ vosso Pai”, “teu Pai”, “vosso Pai do céu”e chama
a Deus pelo nome de “Pai”: quando anuncia o Reino de Deus (Mt 13,43; 20,23; 25,34; Lc
12,32); quando se refere à ação do Espírito (Mt 10,20), ao conhecimento de Cristo (Mt
16,17), à oração (Mt 18,19), à recompensa (Mt 6,1); quando insiste na Providência do Pai
(Mt 6,26-32; 10,29; Lc 12,30).

Cristo dá a Deus o nome de Pai (Mt 5,16.45.48; 7,21; 11,25; 24,36; Lc 10,22; Mc 13,32).
Revela a Deus como seu próprio Pai (Mc 14,36; Mt 7,21; 11,27; 16,27; 26,39; Jo 2,16; Lc
2,49).

Para Paulo Deus é o “nosso Deus e Pai”(1Ts 3,13; 2Ts 2,16; 1Cor 1,3; 2Cor 1,2; Gl 1,3; 4,6;
Ef 1,2; Cl 1,12s; Rm 8,15).

João penetra mais no sentido da paternidade divina ao dizer que o homem é “gerado por
Deus”(Jo 2,16; 3,3).

PALAVRA

Na Bíblia, “palavra”não é apenas a manifestação do pensamento ou da vontade, mas é algo
concreto que continua existindo, carregado com a força da pessoa que a pronuncia. Assim,
a bênção pronunciada sobre Jacó não podia ser revogada (Gn 27,35-37) e a maldição
proferida por Josué (Js 6,26) ou pelos gabaonitas (cf. 2Sm 21,1-14 e notas) continua agindo
muito tempo depois (1Rs 16,34).

A Palavra de Deus é eficaz na criação (Gn 1,1s; Sl 147,15-18; Mt 8,24-27; Jó 36,5-13; Is
44,26-28; 55,11; Sb 18,14-19).

A palavra é simbolizada no pão que um dia se converterá no pão da Eucaristia (Am 8,11; Ex
16,4-15; Dt 8,3; Mt 4,3s; Jo 6,28-51).

Cristo é a Palavra encarnada (Jo 1,1s; 8,31-47; 1Jo 1,1; Ap 19,11-16; Mc 13,31), que
continua a atuar na Igreja (At 4,29-31; Fl 1,12-14; Hb 13,7-9; Lc 10,16; 2Cor 2,14-16; 2Tm
4,1-5).

O mutismo dos profetas prova que Deus já não está com o seu povo (1Sm 3,1; Is 28,7-13;
Am 8,11s). A abundância da Palavra é sinal da presença dos tempos messiânicos (Jl 3,1s;
At 2,1-4). Por isso, se desata a língua de Zacarias e Cristo faz ouvir os surdos e falar os
mudos (Lc 1,64-67; 11,14-28; Mt 9,32-34; 12,22-24; Mc 9,17-27).

PÃO

Ver “Eucaristia”.

PAPA

Ver “Pedro”.

PAPIRO
. Ver “Manuscrito”, “Códice”.


PARÁBOLA
É o desenvolvimento de uma comparação de dois termos, resultando numa narrativa. Por

exemplo, a comparação “A palavra de Deus é como a semente” foi desenvolvida na

parábola do semeador. A parábola é uma historieta inventada, mas baseada em fatos

corriqueiros da vida. Como na comparação, assim também na parábola os termos devem

ser tomados no sentido próprio. Na parábola, porém, o confronto não se verifica entre dois

termos, e sim entre duassituações. É desse confronto que se deve tirar o ensinamento, fim
principal da parábola.
Parábolas de Jesus:
-Administrador infiel: Lc 16,1-13.
-Amigo importuno: Lc 11,5-8.
-Avarento insensato: Lc 12,16-21.
-Bodas do filho do rei: Mt 22,1-14.
-Bom Pastor: Jo 10,1-16.
-Bom samaritano: Lc 10,30-37.
-Casa sobre rocha: Mt 7,24-27; Lc 6,47-49.
-Cem moedas de prata: Lc 19,11-26.
-Dez virgens: Mt 25,1-13.
-Dois devedores: Lc 7,41s.
-Fariseu e o cobrador de impostos: Lc 18,9-14.
-Fermento: Mt 13,33; Lc 13,20s.
-Figueira estéril: Lc 13,6-9.
-Filho fingido: Mt 21,28-32.
-Filho pródigo: Lc 15,11-32.
-Grande ceia: Lc 14,16-24.
-Grão de mostarda: Mt 13,31s; Mc 4,30-32; Lc 13,18-21.
-Grão de trigo: Jo 12,24.
-Joio entre o trigo: Mt 13,24-30.36-43.
-Juiz iníquo: Lc 18,1-8.
-Lavradores homicidas: Mt 21,33-46; Mc 12,1-12; Lc 20,9-19.
-Moeda perdida: Lc 15,8-10.


-Ovelha extraviada: Mt 18,12-14; Lc 15,1-7.
-Pai de família: Mt 13,52.
-Pérola preciosa: Mt 13,45s.
-Rede de pesca: Mt 13,47-50.
-Rei que vai guerrear: Lc 14,31-33.
-Rico avarento e o pobre Lázaro: Lc 16,19-31.
-Roupa velha: Mt 9,16; Mc 2,21; Lc 5,36.
-Semeador: Mt 13,1-9.18-23; Mc 4,3-20; Lc 8,4-15.
-Semente que cresce: Mc 4,26-29.
-Servo cruel: Mt 18,23-35.
-Servos inúteis: Lc 17,7-10.
-Servos vigilantes: Mt 24,42-51; Lc 12,35-48.
-Talentos: Mt 25,14-30.
-Tesouro no campo: Mt 13,44.
-Torre a ser construída: Lc 14,28-30.
-Trabalhadores na vinha: Mt 20,1-16.
-Videira e ramos: Jo 15,1-8.
-Vinho novo: Mt 9,17; Mc 2,22; Lc 5,37-39.


PARÁCLITO


Significa “advogado”, “consolador”. Termo com que João designa o Espírito Santo e sua
função em relação a Cristo e na Igreja (cf. Jo 14,16 e nota).

PARAÍSO

Termo grego que traduz o hebraico “jardim do Éden”, ou de delícias. É o símbolo da alegria
e da felicidade (Gn 2,15), da morada da divindade (Ez 28,12-19). No NT é o lugar onde se
espera viver a felicidade eterna com Deus (2Cor 12,4; Ap 2,7). Para o judaísmo era o lugaronde ficavam os mortos à espera da ressurreição (Lc 16,23; 23,43). Ver “Éden”.

PARTICIPAÇÃO

Herança comum, ou sorte comum que os cristãos terão com Cristo no fim do mundo (Mt
24,51; Lc 10,42; Jo 13,8; Ap 20,6; 21,8). Significa também ter comunhão ou parte em
alguma coisa. Os cristãos têm parte no Evangelho (Fl 1,5), no Espírito (2Cor 2,13), na
ressurreição de Cristo (1Cor 1,9). Esta participação na glória de Cristo supõe uma
participação na sua paixão (Rm 6,4-8; 8,17; Cl 2,12s; Fl 3,10). Pela Eucaristia o cristão

entra em comunhão com o corpo do Senhor sacrificado e pelo seu sangue derramado
entra em comunhão de vida com Cristo (1Cor 10,14-22; 11,17-29), garantindo para si a
ressurreição no último dia (Jo 6,48-58).

PARUSIA

Significa a entrada solene do rei na sua capital (2Sm 6; 1Rs 1,38-53; 2Rs 11,1-16).

No AT aparecem duas tendências: parusia futura –vinda do Rei-Messias (Zc 9,9s; Is 40,911);
outra, recordando que é Deus o Rei de Israel, anuncia uma vinda de Deus em pessoa
(Is 46,9-13; 52,7s; Zc 1,3.16; 2,9-13; 8,2s).

A entrada de Cristo em Jerusalém é narrada num contexto de Parusia (Mt 21,1-11). O
Batista é o arauto desta chegada (Mt 3,11s). Cristo, porém, diz que a hora de sua
manifestação não chegou (Jo 7,2-9; 18,35; 14,3).

Na linha da segunda tendência do AT, acima descrita, a vinda do Filho do homem é
apresentada com elementos divinos (Mt 16,27s; 24–25; Lc 21,25-33).

Textos relativos à Parusia gloriosa (1Cor 1,8; 15,23; 1Ts 2,19; 3,13; 4,15; 2Pd 1,16; 3,4.12;
1Jo 2,28). Veja “Dia do Senhor”e a nota em 2Ts 2,1-12.

PÁSCOA

Principal festa do judaísmo, que comemora a maravilhosa libertação dos hebreus do Egito,
pela passagem do mar Vermelho (cf. as notas em Ex 12,1–13,16; Lv 23,5-8; Nm 9,1-14). A
Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus no domingo após o dia 14 de Nisã, data daPáscoa judaica (Lc 24,1; At 20,7; 1Cor 16,2; Ap 1,10). É a memória do sacrifício de Jesus na
cruz, a nova vítima pascal (1Cor 5,6-8; 11,26), e de sua vitória sobre a morte pela
ressurreição. Ver “Festa”.

PASTOR.

A figura do pastor era muito familiar na Palestina e no Médio Oriente. Diariamente o pastor
sai com suas ovelhas para conduzi-las às pastagens ou, em determinados momentos, às
fontes. De tarde reconduz as ovelhas ao curral. Na literatura universal o pastor tornou-se a
figura do guia, político ou religioso, de uma comunidade. Em Israel os reis (cf. Ez 34,2-6 e
nota), os sacerdotes e os profetas são chamados pastores.

Diante da infidelidade destes pastores, Deus promete ele mesmo tomar conta de seu povo,
por meio do pastor fiel, o descendente de Davi (Jr 23,1-6). Jesus se apresenta como o bom
pastor, solícito pelas suas ovelhas a ponto de dar por elas a própria vida (Jo 10,1-18). Após
a ressurreição, Jesus constitui Pedro como pastor para tomar conta de seus discípulos em
seu lugar (21,17).

PATRÕES

Devem usar de justiça (Lv 19,13; Dt 5,12-14; 24,12-15; Tb 4,15; Eclo 34,26-27; Ml 3,5; Mt
7,2; 10,10; Rm 4,4; Tg 5,4); devem respeitar os direitos humanos (Lv 25,43; Eclo 4,30; Ef
6,9; Cl 4,1).


PAULO

Em hebraico Saulo, é um judeu de Tarso, da tribo de Benjamim, cidadão romano de
nascença (At 16,21.37s; 22,25-29; Fl 3,5). Perseguiu os discípulos de Jesus, mas depois
converteu-se (At 9,1-30), tornando-se o apóstolo dos pagãos. Empreendeu três grandes
viagens missionárias (At 13–14; 15–18; 19–21). A ele são atribuídas catorze epístolas,
havendo dúvidas quanto à autoria de algumas, como as epístolas aos Efésios, a Timóteo, aTito e aos Hebreus (ver as respectivas introduções ). É inegável a influência da doutrina de
Paulo nos outros escritos do NT e na vida cristã em geral.

PAZ

O conceito “paz”(xalom em hebraico) é muito rico na Bíblia. Ter paz é ser completo, inteiro;
é gozar de prosperidade material e espiritual; é manter boas relações entre pessoas,
famílias e povos. Paz é o oposto de tudo quanto perturba a prosperidade e as boas relações.
É um dom de Deus, concedido a Israel em virtude da aliança (Nm 25,12; cf. 6,22-26).

Quando Israel é fiel à aliança, goza de paz; quando é infiel, perde a paz, mas pode
recuperá-la pela conversão (Lv 26). Em meio a tantas guerras, os profetas anunciam a paz
para os tempos messiânicos, paz entre Deus e os homens, e entre os homens e animais (Is
2,2-4; 9,5s; 11,6-9; 60,17s; Os 2,20; Am 9,13s; Zc 8,9-13).

Para haver paz é preciso que haja fidelidade à aliança e justiça entre os homens (Sl 72,3-7).
Cristo veio a este mundo para trazer a paz (Lc 2,14; 8,48; Mc 5,25-34), e reconciliar os
homens com Deus (Jo 14,27; Fl 4,4-9; Ef 2,14-17). Unindo-se a Cristo, o homem participa
desta paz (1Pd 5,14). Por isso o cristão deve não só desejar aos outros esta paz (Lc 10,5),
mas promovê-la efetivamente (Mt 5,9).

PECADO

O primeiro conceito de pecado está ligado à violação de um tabu (Js 7,24-26; 9,20; 1Sm
15,3-32; 2Sm 1,14s; 6,1s).

No AT o pecado está ligado à relação do homem com Deus. O pecado implica em
infidelidade à aliança, em traição ao amor de Deus, em separação da comunidade. Para
Jesus, pecador é quem não observa a vontade de Deus expressa pela Lei (Mt 9,13; 19,1729).
Jesus denuncia o pecado, mas é amigo dos pecadores (Mt 11,19; Lc 15,1s) e lembra
que Deus está pronto a perdoar (Lc 11,4; 15,1-34; 18,13).

O pecado é a tentação do ser humano de dominar a Deus (Gn 3,1-19; Eclo 3,26-29; 10,12s;
Jó 21,14-16; 22,17s; 1Sm 2,1-10).

O pecado é uma desobediência a Deus, um atentado contra o amor de uma pessoa (Dt
11,16; Dn 9,5-9; Is 50,1; Os 2,4-9; Jr 3; Ez 16; Tg 4,4-10).

Paulo descreve a origem do pecado, mal que aflige a humanidade toda (Rm 1–5), mas que
encontra o remédio na redenção operada por Cristo (Rm 6–8). O pecado para ele é uma
escravidão à Lei e ao mundo (Rm 6,6; 7,5-23; Gl 4,3). Mas pela fé em Cristo e pela prática
do amor ao próximo o cristão fica livre de todo pecado (Rm 13,8-10; 1Cor 13,4-7).

Para João, o pecado por excelência é o “príncipe deste mundo”(Jo 3,19-21; 8,44; 16,11).

Do coração procede todo o pecado (Ex 20,17; Jó 31,4-37; Mt 12,33-37; 15,19s).

Cristo veio por causa dos pecadores, não por causa dos justos (Lc 12,1s; 5,32; 19,1-10; Mt
9,1-13).
Pecado original (Gn 3,1-24; 11,1-9; Rm 5,12-21; 1Cor 15,21s; Rm 3,23).

PEDRO

Recebe um novo nome que significa a sua nova função (Jo 1,41s; Mt 16,17s).

Ocupa o primeiro lugar como rocha da Igreja (Lc 6,14; 8,45; 9,32s; 12,41; Mt 16,13-20; Jo

21,15-17). É a primeira testemunha da ressurreição (At 1,15-20).

Pedro faz-se missionário (At 8,14-25; 9,32–10,48; Gl 2,8).
Os milagres proclamam a sua ação messiânica (At 3,1-8; 9,31-43).

Predição, pecado e arrependimento de Pedro (Mt 26,30-35; Jo 13,36-38; 18,15-27; Mt
26,69-75; Lc 22,54-61).

PEITORAL
Peça do ornamento do Sumo Sacerdote, vestida sobre o efod. Ver Ex 28,15-30 e nota.

PENITÊNCIA

É metanóia –conversão –mudança de vida (2Sm 12,14-23; Is 1,16-19; Jl 2,12-19; Ez
18,30s; 33,10s; Lc 13,4s; 24,46s; Mt 3,2.8; 11,21s; Lc 13,3; Ap 2,5; At 3,19; Ef 4,20-24; 1Jo
1,8-10).

A penitência deve ser interior (Is 58,5-7; Jr 4,4; 9,24s; Rm 2,29; Cl 2,11; Gl 5,6; 6,15), mas
manifesta-se também em ritos exteriores (Lv 4–5; 16,1-19; Nm 29,7-11; Lc 5,8; 18,9).

É uma virtude: Dt 4,9; Jó 42,6; Sl 51,10; Eclo 2,18; 1Cor 11,31; Cl 3,9.

O Batismo –sacramento da penitência ou da conversão: Batismo de João (Mt 3,6; Mc 1,4s;
Lc 3,3-14). Batismo cristão (At 2,38; 3,19; 5,31; 11,18; 17,30; 22,16; 26,20).

PENSAMENTOS

. Podem ser pecaminosos (Pr 6,18; Sb 1,3; Zc 8,17; Mt 15,19; Hb 4,12). É preciso evitá-los
(Sl 1,2; 39,4; 85,9; 119,92.97; Rm 1,19s).

PENTATEUCO

O termo vem do grego e significa “cinco rolos”, isto é, os cinco primeiros livros da Bíblia,
chamados também “Lei de Moisés”(2Cr 23,18) ou “Lei”(Ne 8,2). Os samaritanos
reconhecem apenas o Pentateuco como canônico. Ver Introdução geral .

PENTECOSTES

Ver “Festa”.

PERDÃO

O poder de perdoar é um poder messiânico, pertence ao “Messias-Juiz”(Is 33,24; Jr 31,34;
33,8; Ez 16,63; 36,25-33). Está ligado ao dom do Espírito (Ez 36,27; Is 11,1-3; Jo 20,19-23).
É um poder do Filho do homem (Mt 9,3-7; Lc 7,48s; cf. Dn 7,13s).

O perdão de Deus está subordinado à fé do pecador arrependido (Mt 9,1-8; Lc 5,17-26;
7,48-50; At 10,42s; 13,38; 26,18). Esta fé pode ser também a de uma comunidade (Mc 2,25).


O poder de perdoar dos ministros da Igreja (Mt 9,8; 16,19; 18,28; Jo 20,19-23).

Os cristãos devem ser portadores do perdão de Deus (Mt 5,23-26; 6,12-15; 18,21-25; Lc
11,4; 17,3s; 2Cor 2,5-11). Devem perdoar até aos inimigos (Eclo 28,1-7; Mt 5,44s; 6,12;
18,21s.35; Lc 6,36; 17,3; Rm 12,17-19; Ef 4,32; 1Ts 5,15; 1Pd 3,9; 1Jo 2,11).

PEREGRINAÇÃO

O Êxodo é uma peregrinação para a Terra Prometida, para o país da liberdade. As
peregrinações a Jerusalém situam-se neste movimento (Sl 48; 84; 121–122; Dt 16,16s; Lc
2,41). Também o regresso do Exílio é previsto como uma peregrinação processional (Is
35,6-10; 60; Jr 31,12-14; Ne 12,31-40).

A entrada dos pagãos na Igreja é descrita como uma peregrinação-procissão (cf. Is 60; Mt
2,1-12).

A procissão da Arca da Aliança (1Rs 8,1-4; Sl 131; 2Cr 5,2-5) renova-se com a subida de
Cristo a Jerusalém (Lc 2,22-51; 19,28-38).

Lc apresenta o ministério de Cristo como uma subida a Jerusalém (Lc 9,51-53; 13,22.33;
17,11; 18,31).

E a missão dos apóstolos é descrita como uma peregrinação da Palavra, de Jerusalém a
Roma (At 1,8; 8,1; 10,1-48; 11,19-21; 13,1-51; 27,1s; 28,30-31).

Também João constrói o seu Evangelho sobre as “subidas”de Cristo a Sião (Jo 2,13; 5,1;
7,1-10; 10,22s; 12,12). Mas, na sua última peregrinação Cristo deixa a cidade, caminhando
para a Cruz (Jo 19,16s).

A meta da nossa peregrinação é a Jerusalém celeste, onde Cristo está ressuscitado (Ap 7,111;
1Pd 2,11s; Hb 11,8-16). Por isso, Cristo e o cristianismo são “caminho”(Jo 14,4-6; At 9,2;
19,9.23; 22,4; 24,22).

PERFEIÇÃO

No AT: Gn 17,1; Lv 11,44; 19,2; 20,7.26; Nm 15,40; Dt 7,6; 18,13; Js 24,14.

A perfeição dos escribas e fariseus estava no cumprimento da Lei (Sl 119; Jó 1,1; Lc 1,6;
18,9-14; Jo 5,44; Rm 10,3s; Gl 3,10s).

A perfeição cristã está no amor que é Deus em Cristo (Mt 5,48; Lc 6,36; Cl 3,14; 1Cor
11,1; Fl 2,5-8; 1Ts 4,1-4; 1Pd 2,21-25; 3,18; 1Jo 3,24).

PERGAMINHO

Pele de cabra, ovelha ou de outro animal, que é raspada e polida para servir de material deescrita. O método de preparar o pergaminho foi inventado e aperfeiçoado na Ásia Menor,
graças a um boicote. O rei de Pérgamon (hoje Bérgama, na Turquia), Ecumênio II (197-159
aC), queria fazer da biblioteca real de 200.000 manuscritos a maior biblioteca do mundo.
Diante destes esforços, o rei do Egito boicotou a exportação de papiro, para salvaguardar a
primazia cultural de Alexandria. O novo material de escrita inventado em Pérgamon foi
chamado “pergaminho”. Em razão de sua durabilidade difundiu-se no mundo greco-romano.
Os mais antigos códices da Bíblia são de pergaminho. Ver “Manuscrito”.

PERSEGUIÇÃO

É a sorte dos profetas (1Rs 19,1-18; Jr 13-18; Is 28,9s; Lc 11,49s; Mt 22,6s; 23,34-39; At
7,51s).
Cristo é o Servo de Javé perseguido (Is 53; Sl 69; Mt 2,13-21; Mc 3,6.22; Lc 4,28-30; Jo

11,47-54; 16,1-4; Mc 14,43–15,47; At 8,26-35).
A perseguição é um exercício expiatório da Igreja (Fl 3,10; Rm 8,17; 1Pd 4,13); é a glória
dos discípulos de Cristo (Mt 5,10-12; 10,17-22; Rm 8,35; 1Cor 4,12; 2

1Cor 4,9; 12,10; 2Tm 3,12).

PERSEVERANÇA
A perseverança bíblica é a confiança em Deus e resistência ao mal (Sl 25,2; Eclo 22,18; Tg

5,10s).

O justo persevera, esperando a intervenção de Deus (Jó 6,8-13; 15,31; Mt 24,13; Mc 13,13).

Perseverança nas boas obras (2Cr 15,7; Eclo 2,16; 5,11s; Ez 33,18; 1Cor 15,58; 2Ts 2,2;

3,13; Tg 1,8).

Perseverança na fé (At 14,21s; 1Cor 16,13; Ef 4,14; 1Tm 1,19; Hb 10,38).
Perseverança na vocação (Pr 27,8; Eclo 11,23s; 1Cor 7,20; Hb 3,14; 10,23).
Perseverança na graça especial (1Cor 1,8; Ef 6,10; 1Ts 5,24).
Prêmio da perseverança (Mt 10,22; Rm 2,6s; 1Tm 3,16; Ap 2,10; 3,21).

PLENITUDE

A vinda de Cristo constitui a plenitude dos tempos (Gl 4,4; Ef 1,10).

Pela sua ressurreição, Cristo torna-se Cabeça da Igreja e do Universo (Cl 1,15-19; 2,9-15;

1Cor 15,20s; Ef 5,25; Cl 2,9; Jo 1,14).


A Igreja é a plenitude de Cristo (Ef 1,22s; 1Cor 12,6; 15,28; Cl 3,11).

Os carismas, a fé e a caridade tornam os cristãos participantes da plenitude de Cristo (Ef
4,11-13; 1,17-19; 3,17-19; 4,10-13).

A caridade é a plenitude de todas as virtudes (Rm 13,8-10; Ef 1,10; Cl 3,14).

POBRE

“Pobre”na Bíblia traduz o termo grego ptochós que, por sua vez, é a tradução de vários
termos hebraicos com conotações diferentes. Pobre pode significar alguém que é
dependente, está a serviço, perdeu a propriedade fundiária por causa da injustiça e
opressão; é também o fraco, sem peso social, o mendigo, o sem-teto, o indigente. O orante,
nos salmos de lamentação individual (veja Introdução ao Livro dos Salmos), apresenta-se
como “pobre e miserável”, isto é, injustiçado por sua fidelidade a Deus e totalmente
dependente de Deus, a quem implora auxílio.

Em Israel a propriedade tinha um fim eminentemente social. Por isso, a pobreza prolongada
é vista como fruto da injustiça, uma desobediência a Deus que leva à falência da sociedade.
O único proprietário da terra é Deus. Por isso o latifúndio de alguns, à custa da miséria de
outros, é intolerável.

Para combater a pobreza e a ganância, criaram-se leis sociais humanitárias:

a) a libertação, no sétimo ano, dos israelitas que caíram em servidão por causa de dívidas
(Ex 21,2);

b) no sétimo ano a terra não era cultivada pelos donos e as colheitas pertenciam aos pobres
(23,10s);

c) proibia-se a opressão e exploração dos pobres (22,22-26);

d) condenava-se a manipulação da lei em prejuízo dos pobres (23,6-9).

O próprio Deus se apresenta como defensor dos pobres e oprimidos, ele que libertou Israel
da opressão do Egito (22,21s; 23,9).

Os profetas Amós (2,7; 4,1; 5,11; 8,4), Isaías (3,14s; 5,8s; 10,2) e Miquéias (2,2; 3,2-4)
denunciaram a opressão dos pobres e miseráveis, pecado que levou à ruína do reino de
Judá (Ez 22,29).

No NT a mensagem de Jesus se dirige especialmente aos pobres (Mt 11,5; Lc 4,18).
Chama-os de “bem-aventurados”(Mt 5,3; Lc 6,20), mas critica os ricos satisfeitos com sua
riqueza (Lc 6,24-26; cf. Tg 2,2-7). Dos ricos exige desapego dos bens e o uso social dos
mesmos (Mc 10,17-27; cf. Lc 19,8). No juízo final o cristão será julgado pela maneira como
tratou os pobres e necessitados (Mt 25,31-46; Tg 2,13). Ver “Ano Jubilar”.

POBREZA EVANGÉLICA

Natureza: Mt 10,9; 1Cor 7,29-31; Fl 3,8; 1Tm 6,7s; vantagens: Ecl 5,14; Eclo 20,21; Mt
19,21-24; Lc 6,20; 14,33; 18,28-30; 1Cor 9,25; exemplos: Lc 5,11; At 2,44s; 4,32-35; 2Cor
6,10.

PÔNCIO PILATOS

Foi governador (procurador) romano da Judéia do ano 26 a 36 dC. Pelo fato de ter usado do
dinheiro do templo para construir um aqueduto (adutora), e pela violência com que reprimiu
os samaritanos, acabou sendo deposto. Nos Evangelhos é conhecido como juiz no processo
de Jesus (Mt 27; Jo 18–19; At 3,13; 1Tm 6,13).

PORTA

As cidades mais importantes eram cercadas por muralhas. A saída e a entrada da cidade
eram controladas por uma ou mais portas. A porta, além de significar segurança (Sl 87,2),
tornou-se também um lugar público onde se faziam negócios, decidiam-se questões judiciais
(Rt 4). Em sentido simbólico, Jesus comparou-se à porta, pois somente por ele temos
acesso às realidades celestes e recebemos os dons divinos (Jo 10,7).

POSTES SAGRADOS

Chamados também “estacas sagradas”ou “estacas da idolatria”, são símbolos de Asera,
deusa fenícia da vegetação, considerada como companheira do deus da fertilidade, Baal.
Em geral o seu símbolo é uma árvore verde. Na falta desta, podia ser uma estaca ou poste
de madeira.

POTESTADES

Ver “Dominações”.

POVO DE DEUS

A expressão “povo de Deus” está ligada à terminologia da aliança (Rm 9,24s; Os 1,9; 2,25;
2Cor 6,16; Hb 4,9; 8,10; Jr 31,33; 1Pd 2,10; Ap 18,4; 21,3).

PREDESTINAÇÃO

É o plano e o conhecimento prévio que Deus tem de nossa salvação: Sb 15,7; Eclo 33,1014;
Mt 20,16; Rm 8,28-30; Ef 1,5; 2Tm 2,20. É um mistério: Eclo 3,22s; Jo 15,16; Rm
9,14s.18-21; 11,5s. O conhecimento prévio que Deus tem de nossa salvação não tolhe
nossa responsabilidade e deve provocar uma atitude de temor e de confiança; Ecl 9,1s; Jo
3,16s; Rm 11,20; 1Cor 4,4; Fl 2,12; 1Tm 2,4; 4,10; 2Pd 1,10.

PREGAÇÃO

A pregação neotestamentária tem três objetos centrais:

O Evangelho ou o anúncio do Reino aos pobres (Lc 4,16-22.43s; 6,20-23; Mc 1,1; Mt 3,2;
4,23; 11,2-6; At 13,32s; Is 40,9-15; 61,2). É o anúncio do “mistério”, do plano de Deus,
realizado em Cristo e na Igreja e inclui também o que Jesus disse e fez (At 1,1s; 1Cor 1,1725;
15,3-5; Cl 1,24-29; 4,2-4; Ef 3,1-7; Rm 1,1-6).

O convite à conversão e à participação no banquete messiânico (Pr 9,2-5; Mt 22,2-10;
25,6; Jo 2,2).

O “nome”de Jesus, isto é, a sua elevação à categoria de “Senhor”(Kyrios), título obtido pela
sua morte e ressurreição (Rm 1,4s; At 8,12; 5,41s).

PREGUIÇA

Corporal: Pr 6,6-11; 12,11; Ez 16,49s; 1Tm 5,11-13; espiritual: Mt 21,19; 25,24-30; Hb 12,1


3. Ver “Trabalho”.
PRESBÍTERO

Ver “Anciãos”, “Ministérios”.

PRETÓRIO.

Residência do pretor, magistrado ou governador romano com poderes militares,
encarregado dos julgamentos (Mt 27,27; Mc 15,16).

PRIMÍCIAS

Primeiros frutos da terra oferecidos a Deus (cf. Lv 23,10-17; Dt 26,2s e notas). No sentido
simbólico, o termo é aplicado a Israel (Jr 2,3), a Jesus ressuscitado (1Cor 15,20.23), aos
primeiros convertidos ao cristianismo (Rm 16,5).

PRIMOGÊNITO

Tanto a primeira cria de um animal, como os primeiros frutos das árvores deviam ser
oferecidos ao Senhor no santuário, em agradecimento pelo dom da vida. A mesma lei se
aplicava ao primeiro filho do casal: ele era considerado propriedade do Senhor (Ex 13,2;
22,29). Mas como sacrifícios humanos eram severamente proibidos, os pais, depois de
oferecer o menino no templo, o resgatavam mediante uma oferta material. Esse costume
devia lembrar aos israelitas a noite do êxodo, quando Deus fez morrer os primogênitos dos
egípcios, ao passo que preservou os filhos dos israelitas (Ex 12,29). Também Jesus, aos
quarenta dias de idade, foi levado ao templo por seus pais, oferecido ao Senhor e em
seguida resgatado (Lc 2,28s; cf. Ex 13,12s e nota).

Ao filho primogênito cabiam os direitos de primogenitura, como dupla herança (Dt 21,17),
supremacia entre os irmãos e chefia da família (Gn 27,29.40; 49,8). Mas às vezes, como no
caso de Jacó e de Judá (27,30-37; 49,4-8), este direito não foi respeitado.

Jesus é chamado “primogênito de toda criatura”(Cl 1,15; Hb 1,6) em razão da supremacia
que o Pai lhe concedeu entre os homens (Rm 8,29).

PRINCIPADOS

Ver “Dominações”.

PROCURADOR

Ver “Governador”.

PROFETA

É alguém que fala aos outros em nome de Deus (Dt 18,18). É um porta-voz escolhido,
enviado e inspirado por Deus para fazer em seu nome pronunciamentos (Jr 7,25; 25,4; 2Rs
17,13), chamados oráculos, e para fazer ver a vontade divina (Am 3,7). Por causa do
conhecimento dos segredos divinos é chamado também “visionário”ou “vidente”(1Sm 9,11;
Am 7,12; Is 30,10). Mas o essencial de um profeta é falar em nome de Deus e não prever o
futuro ou estar sujeito a transes proféticos (cf. Nm 11,25s e nota).

Em Israel houvecomunidades ou confrarias proféticas, que viviam junto dos santuários
(1Sm 19,18-24; 1Rs 18,4.13.22; 19,10; 2Rs 2,3-5.15-18; 4,1; 5,22; 6,1). Eram parecidas com
as dos “profetas de Baal”(1Rs 18; 2Rs 10,19-25).

Houve também profetas cortesãos (1Rs 22; Jr 28). Estes foram freqüentemente combatidos
pelos verdadeiros profetas (Mq 3,5; Sf 3,4; Jr 5,31; Ez 13,9s).

No AT Deus comunicou-se com os homens por meio de Moisés e dos profetas. Nos últimos
tempos falou por meio de seu Filho Jesus Cristo (Jo 1,1-18; Hb 1,1s), o profeta como Moisés
(Dt 18,15; Jo 1,21; 6,14; 7,40).

Fala-se de profetas também no Novo Testamento (At 2,17; 11,27; 13,1; 15,32; 21,9; 1Cor
12; 14,26-32; Ef 4,11; Rm 12,6; Ap 1,3; 2,7; 1Ts 5,19s; 1Tm 1,18; 4,14; 1Pd 1,10).

PROMESSA

O termo não ocorre no AT, mas o conceito está presente. Deus promete ao homem e
cumpre a sua palavra (Is 40,8), que é eficaz (Is 55,9-11). Deus prometeu numerosa
descendência, uma terra e a bênção a Abraão. A Davi prometeu uma dinastia estável (2Sm
7,5-16; 1Rs 2,4), promessa atualizada pelas promessas messiânicas e escatológicas (Is 2,25;
11,1-9). As promessas, fruto da bondade e misericórdia de Deus, são garantidas por sua
fidelidade.

No NT o aspecto profético da palavra de Deus e a história do povo eleito são chamados
promessa, que teve sua realização em Cristo. A promessa realizada se torna o anúncio da
boa-nova (At 13,32). A promessa caracteriza a gratuidade dos dons divinos em oposição às
obras da Lei (Rm 4,13-21; Gl 3,17-22). Em Cristo as promessas divinas se tornaram um
“sim”(2Cor 1,20; Ap 3,14).

PROPICIATÓRIO

Ver Ex 25,17s e nota.

PROSÉLITO

Pagão convertido ao judaísmo, que se agregou ao povo judeu pela circuncisão (Mt
23,15; At 2,11). Alguns prosélitos converteram-se ao cristianismo (At 6,5; 13,43).

PROSTITUIÇÃO

Relações sexuais com mulheres, por dinheiro, não eram desconhecidas em Israel (Gn
38,15-23; Jz 16,1). Mas era uma prática condenada pela Lei (Lv 19,29) e por S. Paulo (1Cor
6,15s). Em Canaã era comum a prostituição de homens e mulheres, que se ofereciam em
santuários, nos cultos de fertilidade em honra de alguma divindade; a prática era repelida
pela Lei (Dt 23,18).

Dentro do simbolismo conjugal da aliança, os profetas caracterizam como “prostituição”a
conduta infiel de Israel em relação a seu Deus (cf. Sb 14,12; Os 4,10 e notas).

PROVIDÊNCIA DIVINA

Em geral: Sl 104,27s; 145,15s; Sb 6,7; Mt 6,25-30; At 17,28; Cl 1,17; 1Pd 5,7.

Em particular: Sl 23,1; 37,23; 147,8s; Eclo 17,19; Is 43,1s; Lc 12,6s.22-32.

Tudo acontece por vontade ou permissão de Deus: Jó 5,6.17s; 34,21; Pr 5,21; 16,9; 19,21;
Lm 3,37; Am 3,6; Mt 10,29-31; Rm 8,28; 2Cor 4,17; Hb 12,11s; 2Pd 3,9.

PRÓXIMO

Próximo para o israelita era o irmão, o conterrâneo, membro da mesma tribo e da mesma
raça (Ex 20,17). A estes se devia amar em primeiro lugar (Lv 19,18 e nota). Mas já no AT
este amor é extensível também ao estrangeiro que mora junto com o israelita (Lv 19,33s).
Jesus amplia a noção de próximo, exigindo amor não só a estrangeiros mas até a inimigos
(cf. Lc 10,29 e nota). Ver “Amor”.

PRUDÊNCIA

Realiza as obras planejadas com sabedoria (Pr 24,3; Sb 9,11).

Obtém-se com a oração (1Rs 3,9; Pr 2,6-9; Sb 8,21; 9,9-11) e com a docilidade aos pais,
mestres e anciãos (Pr 1,8s; 6,20-22; 7,1s; 23,22-25; Sb 4,9; Eclo 25,3-6; 44,1-4).

Quem observa as palavras de Cristo é prudente (Mt 7,24-27).

A máxima prudência é dar tudo para entrar no Reino (Mt 13,44s; 19,21; 25,26s; Lc 14,2832).


O cristão prudente vigia, esperando o seu Senhor (Mt 25,8-11; 26,41; Lc 12,35-37; Mc
13,35; 1Pd 4,7).

Também existe uma prudência falsa, mundana (Is 5,21; 7,12; Lc 12,16-20; 16,8).

PSEUDOEPÍGRAFOS

Livros que têm título falso, isto é, falsamente atribuídos a certo autor. Com este termo as
Igrejas protestantes englobam os livros do AT que na Igreja Católica são considerados
apócrifos.

PUBLICANO

Cobrador de impostos a serviço do governo romano. O posto era leiloado e por isso muito
cobiçado nos vários distritos e vilas. Para cumprir o compromisso assumido com o governo
cobravam-se pesadas taxas; por isso, os publicanos eram odiados pelo povo em geral.
Mateus exercia este ofício em Cafarnaum (Mt 9,9) e Zaqueu em Jericó (Lc 19,1-10). Jesus
era acusado de ser amigo de cobradores de imposto e de pecadores (Mt 9,10-13; 11,19).

PUREZA

Pureza cultual: é a aptidão exigida pela Lei para participar no culto. Não tem relação direta
com a pureza em sentido moral (Lv 11,11-15). Vários fenômenos tornavam o homem impuro
(veja “Puro-impuro").

A verdadeira impureza é o adultério religioso, a idolatria (Os 2; Ez 16; 23), própria de um
coração incircunciso (Jr 9,24s; Rm 2,25-29).

Pureza moral: Os profetas insistem na pureza interior, frente aos formalismos cultuais (Is
1,15-17; 29,13; Os 6,6; Am 4,1-5; 5,21-23; Sl 18,21-25; 51,12). Ver “Circuncisão”.

PURGATÓRIO

: 2Mc 12,43-46; Mt 5,25s; 12,32; Lc 12,48; 1Cor 3,13-15; 2Cor 5,10; Gl 6,8; Ap 21,27.

PURIFICAÇÃO

Rito que visava recolocar na esfera da comunicação com a divindade indivíduos que
contraíam alguma “impureza”. Havia ritos para purificar quem tivesse tocado um cadáver
(Nm 5,2s; 6,9-12; 19) ou contraído uma doença de pele (Lv 14-15) e para a mulher que deu
à luz (12,8; Lc 2,21-24). Ver “Puro-impuro”.

PURIM

. Palavra de origem persa, que significa “sortes”. É a festa que comemora a libertação dos
judeus ameaçados de extermínio. Sobre a origem da festa ver a Introdução ao livro de Ester.

PURO-IMPURO

Puro e impuro são noções encontradas quase em todas as religiões antigas e povos
primitivos. Não se trata de pureza física, moral ou de castidade. Impuro é o que está
carregado de forças perigosas ou pode desencadeá-las, e por isso deve ser evitado. A
impureza não significa, pois, culpabilidade ou pecado; por exemplo, a mulher após o parto

ou durante a menstruação é considerada impura; tocar um morto, estar atacado por certas
doenças ( “lepra") torna a pessoa impura.

Certos animais ou alimentos de origem agrícola são considerados impuros e por isso
rejeitados pela cultura nômade da qual provinham os israelitas. Assim os animais elencados
em Lv 11,29s são considerados impuros pois tinham um papel no culto cananeu; o porco era
impuro porque era usado no culto de Adônis-Tamuz. Tais proibições visavam evitar misturas
e manter a integridade. Por isso também animais ou coisas híbridas deviam ser evitados (Lv
18,23; 19,19). O motivo original de tais práticas podia ser um simples tabu. Mas, no contexto
atual, Israel deve evitar certos alimentos e atos que o tornam impuro, porque impedem de
participar no culto divino (Lv 11,1-47).

Jesus criticou este conceito de pureza ritualística e meramente exterior (Mt 23,25s),
mostrando que o que torna impuro o homem não são as coisas que vêm de fora, mas o que
procede do coração: os maus pensamentos que levam ao pecado (Mc 7,15-23). Ver as
notas em Lv 12,1-8; 14,33-53; 15,1-33.

LETRA Q


QUERUBINS

Seres da mitologia babilônica que guardavam os portais dos templos e palácios (cf. Gn 3,24;
2Sm 22,11; Ez 10,2 e notas). Nos apocalipses judaicos e no cristianismo foram equiparados
aos anjos. Ver “Anjo”.


QUMRÂN

Localidade junto à costa noroeste do mar Morto, a 13 km ao sul de Jericó, em cujas
proximidades se descobriram em 1947 preciosos manuscritos da Bíblia hebraica. Os
manuscritos são datados entre o ano 150 aC e 68 dC, pois neste ano foi destruído pelos
romanos o edifício (uma espécie de mosteiro) onde vivia em comunidade uma seita
religiosa, provavelmente composta de essênios. Esta seita, parecida com a dos fariseus,
mantinha-se separada do templo e do judaísmo oficial, aguardando a instauração dos
tempos messiânicos. Os manuscritos bíblicos copiados pela seita atestam grande afinidade
com o texto hebraico do AT que nos foi transmitido. Ver “Manuscrito”.

LETRA R


RABI
Título respeitoso que recebiam os doutores da Lei. O termo é hebraico e significa
“mestre”(Mt 26,25; Mc 10,51; Jo 3,26). Jesus criticou este uso do termo (Mt 23,7s).

RECONCILIAÇÃO
Processo pelo qual se restabelecem as relações de amizade entre homens ou entre Deus e

o homem, ou o povo de Deus. Deus oferece perdão e o homem lhe responde pedindo
perdão e cumprindo ritos de expiação para aplacá-lo. Esta reconciliação foi obtida de modo
perfeito pelo sacrifício de Cristo na cruz (Hb 9–10). Ver “Expiação”.
REDENÇÃO

O termo vem do latim redimere, “pagar resgate”, “redimir”. “Redimir”é pagar o resgate para
libertar da escravidão. Cristo é simultaneamente o nosso redentor e o preço do nosso
resgate.

O direito hebraico incluía o “goel”–redentor, libertador, com uma tríplice função: executar a
“vingança”(Nm 35,9-29; Dt 19,1-13; Js 20); resgatar as propriedades familiares (Rt 2,19s;
4,4; Lv 25,8-34); ser “goel”na lei do levirato (Dt 25,5-10; Rt 3,13; 4,1-8).

Esta tríplice função do “goel”atribuía-a o AT a Javé e o NT a Cristo:

-“Vinga o sangue dos seus”(Is 47,3; 49,25s; 59,16-20). Também Cristo, o Juiz universal,
“vingará os seus discípulos perseguidos”(1Ts 1,6-10; Ap 6,9-11; Lc 18,7).
-Javé resgatará o patrimônio daquele que, no ano jubilar, não tiver nenhum “goel”(Lv 25,10;
Is 61,2; 53,4). Cristo inaugura o ano jubilar, ou ano da graça (Lc 4,21).
-Deus tomará conta de Jerusalém na sua viuvez (Is 54,1-8; 44,6; 49,20s; 62,4s). Cristo é
também o salvador da sua Esposa, a Igreja (Ef 5,23-25).

"Remir”é libertar da escravidão:
-Leis sobre o resgate dos escravos (Ex 21,1-11; Dt 15,12-18; Lv 19,20).
-Deus resgata o seu povo do Egito (Dt 13,6; 24,17s; Is 19,20-22) e das garras de Babilônia
(Is 35,8-10; 51,9-11; Jr 31,10-12). Base para uma teologia sobre a libertação dos escravos.

-Cristo liberta-nos da escravidão do pecado (Mt 11,2-6;Lc 1,77; 4,21; Ef 1,7); da Lei (Gl
3,10-13; 4,1-7; 1Pd 1,17-19) e do “príncipe deste mundo”(Jo 8,44; 12,31; 1Cor 2,8; 2Cor 4,4;
Ef 2,2; Hb 2,14; 1Jo 5,18; Ap 12,7s).

Cristo é o preço do nosso resgate, porque nele Deus realiza a nova aliança (Mt 20,28; 1Tm
2,6; Jo 10,17s; Rm 5,6-8; 1Pd 2,9).

REINO DE DEUS

No AT Deus apresenta-se como Rei-Pastor do seu povo. Israel era o reino, a pertença de
Javé, entendido, a princípio, em sentido material (Ex 15,18; 16,9; 19,6; Is 5,4; Jz 8,23; 1Sm
8,7;Sl 24,7-10; 11,4; 47,3; 103,19; Jr 10,7-10).

Instaurada a monarquia real, esta deve estar subordinada à realeza de Javé (1Sm 8,17.19s;
2Cor 13,8; 2Sm 7,14; Sl 2,7).

As infidelidades dos reis, a divisão do reino e o exílio permitiram a espiritualização do
conceito de Reino, despertando a esperança para uma realização definitiva do reinado de
Javé nos tempos escatológicos (Mq 2,13; Ez 34,11; Is 40,9s; 52,7; Sf 3,14s). Será um reino
universal (Zc 14,9; Is 24,23; Sl 47; 96; 99; Dn 2,4-44; 7,14-27; Sb 3,8).
No tempo de Jesus o povo tinha nostalgia deste passado e esperava que Deus
estabelecesse seu reinado definitivo sobre Israel e as nações. Os judeus esperavam uma
intervenção maravilhosa de Deus, de caráter político, mas numa relação particular com Deus
(Mt 4,3-9; 20,21; Jo 6,14s; At 1,6).
Jesus dá ao Reino de Deus (Marcos) ou ao Reino dos Céus (Mateus) o primeiro lugar na
sua pregação (Mt 3,2; 4,17; 9,35; 10,7; Lc 12,31; 16,16; 22,29; Jo 12,13-15). Apresenta a sua ação na linha das manifestações do reinado messiânico escatológico, anunciado

pelos profetas (Mt 4,23; 12,28; Lc 7,21s; cf. Is 35,5s; 61,1-3).
Os apóstolos recebem de Cristo a missão de proclamar o Evangelho do Reino (Mt 10,7).
Depois de Pentecostes o Reino é o tema central da pregação evangélica (At 14,22; 19,8;

20,25; 28,23-31; 1Ts 2,12).
Só aos humildes e aos pequenos é dado conhecer os mistérios do Reino (Mt 11,25).
O Reino é “como a semente depositada na terra”(Mt 13,3-9.18-23) que crescerá por seu

próprio poder como o grão (Mc 4,26-29). É como “fermento na massa”(Mt 13,33). Converter-

se-á numa grande árvore onde se aninharão as aves do céu (Mt 13,31s).
O Reino é dom de Deus (Mt 5,3; 13,44-46; 18,1-4; 20,1-16; 1Cor 6,9s; Gl 5,21; Ef 5,5).
O Reino está em crescimento até a Parusia (Mt 9,37s; 11,12s; 13; 25,34; Mc 2,19; Jo 4,35;

2,1-11; At 1,9s; Lc 21,31; 22,14s.17s). Ver “Senhor”.

RELIGIÃO
Ver “Culto”.

REMISSÃO DOS PECADOS
Ver “Batismo”, “Penitência”, “Perdão”, “Justificação”, “Paz”.

RESIGNAÇÃO
Exortação: Jó 1,21; Pr 3,11s; Ecl 7,15; Hb 12,6s.
Motivos: Dt 32,4; 1Sm 3,18; Jó 2,10; Mt 26,39; 1Cor 10,13; 2Cor 1,5; 4,8s; Hb 12,11.

RESPONSABILIDADE
De todos: Mt 12,36; 18,23; Rm 14,12; 2Cor 5,10; 1Pd 4,5. Dos superiores: Sb 6,7; Lc 16,2;
1Cor 4,1-4; Hb 13,17.

RESSURREIÇÃO
Javé é o Senhor da vida e da morte (Os 13,14; Dt 32,39; 1Sm 2,6). Cristo tem as chaves do
reino dos mortos (Ap 1,18; 1Pd 3,19; 4,5s; Ef 4,8-10; Cl 1,18; Ap 20,1).

Primeiras afirmações bíblicas da Ressurreição (Dn 12,2s; Sl 16,9-11; 2Mc 7).
Manifestações de Cristo Ressuscitado (Mt 28,9s; Mc 16,9s; Lc 24,13s; Jo 20,16s; 1Cor
15,6s).
Testemunhas da Ressurreição (At 1,21s; 2,32; 3,15; Rm 1,4s; 6,4).

Pela Ressurreição Cristo comunica a vida ao mundo(Jo 7,37-39; 10,14-17; 12,2-24; 11,1s) e
por ela nos redime (Rm 4,24; 10,9; 2Cor 5,14-16; Ef 2,5; Cl 2,12; 3,1).
A Ressurreição de Cristo é a causa da nossa ressurreição escatológica (1Cor 15,1-58; 1Ts
4,13-18), batismal (Rm 6,1-11) e moral (Ef 4,17-24; Cl 3,1-7).

A ressurreição dos mortos é anunciada no AT (Jó 19,25; Is 66,14; Ez 37,1-14; 2Mc 7,9.14).
É afirmada no NT (Mt 22,31; Jo 5,25-29; 6,39; 11,24; At 24,15; 1Cor 6,14; 2Cor 1,9; 1Ts
4,13-18; Ap 20,12. Ver “Retribuição”.

RESTITUIÇÃO
No Antigo Testamento: Ex 21,33-36; 22,3-15; Lv 24,18.21; Nm 5,7; Ez 33,15. No Novo
Testamento: Lc 19,8s; Rm 13,8; Fm 18-19.

RESTO

O termo, usado sobretudo pelos profetas, designa os sobreviventes de grandes catástrofes,
como o dilúvio (Gn 7,1s) e o exílio (Is 6,13).
“Resto Santo”não é, porém, o resto histórico, mas a comunidade a ser salva no fim dos
tempos (Is 4,4; 10,22; Jr 23,3; Mq 5,6-8).

"Resto fiel”é a parte do povo que permaneceu fiel em vários momentos da história (1Rs
19,18; Is 10,18-22; 17,4-6; Am 3,12; 9,8-10; Dt 4,27; Mq 4,7; 5,2; Zc 8,6-13; Rm 11,3-5). O
“resto fiel”é símbolo do “novo Israel”, formado de judeus e pagãos (Rm 9,27). O Messias

reunirá um “resto”, um “pequeno rebanho”(Jr 23,3-6; Mq 2,12s; 5,1-8; Zc 3,8; 6,12; Lc
12,32), que será fermento na massa (Lc 13,20s), como uma semente no seio da terra (Lc
13,18s), como luz e sal do mundo (Mt 5,13-16).

RETRIBUIÇÃO

Na Bíblia não se fala da retribuição em sentido propriamente jurídico, como se fosse uma
paga adequada. Esta aparece, sobretudo, como uma dádiva de Deus (Rm 3,27; 8,14-17; Fl
2,13; 1Cor 15,19.50; Cl 1,13).

A retribuição, no início, é entendida como castigo coletivo dos inimigos de Israel (Ex 23,27;
Js 24,12); depois, como um juízo de ira sobre o povo de Deus (Nm 25,3; Js 22,20; Ex 32;
Nm 11,1; 14,38; 17,6-15). A retribuição pode ser um prêmio ou um castigo segundo o
esquema teológico pecado-castigo; conversão-perdão-recompensa (Jz 2,11-23; 3,7-9). As
bênçãos e as maldições são disso uma prova (Dt 28,1s; 4,40; 5,33; 7,12-26; 15,4-10; 30,1520).


O povo do AT, não tendo a perspectiva de uma vida futura, interpreta tudo o que lhe
acontece de bem e de mal como um prêmio ou um castigo divinos pelo bem ou mal que fez
(Jz 2,11-15; 3,7s; Dt 28; Jó 11,14s; 18,1-21; 22,25s; Pr 3,2s.10.23.26.33s; 4,10-22; 8,18s;
9,11). Concluía-se que por detrás de cada desgraça, coletiva ou individual, havia o pecado.
Contra isso se levanta a consciência de muitos justos atribulados como o testemunha o livro
de Jó e outros textos sapienciais (Jó 3,1-26; 9,14-35; 10,7).

No exílio em Babilônia, perante o fato dos justos que morrem perseguidos sem nenhuma
recompensa temporal, surge a esperança da ressurreição (Dn 12,2s; 2Mc 7,9-23; 12,44s;
14,46). Sob a influência grega, nasce a fé na imortalidade (Sb 3,7s.14; 4,2; 5,16; 6,19; Sl
49).

A literatura sapiencial ensina: “aquilo que cada um semeia isso recolherá”(Pr 24,12; Ecl
11,4; 1Cor 9,11; Mt 13,28s).
Jesus fala de prêmio e castigo temporais, sempre numa perspectiva transcendente (Mc
10,29s; 12,1-9; Lc 13,1-5; 19,41-44; Mt 11,20-24; 23,37s).

Cristo fala, sobretudo, de castigos e prêmios transcendentes. Consistem em receber o
Reino ou em rejeitá-lo(Mt 20,1-15; 5,3-12; 25,1-46; 6,1-21; 7,24-27; 10,32s; 11,28-30; 19,2830;
Lc 14,7-14; 15,11-32; 16,19-31; 17,1-10; 18,9-14; 19,13-27; Mc 8,35; 9,41; 12,1-9).

Cada um será recompensado segundo as suas obras (Rm 2,6; 2Cor 5,10; Ap 20,12) no dia
da vinda ( parusia) do Senhor (1Pd 4,13; 5,4; Ap 22,12; Jo 12,48).

REVELAÇÃO

Existe uma revelação natural (At 15,17; 17,27s; Rm 1,18s).

Deus invisível tornou-se visível em Cristo (Ef 1,9; Cl 1,15; 1Tm 1,17; Ex 33,11; Jo 15,14-15;
2Tm 1,10; Tt 3,4).

Manifestou-se para vivermos em comunhão com ele (1Jo 1,2s; Ef 2,18; 2Pd 1,4).

Cristo é o mediador e a plenitude da revelação (Mt 11,27; Jo 1,14.17; 14,6; 17,1-3; 2Cor
3,16; Ef 1,3-14; Hb 1,1s).
Estrutura sacramental da revelação: Deus manifesta-se por palavras (Hb 1,1s; Jo 1,18;
10,34) e por obras (Rm 1,19s; Jo 5,36; 17,4).

A Deus que se revela deve prestar-se a “obediência da fé”(Rm 1,5; 16,26; 2Cor 10,5s).

A revelação é transmitida oralmente (Mt 28,19s; Mc 16,15; At 1,8; Hb 1,1s; 1Cor 15,3; 1Tm
3,16; 2Tm 1,13; 4,17; Gl 2,2) e posta por escrito sob a ação do Espírito Santo, segundo as
necessidades litúrgicas, catequéticas e apologéticas da comunidade cristã (Jo 20,31; 2Tm
3,16; 2Pd 1,19-21; 3,15s; At 8,35; Lc 24,47).

REVOLUÇÃO

Conseqüências Jz 12,1-6; 2Sm 15,10–19,8; Mc 15,7; At 5,36s; 19,23-40Nm 16,1-35).

Jesus respeita as instituições (Mt 5,17; 17,24; 23,2s); não se compromete com as
autoridades (Mc 12,13-17; Lc 13,32; 20,1); prevê perseguições (Mt 10,16); repele a

resistência armada (Mt 26,52; Lc 22,38.49); luta contra a desordem estabelecida (Mc 3,1;
11,15; Mt 23,5-38).

O que importa é a reforma interior (Lc 6,27;1Cor 7,17.29; Rm 12,2; 13,1).

RICO (RIQUEZA)
. A riqueza no AT é considerada como um bem relativo. Era apreciada porque dava prestígio
e poder e era um dom dado por Deus aos homens justos e sábios (Pr 8,18; 10,22; 22,4; Jó
1,1-3; 42,10-17). Mas o homem pode adquiri-la pelo próprio esforço (Pr 10,5; 13,11; Eclo
11,18); por isso ela é fonte de orgulho (Jó 31,25; Pr 11,28) e torna difícil a convivência com o
rico (cf. Eclo 13,1-24 e nota). A riqueza torna-se perigosa quando adquirida por meios
injustos (Pr 28,6.22; 30,7-9) e causa muito sofrimento aos pobres (Am 2,6s; 4,1-3; 8,4-6; Mq
2,1s). O rico deve lembrar-se de que a riqueza é passageira, pois com a morte perde tudo
(Pr 11,4; 23,4s; Eclo 11,19s).

No NT Jesus tomou posição frente à riqueza (Mc 10,17-31; Lc 12,13-24; 18,24s). Ela é um
dom de Deus, mas pode causar decepções (Ecl 5,9–6,6; Mt 13,22) e colocar em perigo a
salvação do homem (6,19.24; 19,24). Jesus condenava a avareza (Lc 12,13-15) e exige dos
que o querem seguir mais de perto a renúncia a todos os bens (Mt 19,18-30). As riquezas
devem servir para ajudar os pobres (Dt 15,7s; Tb 4,8s; Eclo 29,1-13; Lc 16,9; 12,33; 2Cor 8–
9; 1Tm 6,17-19; Gl 2,10; 1Jo 3,17). Ver “Pobre”.

ROLO.

As folhas escritas de um documento antigo podiam ser emendadas umas nas outras em
tiras e depois enroladas num bastão, formando um rolo ou “livro enrolado"(cf. Ez 2,9 e nota;
Zc 5,1s). Ver “Manuscrito”, “Códice”.

LETRA S


SÁBADO

É o sétimo dia da semana, consagrado a Deus porque após os seis dias da criação o
Criador descansou (Gn 2,2s). Era um dia festivo (Ex 16,4s.14s.16-36; 35,1-3; Is 1,13; Os
2,13), no qual o israelita se abstinha de qualquer trabalho (Ex 20,8-11; Ez 46,1-12; 20,12) e
se dedicava à oração (cf. Ex 31,13; Nm 15,32-36; 1Mc 2,32-41 e notas). Sábado é também o
dia do anúncio dos bens futuros, escatológicos (Is 56,1-6; 58,13s; 66,22s; Jr 17,19-27; Ez
44,1-12).

Mas, quando Cristo veio, o jugo dos fariseus fizera do sábado um dia de escravidão (Mt
12,1-14; At 1,12; Lc 6,6; 13,10-17; Jo 5,9-18; 7,21-24; 9,14-16).

Cristo transforma o sábado no dia da sepultura (Lc 23,53s; Jo 19,31-42) e fixa para o dia
seguinte –domingo –o dia da Ressurreição, da libertação, da nova criação (Mc 16,2-9; Jo
20,1.19).

O domingo é o dia em que o Senhor se manifesta (Jo 20,16.26) e transmite o seu perdão
(Jo 20,19-23). É o dia da reunião da comunidade cristã (At 20,7; 1Cor 16,2). Por isso, o
sétimo dia no qual o cristão repousa e se dedica à oração é o domingo (At 20,7; Ap 1,10 e
nota). Ver “Domingo”, “Culto”, “Festa”.

SABEDORIA

Salomão destacava-se como o grande sábio de Israel (1Rs 5,9-14; Eclo 47,12-17; Pr 1,1;
Ecl 1,1; Sb 8,19; 1Rs 3,4-15).

Progressivamente a sabedoria é considerada como uma participação da sabedoria divina,
manifestada no temor de Deus e na observância da Lei (Pr 15,16.33; 16,6; Ecl 3,12s; 9,7-9;
Sb 1,1-5; Eclo 15,1-6; 24,23s; Br 3,9–4,4).

Da Lei –sabedoria de Deus no meio do povo –passa-se à personificação da sabedoria
divina (Pr 8,23-31; Jó 28; Eclo 24; Sb 7,22-8,1).
João, no seu evangelho, diz-nos que a sabedoria personificada é Cristo, o Verbo de Deus
(Jo 1,18).
Como a sabedoria, também Cristo põe a mesa, oferecendo pão e vinho (Jo 6,35; Pr 9,1-6cf.
; Eclo 24,19-22; Is 56,1-11; Mc 2,22; Is 55,1s).

Paulo, partindo de Sb 13,1-10, fala de um plano sábio de Deus, que levaria o homem a
conhecê-lo; mas este falhou por causa da sabedoria humana(Rm 1,19-25). Então Deus
apresentou o “escândalo da cruz”(1Cor 1,19-25; 2,6-16).

SACERDÓCIO

Dos cristãos: Cristo é o único Sumo Sacerdote (Hb 3,1; 4,14-16; 5,5.10; 6,20; 7,23-28).

O povo de Deus é um reino de sacerdotes (1Pd 2,9; Ex 19,5s; Ap 1,5s; 5,9s; 20,6). Deve
oferecer sacrifícios espirituais (Rm 12,1; Hb 13,15s; Fl 2,17; 4,18) e anunciar a Morte e
Ressurreição de Cristo na “Ceia do Senhor”(At 2,42; 1Cor 10,16-22; 11,23-26; Lc 22,7-20).

Unido a Cristo, pedra angular, cada membro do Povo de Deus constitui uma pedra viva do
novo Templo espiritual (1Pd 2,4-6; Jo 2,19-22; 1Cor 3,16s; 6,19). Ver “Ministérios”,
“Carismas”.

SACERDOTE

Ministro sagrado, encarregado de oferecer diariamente sacrifícios e holocaustos e queimar
incenso no altar. O sacerdócio era hereditário: chegando à idade estabelecida na lei, o
sacerdote era consagrado (Ex 29; Lv 8–10; Nm 18). Além das tarefas cultuais, aos
sacerdotes cabia a instrução do povo em assuntos religiosos e administração dos bens do
templo.

No NT os anciãos, ordenados pelos apóstolos (At 14,23), supervisionavam as comunidades
(20,17), pregavam, instruíam e dirigiam os fiéis (1Tm 5,17; 1Pd 5,1).

SACRIFÍCIOS.
De louvor, de reparação e pelo pecado. Ver Lv 1–7. Ver “Expiação”.

SACRIFÍCIOS DE COMUNHÃO
. Nesse tipo de sacrifícios, chamados também pacíficos, a carne da vítima era dividida em
três partes: A primeira era queimada sobre o altar e era a parte que cabia a Deus; a outra
ficava para os sacerdotes e a última, a maior, era devolvida às pessoas que ofertavam a
vítima para o sacrifício. Essa parte da carne era consumida num banquete sagrado, em que
as pessoas consideravam Deus presente como comensal. Assim Deus e os homens
participavam misticamente, mediante a fé, da mesma mesa (cf. Lv 3,1-17; 7,12-21; 1Sm 20,8
e notas). Sob este aspecto, os sacrifícios de comunhão eram prefiguração do banquete
eucarístico, no qual, num sentido mais verdadeiro, o cristão é admitido à mesa do Senhor.
Ver “Holocaustos”, “Oblação”, “Expiação”(cf. Lv 1–7).

SADUCEUS

Partido religioso e político, cujo nome se relaciona com Sadoc, o Sumo Sacerdote colocado
por Salomão em lugar de Abiatar (1Rs 2,35). Os saduceus separaram-se dos fariseus
quando Jônatas usurpou o sumo sacerdócio (135 aC). Desde então os saduceus entraram
em luta com os fariseus, dos quais se distinguem pelas crenças religiosas (Mt 22,23; Mc
12,18; At 23,8). Na política, apoiavam a dominação romana e controlavam a nomeação dos
sumos sacerdotes.

SAGRADA ESCRITURA
Ver “Bíblia”, “Revelação”.

SAGRADO

Aquilo que é separado do profano, ou do uso comum, para servir a Deus (cf. Ez 19,1-23;
Nm 1,53 e notas). Ver “Santo”.

SALOMÃO
Ver “Sabedoria”.

SALVAÇÃO

Deus é aquele que salva, dando vitória a Israel (1Sm 11,9.13; 19,5), ou salvando de algum
perigo. Ele é o salvador por excelência, que deu a Israel a salvação, tirando-o do Egito (Ex
14,30; Sl 106,21; At 7,25). Mesmo quando a salvação é uma conquista humana a vitória é
de Deus (cf. Jz 6,36 e Introdução a Josué ). A salvação é esperada no sentido universal
também no fim dos tempos; é a salvação messiânico-escatológica. Então se realizarão todas
as esperanças de felicidade para Israel, que será libertado do poder dos inimigos, da miséria
material e do pecado.

No NT o termo “salvação”é usado no sentido de cura do corpo e da alma (Mc 5,34; Lc 8,48;
18,42). A salvação temporal se orienta no sentido da salvação espiritual, do perdão dos
pecados (Lc 17,19) e da libertação de todo o tipo de escravidão que resulta do pecado (Mt
1,21; Lc 1,77; At 5,31). A salvação que Deus preparou em Cristo se destina a todos os
homens (Jo 4,42; 1Tm 4,10; Tt 3,4-6). O próprio nome de Jesus significa “Salvador”(Lc 1,31;
2,21; Mt 1,21; At 4,12). A fé é condição para receber a salvação (Mc 16,16; Jo 11,25; Rm
10,9-13; Hb 11,7). Ver “Redenção”.

SAMARIA

Fundada em 880 aC por Amri (2Rs 16,24), estava situada 77 km ao norte de Jerusalém,
numa colina de 450 m de altitude e de fácil fortificação, no entroncamento de estradas
importantes e no centro do reino de Israel. Ficou sendo a capital do reino de Israel até a
ruína da nação, em 722 aC (2Rs 18,9-12), e depois tornou-se o centro administrativo da

província persa da Samaria. Herodes o Grande a reconstruiu magnificamente, dando-lhe

o nome de Sebaste (“Augusta”) em homenagem ao imperador Augusto, nome que subsiste
na designação atual Sebastie. O diácono Filipe pregou ali o Evangelho (At 8,5-9).
SAMARITANOS

Com a destruição do reino do Norte, grande parte da população foi deportada para a
Assíria. Em seu lugar foram enviados colonos assírios (2Rs 17,24-41). A população mista
que então se formou deu origem aos “samaritanos”, que permaneceram monoteístas.
Quando os cativos do reino de Judá foram repatriados pelos persas (538 aC), os
samaritanos quiseram aliar-se aos judeus e participar na reconstrução do templo e da
cidade. Mas Zorobabel (Esd 4,2) e Neemias não aceitaram (Ne 13,28). Desde então vinha a
inimizade entre judeus e samaritanos, mencionada no NT (Lc 9,52-54; Jo 8,48).

Jesus, porém, mostrou simpatia para com os samaritanos (Lc 10,30-37; 17,11-19), aos
quais mandou pregar o Evangelho (At 1,8; 8,4-25). Os samaritanos, que só reconhecem
como canônico o Pentateuco, ainda hoje vivem numa comunidade de uns 300 membros no
monte Garizim, onde anualmente celebram a Páscoa segundo os antigos ritos.

SANGUE

O sangue significa vida (Gn 9,5; Lv 17,10-14; Dt 12,23). Beber o sangue seria destruir a
vida. Derrama-se junto do altar para significar o regresso da vida a Deus (Gn 9,4; Lv 17,314;
19,26; Sl 58,11; Ez 39,11-19; 1Rs 21,19; 22,38).
A custo, os cristãos conseguiram libertar-se deste modo de conceber o sangue (Rm 14,1420;
1Cor 10,23-27). A proibição de comer sangue no cristianismo foi uma lei transitória para
facilitar a convivência entre cristãos de origem judaica e pagã (cf. At 15,20.29 e nota).

Visto que o sangue é vida, e esta pertence a Deus, ele vinga o sangue do inocente (Dt
32,43; Ez 14,19; 33,6-8; Lc 11,50s; Ap 16,3-6).
Os prodígios com intervenção de sangue anunciam a vingança divina (Ex 4,9; 7,17-21; Sl
105,29; Sb 11,6s; Ap 6,12; 8,8; 11,6).

O sangue desempenha um papel importante nos sacrifícios (Lv 1–8). O sangue de Cristo,
que é vida, transmite a vida (Jo 6,54-57; Mt 26,28; Jo 19,34s). O sangue é reparador e
expiatório (Rm 3,25; 5,9; Ef 1,7; 2,13; Cl 1,15-20; Ap 1,5; 7,14; 22,14; Hb 9,14; 13,12).

SANTO

É tudo aquilo que está afastado, separado do impuro ou do profano para o serviço de Deus.
Santo é sobretudo aquilo que constitui o “numinoso”da divindade, isto é, a majestade de
Deus inacessível às criaturas, a própria glória divina. O povo de Deus deve ser “santo”para
assemelhar-se a Deus e entrar em comunhão com ele (Lv 20,7.26). Os cristãos são
chamados “santos”porque pelo batismo foram consagrados a Cristo (Rm 1,7; 1Cor 1,2) para
viver uma vida nova (Rm 6,3-14).
Santo é também o compartimento da tenda da aliança (Ex 26,33) e do templo (1Rs 6,3.5.17)
que dava acesso ao Santo dos Santos. No Santo estava o altar do incenso (Ex 30,1-30), a
mesa dos pães da proposição e o candelabro de sete braços (25,23-40).
Santos são nossos intercessores (1Cor 12,12.20s; Ap 5,8; Ex 32,11.14; 1Sm 7,8-10; Rm
15,30; Ef 6,18s; 1Ts 5,25; Hb 13,18; Tg 5,16). Temos comunhão com eles (1Cor 12,26s).
Estão com Cristo no céu (2Cor 5,1-8; Fl 1,23s; Ap 4,4; 6,9; 7,9.14s; 14,1-4; 19,1-6; 20,4).
Deus opera milagres por meio deles (Ex 8,9–11,10; 1Rs 17–18; 2Rs 2,8.14.21; Mc 6,13; At
3,6; 5,15; 14,7; 19,11s; Tg 5,17).

SANTO DOS SANTOS

Ou Lugar Santíssimo (1Rs 6,3), era a parte mais sagrada da tenda da aliança (Ex 26,33s)
ou do templo de Jerusalém (1Rs 6,16). Nela estava guardada a arca da aliança. Ali só o
Sumo Sacerdote podia entrar no dia da Expiação (Lv 16,2; Hb 9,3-10). Este recinto estava
separado do Santo pelo véu protetor (cf. Nm 4,5 e nota).

SANTUÁRIO DAS ALTURAS
Ver “Lugares altos”.

SATÃ

O termo hebraico “Satã”, ou Satanás, significa“ acusador”, “adversário”(Jó 1,6cf. e nota).
Mais tarde passou a designar o inimigo de Deus e do homem (Zc 3,1 e nota), tornando-se o
nome próprio do anjo decaído e tentador do homem (Sb 2,24 e nota; cf. Ap 12,9).

Jesus venceu as tentações de Satanás, que o queria desviar de sua missão (Mt 4,1-11; Lc
22,28). Inaugurando o Reino de Deus neste mundo, Jesus veio pôr fim ao reino de Satanás
(Mt 12,28; Lc 10,18; Jo 12,31). O cristão participa desta vitória de Cristo (2Cor 6,14; 1Jo
5,18s), que no fim dos tempos será definitiva (Ap 12–20). Ver “Demônios”, “Dominações”.

SEFELA

Região entre a planície da costa do mar Mediterrâneo e as montanhas de Judá, entre 300 e
400 m de altitude (Js 10,40; 1Cr 27,28).

SERAFIM

O termo vem do hebraico saraf, “arder”. Em Nm 21,8s (ver a nota) indica as serpentes
“ardentes”ou venenosas. Mais tarde designa uma espécie de seres celestiais que
purificavam pelo fogo (Is 6,2). Os serafins simbolizam a santidade divina que purifica o
pecador.

SERPENTE.

Havia muitas serpentes venenosas na Palestina (Am 5,19; Pr 30,19; Sl 140,4). Segundo a
opinião popular alimentavam-se de pó (Gn 3,14; Mq 7,17; Is 65,25).

Os israelitas associavam serpentes e espíritos maus. Ela era símbolo do mal e da desgraça
(Gn 3,1-5; Is 27,1; Sl 74,13s; Jó 3,8), da falsidade (Gn 49,17), da astúcia (Gn 3,1; Mt 3,7;
10,16; 23,33); constituindo, por isso, um perigo mortal (Eclo 21,2; Pr 23,32).

Também em Israel havia encantadores de serpentes (Sl 58,5s; Jr 8,17; Ecl 10,11; Eclo
12,13; Tg 3,7).

Entre os orientais, certas serpentes são adoradas, como deuses da fecundidade e
transmissores da vida (emblemas fálicos). Por isso, no templo se adorava a serpente de
bronze (Nm 21,4-9; 2Rs 18,4; Sb 16,7). Cristo, pendurado na árvore da morte (a cruz) é a
serpente que dá a vida (Jo 8,28; 12,32s), vencendo a serpente que se pendurara na “árvore
da vida”(Gn 3,1s).

SERVIÇO
Ver “Ministérios”.

SERVO

Deus libertou Israel do Egito para que o servisse no deserto (Ex 7,16; 1Rs 8,23). Por isso o
povo de Deus em geral (Sl 34,23; 35,27) e os escolhidos de Deus (Gn 26,24; Ex 14,31; Ap
10,7) são chamados servos. Por causa do uso do termo nos cânticos do “servo do
Senhor”(Is 42,1-9; 49,1-13; 50,4-11; 52,13–53,12) o título foi aplicado em sentido messiânico
a Jesus (Mt 12,18; At 3,13; Fl 2,7-9).

SETENTA

(Septuaginta, LXX). Nome dado à tradução dos livros do AT, escritos em hebraico e
aramaico, para o grego. Foi feita no Egito entre 250 e 100 aC. O nome “Setenta”provém da
lenda, segundo a qual a tradução foi levada a termo por setenta e dois doutores da Lei
enviados de Jerusalém. Os escritores do NT e os cristãos dos primeiros séculos utilizaram
esta tradução. No Ocidente, a partir do século V foi substituída pela Vulgata.

SIÃO

Colina de Jerusalém situada ao sul do templo e ao norte da piscina de Siloé. Em geral
se identifica com Jerusalém (2Sm 5,7; Is 2,2s).
Na fenomenologia religiosa, a montanha é o lugar da presença divina. Deus se revela no
Sinai ou Horeb (Ex 3,1; 33,6; 19,11-20; 1Rs 19,1s).

Na Palestina, o povo sente atração pelos lugares altos (Ex 17,9; Nm 22–24; 1Sm 7,1; 9,1225;
1Rs 3,4; 1Cr 16,39).

Cristo escolhe os apóstolos, anuncia as bem-aventuranças, transfigura-se, aparece
ressuscitado sobre uma montanha (Lc 6,12; 9,28; Mc 3,13; 6,46; 2Pd 1,18; Mt 5,1s; 17,1-9;
28,16-20).

A luta contra os lugares altos é uma das causas da centralização do culto no templo,
situado no monte Sião. Paulatinamente, vão sendo atribuídas a Sião todas as prerrogativas
do Sinai (Dt 12,1-14; 14,22-26; 2Cr 30; 2Rs 23,1s; Sl 9,12-15; 84,5-8; 20,2s; Jo 4,20).

Em Sião aparecem a Lei, a “Glória”e os fenômenos teofânicos do Sinai (2Rs 22–23; Is 2,3;
Sl 99; Gl 4,25s; Hb 12,18-24).

SIDÔNIA
Antigo porto fenício na costa do Mediterrâneo, ao norte de Tiro. Junto com Tiro simboliza a
civilização pagã corrupta (Lc 10,13-15).

SILO
Antigo santuário, ao norte de Betel, onde foi depositada a arca da aliança (Js 18,1-10). O
santuário foi destruído pelos filisteus (1Sm 1,9; 4–5).

SILOÉ
Piscina dentro dos muros de Jerusalém, na parte baixa da cidade, para onde corriam as
águas da fonte de Gion, através de um túnel construído pelo rei Ezequias (2Rs 20,20).

SINAGOGA

Edifício em que os judeus celebravam as suas reuniões religiosas (Mt 4,23; 6,2),
especialmente aos sábados. Ser expulso da sinagoga equivalia a ser excluído da
comunidade judaica (Lc 6,22; Jo 9,22; 12,42; 16,2).

SINAI
Ver “Horeb”, “Sião”, “Deserto”e “Peregrinação”.

SOBERBA
Ver “Humildade”, “Orgulho”.

SODOMA
Ver Gn 18,20 (e nota) e “Gomorra”.

SOFRIMENTO

De Jesus ver Cristo, o “Servo do Senhor”.
De Maria, ver Maria, mãe do “Servo Sofredor”.
Dos justo s e pecadores, ver “Retribuição”, “Perseguição”.
Como fonte de Redenção, ver “Cruz”, “Redenção”.

SUMO SACERDOTE

É o chefe dos servidores do templo e supervisor do culto. Como mediador por excelência
entre Deus e seu povo, oferecia o sacrifício cotidiano (Ex 29,42) e fazia os ritos do dia da
Expiação (cf. Lv 16,1-34 e notas). Era o presidente do sinédrio, desde o reinado dos
hasmoneus. O cargo era vitalício, mas por razões políticas o Sumo Sacerdote acabava
sendo deposto. Por isso, no NT fala-se em sumos sacerdotes. Jesus é o Sumo Sacerdote

por excelência, cujo sacerdócio é perfeito e eterno, superior ao sacerdócio imperfeito de
Aarão (Hb 5,1-10; 7).

LETRA T


TABERNÁCULOS
Ver “Festa”, “Jerusalém”.

TADEU
Um dos doze apóstolos (Mt 10,3; Mc 3,18), chamado Judas por Lucas (Lc 6,16; At 1,13).

TALIÃO

Lei que no AT permitia ao indivíduo vingar-se na mesma proporção da ofensa ou crime
sofridos (cf. Ex 21,23-25; Lv 24,17-19; Dt 19,21 e notas). Contra esta lei. Jesus exige de
seus discípulos a não-violência e o amor aos inimigos (Mt 5,38-48). Ver “Vingança de
sangue”.

TÁRSIS
Colônia fenícia na Espanha (cf. Ez 27,12; Jn 1,3 e notas).

TEMOR DE DEUS

Na evolução bíblica podem perceber-se duas classes de temor: o temor sagrado (Gn 15,17;
18,27; 28,15-17; Ex 3,1-5; 34,10-13; Jz 6,22s); e o temor moral, ocasionado pelo pecado
(Gn 3,9s; Is 6,3-7).
Mas a noção de temor interioriza-se: deixa de ser terror para se transformar na atitude
religiosa de evitar o mal e observar os mandamentos (Dt 5,28–6,13; 17,19s; Ex 20,18-21; Jó
1,6-12; Pr 8,12-21; Eclo 2,14-18).

Desse modo, o temor é o grande mandamento e o princípio da sabedoria (Dt 31,12s; Pr 1,7;
9,7-12; Jó 28,23-28; Eclo 1,11-20 e notas; 15,1-6).
Os justos –judeus ou pagãos –são os tementes a Deus (Gn 22,11-13; Ex 1,17-21; Jó 1,1-8;
At 9,31; 10,1s); os ímpios são os que não temem a Deus (Sl 35,2-4; Is 63,17s; Rm 3,10-18).

O temor teofânico transforma-se em admiração ante as palavras e as obras de Cristo (Mt
8,27; Lc 4,22; 2,9-18.33.47); o temor de Javé passa a ser o “temor do Senhor”(At 9,31; 2Cor
5,11; Ef 5,21).

O AT foi o período do temor; o NT é o do amor (Rm 8,14-16; 2Tm 1,6s; 1Jo 1,3-8; Hb 12,1824).


TEMPERANÇA

Não devemos deixar-nos levar por excessos no comer e no beber (Eclo 31,12-31; 32,1-13;
37,27-31; Pr 23,1-3.20s.29-35; Is 28,1-4).
No contexto hebraico, os jovens são convidados a afastar-se das mulheres estrangeiras por
causa do perigo de idolatria (Pr 2,16-19; 5,3-14; 6,24-35; Eclo 9,9; 23,22-27; Ecl 7,26-28).
Por falta de temperança o homem porta-se às vezes como os animais (Rm 1,26-29; 1Cor
6,9s; 1Tm 1,9s; 1Pd 4,3).
O cristão, filho da luz pelo batismo, não deve tomar parte nas orgias noturnas (Rm 13,11-14;
Jo 12,36; 1Jo 1,6s; 5,7s; Gl 5,19-21; Cl 3,5-10; 1Cor 6,11).
O cristão, chamado a receber o prêmio eterno, deve portar-se como um atleta (1Cor 9,25;
1Ts 5,6-8; Ef 5,18; 1Pd 1,13; 2Tm 4,7s; Ap 2,10; 21,8; 22,15).
Uma das paixões mais difíceis de dominar é o amor do dinheiro. A temperança ajuda a
vencê-la (Eclo 31,1-11; Pr 10,2; 11,4; Jr 17,11; Mt 6,24; 19,21-26; Lc 16,9-24).

Outra paixão humana, que a temperança deve moderar, é o orgulho. Ver “Humildade”.

TEOFANIA
Revelação ou manifestação sensível da glória de Deus, ou através de um anjo, ou através
de fenômenos impressionantes da natureza. Assim Deus apareceu a Abraão (Gn 18), a

Isaac (26,2) e a Jacó (32,25-31; 35,9); revelou seu nome a Moisés (Ex 3), sua Lei a Israel
(Ex 19s).

No NT Deus já não aparece nas forças da natureza. Aparece no Homem-Cristo: na
encarnação (Lc 2,1-2; Jo 1,14-18; Tt 2,11-14; 3,4-7; 1Jo 3,2-8); na ressurreição (Mc 16,9-20;
Lc 24,1s; Jo 20,21).

Manifestações teofânicas temos nas descrições do batismo de Jesus (Mt 3,16s), de sua
transfiguração (17,1-8), ressurreição (28,1-7) e ascensão ao céu (At 1,3-11).

TEMPLO

O primeiro templo, construído por Salomão entre 967 e 964 (1Rs 6–8), foi destruído por
Nabucodonosor em 587 aC.

O segundo templo, construído por Zorobabel em 515 aC, foi profanado por Antíoco
Epífanes em 167 aC (cf. 1Mc 4,59; 2Mc 1,9 e notas). Herodes o Grande o restaurou a partir
do ano 20 aC, tornando-o uma das construções mais grandiosas do Médio Oriente. Mas foi
destruído pelos romanos no ano 70 dC.

Ver “Cristo”, “Peregrinação”, “Festa”, “Jerusalém”e “Sião”.

TESSALÔNICA

Fundada em 315 aC, tornou-se cidade livre e capital da província romana da Macedônia. Na
sua segunda viagem missionária, Paulo visitou a cidade e fundou ali uma florescente
comunidade, para a qual escreveu duas epístolas (At 17,1-13; 20,4; 27,2).

TEMPO

A eternidade é o “tempo”de Deus: Ele existia antes de qualquer criatura (Jr 1,5; 2Tm 1,9; Sl
89,2; 1Cor 2,7); e existirá depois (Ap 21,6; 22,13).
O tempo de Israel decorre entre a libertação do Egito e o “dia de Javé”(Is 13,6-11; Am 5,1820;
Ez 7,5-10; Zc 12–14).

No NT, o “século presente”, o reino de Satã, estende-se desde a Criação até a Parusia (Rm
12,2; 1Cor 10,11; Gl 1,4; Hb 9,26). Opõe-se ao “século futuro”, o Reino de Deus, que não
terá fim (Ap 14,1-5; 21,2; 22,5; Rm 8,18-23; Hb 6,5). Entre a Redenção e o “século
futuro”decorre o “tempo favorável”da conversão (Rm 13,11s; 2Cor 6,1s; Tt 2,11-14). É um
tempo breve, um tempo de prova (1Pd 1,6; 2Cor 6,1-10; Cl 4,5; Ef 5,16; Jo 16,16-22).

Nenhum cálculo humano pode fixar o tempo determinado por Deus (Mt 12,38s; 16,1-4; At
1,1-7).

Hora de Jesus, ver “Caná”.

TESTAMENTO

O termo significa “disposição testamentária”, ato jurídico pelo qual alguém divide seus bens
em favor dos herdeiros, após sua morte (Lc 22,29; Gl 3,15-17; Hb 9,16). Significa também a
aliança, ou pacto, pelo qual Deus se compromete a cumular de bens o seu povo, desde que
este cumpra certas condições. O “Antigo Testamento”(2Cor 3,14) é a aliança do Sinai; o
“Novo Testamento”é o pacto que Deus estabeleceu por meio de Jesus Cristo (Jr 31,31; Lc
22,20), superando o AT (2Cor 3,6).

TENDA DA REUNIÃO

Chamada também “tabernáculo”, “tenda do encontro”, “tenda da aliança”(Nm 7,89 e nota),
“tenda do testemunho”(At 7,44) ou “morada”(Ex 25,9 e nota), é o santuário israelita do
deserto. Neste santuário portátil Moisés encontrava-se com Deus para receber revelações
ou suplicar pelo povo. A tenda da reunião tinha duas repartições, separadas por um véu: o
Santo e o Santo dos Santos.

TESTEMUNHO

O testemunho humano está regulado pela Lei (Nm 5,13; 35,30; Dt 6,7); o falso
testemunho é severamente sancionado (Ex 20,16; 23,1; Dt 5,20; 19,16-20; Pr 19,5; 24,28;
Dn 13; Mc 10,19).

Os profetas dão testemunho do nome de Deus (Mq 1,2; Jr 29,23; Ml 3,5). Mas é sobretudo

o povo de Deus que deve dar testemunho (Is 43,9-10; 44,8; 55,4).
Jesus, a grande testemunha (Jo 18,37; 1Tm 6,13; Ap 1,5; Jo 13,11.32; 5,31-40; 8,12-14;
15,26; 1Jo 5,6-8).
Os cristãos devem ser testemunhas (At 1,8.21s; 10,41; 5,32).
O martírio é o testemunho supremo (At 7; Ap 2,13; 6,9).
O falso testemunho em juízo é proibido porque prejudica inocentes e inocenta culpados (Ex
20,16; 23,1; Dt 5,20; Pr 19,5; 24,28; Mt 19,18; Mc 10,19).


TENTAÇÃO

A tentação bíblica não se situa propriamente no quadro da luta pessoal por adquirir a
perfeição, mas na realização do plano de Deus. A tentação, portanto, é a fuga do homem ao
plano de Deus: tentação de Abraão (Gn 22,1-18; Eclo 44,20; 1Mc 2,52): tentação do Povo
no deserto (Dt 8,2-5; Ex 16,4; Sl 77,17-56; 94,6-11); tentação de Cristo por um falso
messianismo (Mt 4,1-11; 16,21-23; 26,36-46; Hb 2,14-18; 4,15).
A tentação tem uma origem (Gn 3,1s; Jo 13,2; At 5,3; Rm 7,22s; 1Pd 5,8s). Todos nós
somos tentados (1Cor 7,5; 1Ts 3,5). Deus a permite porque nos chama para a vida do
Homem-Novo (Tg 1,13-15; 1Cor 10-13). Liberta da tentação aos que lhe pedem (Eclo 33,1;
Mt 6,13). A tentação deve ser combatida (Mt 18,7s; 26,41; Ef 6,11-16; 1Pd 5,9), e pode ser
vencida (Lc 22,31s; 1Cor 10,13; 2Cor 3,5; Fl 4,13; Tg 1,12; 2Pd 2,9; Ap 2,10).

TETRARCA

Governador da quarta parte de um determinado território. No NT o título indica qualquer
governante de um reino dividido, ou um príncipe inferior ao rei (Mt 14,1; Lc 3,1; 9,7), ou
mesmo igual ao rei (Mt 14,9).

TEXTO MASSORÉTICO (TM).

É o texto crítico da Bíblia Hebraica, estabelecido definitivamente entre 750 e 1000 dC. É o
fruto do trabalho árduo dos massoretas, iniciado após a destruição de Jerusalém, para
chegar a um texto hebraico definitivo. A massorá (= tradição) consta de sinais de
vocalização do texto consonantal, para a pronúncia correta das palavras, e de estatísticas
marginais sobre ocorrências do texto. O TM das atuais edições críticas do texto hebraico da
Bíblia baseia-se num manuscrito hebraico do séc. X dC, e apresenta poucas divergências
em relação aos manuscritos descobertos em Qumrân.

TIAGO

Conhecem-se vários personagens do NT com este nome: 1. Tiago o Maior, filho de
Zebedeu e irmão de João, apelidado “filho do trovão”(Mt 10,2; Mc 3,17); foi decapitado por
Herodes Agripa entre 41 e 44 dC (At 12,2); 2. Tiago filho de Alfeu, um dos Doze (Mt 10,3); 3.
Tiago o Menor, irmão de José e Judas, primo de Jesus (Mt 13,55; 27,56; Gl 1,19). É o bispo
de Jerusalém e considerado também como o autor da Epístola de Tiago (ver a Introdução );
morreu martirizado em 62 dC.

TIBIEZA
Ver “Zelo”.

TIMÔTEO

Era filho de um grego pagão e de uma mãe judia. Converteu-se ao cristianismo, foi
companheiro de missão de Paulo (At 16,1-3) e seu amigo fiel (Rm 16,21).

TIRO

Famosa cidade marítima da Fenícia, situada numa ilha. Seus navegadores e navios
controlavam o comércio e a navegação no Mediterrâneo (cf. Is 23; Ez 26–28; Mt 11,19-22;
14,37-42). Ver “Sidônia”.

TOMÉ

Um dos doze apóstolos, chamado Dídimo (Mt 10,3; Mc 3,18), que teve dificuldades em crer
na ressurreição de Jesus (Jo 20,24-29).

TRABALHO

Na ótica bíblica é anterior ao pecado (Gn 2,15), embora, após o pecado, apareça como
penoso (Gn 3,19; Jó 5,7). Recorda a obra criadora de Deus (Ex 20,8s; Gn 1,1–2,3; Eclo
38,34), que aparece como um trabalhador (Gn 2,7; Sl 8,4; Jo 5,17; 6,28). A Bíblia exorta ao
trabalho (Ex 20,9; Ecl 9,10; Eclo 7,15; 1Ts 4,11; 2Ts 3,10-12), critica o preguiçoso e elogia a
pessoa trabalhadora (Pr 6,6-11; 13,4; 16,26; 21,25; 31,13-27; Eclo 38,25s; Mt 25,14s).

Também Jesus é um operário, “filho do carpinteiro”(Mc 6,3; Mt 13,35).
Paulo gloria-se do trabalho das suas mãos (At 18,3; 20,34; 1Cor 4,12).

TRADIÇÃO

No Antigo Testamento (Ex 12,26; Jz 6,13; Dt 32,7; Sl 44,2; Jr 6,16). No Novo Testamento
(Mt 28,20; Mc 16,15; Jo 20,30; 21,25; At 15,41; 1Cor 11,2; 15,3s; Fl 4,9; 2Tm 2,2; 2Jo 12).
Ver “Revelação”.

TRANSFIGURAÇÃO

Entronização de Jesus como Messias Sacerdotal (Mt 17,2-8; Is 9,1s; 42,6; Ex 28,4-13; Zc
3,1-5; Sl 103,1s; Hb 5,5; Ez 44,17; Ap 1,12-17; 5,1-14) e novo Moisés. Ver “Teofania”.

TREVAS

A ausência de luz, ou escuridão, simboliza o afastamento de Deus e de sua salvação. Ao
criar o mundo Deus triunfou sobre as trevas (Gn 1,2; Is 45,7). As trevas significam a
desgraça (Ex 10,21-23; 14,20; Am 5,18), o reino de Satanás e do pecado (At 26,18; Ef 6,12).
O homem tem que se decidir entre o reino das trevas e o da luz (Jo 1,5; 3,19; 8,12). Quem
ama o próximo, caminha na luz (1Jo 1,6; 2,9-11).

TRINDADE.

Cristo apresenta-se como Filho de Deus: há entre ambos um mútuo conhecimento (Mt
11,25-27; 21,33-41; Lc 2,49s; Jo 6,40-57; 8,12-59; 12,20-28; 17,4-26).

A vida cristã é apresentada por Paulo em referência a um Deus-Trindade (Rm 8,12-33; Cl
1,13-20; Ef 2,12-18; 4,1-6). O batismo, tanto em Cristo como em nós, tem uma dimensão
trinitária (Rm 6,3-11; 1Cor 6,11; Tt 3,1-7; Mt 3,13-17). A atividade cristã tem origem na vida
trinitária (1Cor 12,4-6; Gl 4,4-6; Rm 5,1-5).

Fórmulas trinitárias (Mt 28,19; 2Cor 1,21s; 13,12s; 2Ts 2,13; 1Pd 1,2).

TRÔADE

Porto marítimo da província da Ásia, no mar Egeu. São Paulo passou por ali na segunda e
na terceira viagens missionárias (At 16,8-11; 20,5-10).

TRONOS
Ver “Dominações”.

LETRA U


UNÇÃO
De altares, reis e sacerdotes (Gn 28,11-19; 1Sm 10,1-8; 16,1-13; 1Rs 1,38-40; Ex 29,44;

30,22s).
Depois do exílio, a unção é relacionada com o Espírito (Is 42,1-9; 61,1; Sl 89,21s).
Cristo, recebendo o Espírito sem o rito da unção, é o ungido pelo Espírito (Mt 3,16; At

10,36-38).
A Unção ou Crisma é um rito muito apto para exprimir o dom do Espírito (2Cor 1,21s; At
13,2s; 9,17; 2Tm 1,6s).
A Unção dos Enfermos (Lc 10,34; Mc 6,12s; Tg 5,14s).

UNGIDO
Ver “Cristo”.

UNIDADE

Todos os membros da Igreja receberam dos apóstolos a mesma vida cristã, que devem
aceitar pela fé (1Cor 1,10-16; Rm 10,14-17; 1Ts 1,8; Cl 2,6s; Gl 1,6-9).
Fé-Batismo-Espírito são os três laços que unem os cristãos (Rm 10,9-11; Gl 2,16-20; Ef
3,17; 4,1-6).
Cristo, Cabeça da Igreja e centro de unidade do universo (Cl 1,18-20; 2,9s; Ef 1,9.22; Jo
17,21-26).

Serviço pastoral, fonte de unidade na Igreja (Mt 16,18s; 12,25; 18,15-18; Lc 22,32).

Paulo prega o mistério de Cristo que realiza a unidade entre judeus e gentios (Ef 1,22; 2,1318;
1Cor 12,13; Cl 3,10s).
Alegorias paulinas que exprimem a unidade da Igreja (1Cor 3,6-16; Rm 11,17-29; 2Cor 11,26;
Ef 4,2-6).
Unidade na variedade dos carismas (1Cor 12–14; Ef 4,1-16; Fl 2,1-5). Ver “Eucaristia,
sacramento da unidade”.

UNIVERSALISMO

No AT aparecem certos impulsos universalistas (Gn 22,18; Is 2,2-4; Mq 4,1-3). Anuncia-se
até a conversão dos pagãos (Is 66,18-24; Zc 2,15; Ml 1,11). Recordam-se personagens que
não pertencem ao povo bíblico (Gn 14,18; Js 2,1; Rt 4,10).

Mas predomina a tendência ao fechamento, para não se contaminar (Dt 7,1-8; Ex 19,5).

Segundo os Evangelhos, Cristo nega-se a fazer apostolado entre os pagãos (Mt 10,5;
15,24; Mc 7,27). Acolhe, contudo, alguns estrangeiros (Mt 8,5-10; 15,28). Ante a recusa dos
judeus, anuncia a passagem aos gentios (Mt 21,43; Lc 13,28). Após a ressurreição aparece
a missão universalista (Mt 28,19; Mc 16,15; At 1,8).

A redação dos Evangelhos deixa transparecer a preocupação por afirmar o universalismo;
magos (Mt 2,1-12), centurião romano (Mc 15,39), Simeão (Lc 2,29-32).
O universalismo da Igreja foi uma dura conquista (At 8,5; 10,1–11,26; 15,1-33; Gl 2,1-14;
5,11; Ef 1,1s; Cl 1,15-29).

O Apocalipse vê todas as raças na Jerusalém celeste (Ap 7,9; 21,24-26).

URIM E TUMIM
Ver Ex 28,30 e nota.

LETRA V


VAIDADE

Prevenir-se contra (Sl 119,37; Ecl 1,2; 2,1.11.15; Is 5,21; 1Pd 3,3-5). Exemplos (2Sm 24,915;
Is 39,1-6; Mt 23,4-7; At 12,21-23). Vaidade feminina (2Rs 9,30; Is 3,16-24; Jr 4,30; 1Tm
2,9; 1Pd 3,3-5).

VERBO
Ver “Cristo”, “Palavra”.

VERDADE

Para nós, ocidentais, a verdade é a conformidade entre o pensamento e a realidade. Na
Bíblia a verdade corresponde a um desejo de conhecimento prático para a vida. Está
relacionada com a Lei, a revelação e a palavra de Deus. Verdade identifica-se por isso com
fidelidade.
Verdadeiro é aquilo que tem firmeza, consistência e em que o homem pode confiar. Deus é
verdadeiro porque é fiel à sua aliança e às suas promessas (Ex 34,6s; Dt 7,9; 2Sm 7,28s; Sl
31,6; 138,2). Sobre a palavra de Deus, que é a verdade, o homem pode basear sua vida (Sl
26,3; Mt 7,24-27).

A Lei é verdadeira porque constitui um apoio firme que dá proteção ao homem (Ne 9,13; Sl
93,5; 119,86).

Na literatura sapiencial, verdade é igual a sabedoria (Pr 23,23; Ecl 12,10; Eclo 4,28).

No sentido moral, verdade equivale a sinceridade de coração (2Rs 20,3), justiça e
honestidade (Is 59,14). No NT a verdade adquire um cunho cristão, equivalendo a
“evangelho”(Gl 2,5.14; Cl 1,5; 2Tm 2,15). Para João, a verdade é o próprio Cristo (Jo 1,1;
8,40; 14,6; 17,17; 18,37), a palavra do Pai que Cristo veio anunciar neste mundo (Jo 1,17;
8,40-46).

A verdade de Deus manifesta-se em Cristo (2Cor 1,20; Ef 4,20); por isso, o Apocalipse
chama-o “Fiel”e “Verdadeiro”(Ap 19,11).

O testemunho de Cristo é completado pela ação do Espírito (Jo 14,26; 16,13).

O conhecimento da verdade exige disposições prévias (2Tm 2,10-12; 3,7; Ef 4,15; 6,14). O
cristão é aquele que anda na verdade de Cristo (2Jo 4; 3Jo 3s).

VIDA

O Deus de Israel é um Deus vivo (Js 3,10-13; Dt 5,22-27; Sl 36,6-10; 84,1-3; Jr 2,13). A vida
é um dom precioso (Ecl 9,4; Jó 2,4). Mas a vida é instável e breve (Gn 45,26s; Nm 21,8s; Jz
15,19; 2Rs 1,2; 8,9; Jó 20,8; 33,22; Sl 18,5s; 22,16; 31,11; 88,4.7; 116,8; Ecl 5,12; 8,13; Eclo
18,10; 40,1-4; 51,10; Sb 2,5; Mt 6,25).

A verdadeira vida se manifesta em Cristo (Jo 5,26; 1Jo 1,1s; 5,9-13.20s), o Autor da Vida
(At 3,15). Pelo Batismo ele comunica a vida aos que crêem (Rm 6,3-11; Cl 2,11-13; Gl 2,19s;
Ef 2,5-10; 1Cor 15,21s).

Por isso a vida do cristão é uma vida em Cristo: é preciso viver nele (Cl 2,6-8; Fl 2,5): falar e
agir nele (2Cor 2,12; 13,3); sofrer com ele (Rm 16,12; 1Cor 15,18; Fl 4,1; 1Ts 3,8); alegrar-
se nele (Fl 3,1; 4,4-10); ser glorificado nele (Rm 15,17; 1Cor 1,30s; 15,31; 2Cor 10,17; Fl
3,3); amar nele (Rm 16,8; 1Cor 4,17; Gl 3,27s; Cl 3,11). Ver ,“Retribuição”.

VIGILÂNCIA

No contexto da Parusia é um dos pilares da moral cristã(Mc 13,33-37; Mt 24,42-44; 25,13;
Lc 12,36-40; 1Ts 5,1-7; 2Tm 4,5-7; 2Pd 3,10).

É preciso vigiar nas tentações (Mt 26,37-46; 1Cor 16,13; Cl 4,2; Ef 6,1-20; 1Pd 5,8).
Os anciãos de Éfeso devem vigiar nos combates pela fé (At 20,29-31; 1Cor 16,13).

A vigilância tende a manifestar-se nas vigílias litúrgicas e na oração (Ef 6,18; Cl 4,2; Lc
6,12; 21,36; Mc 14,38).

VINDA DE CRISTO
Ver “Parusia”.

VINGANÇA DE SANGUE

Na concepção bíblica, o sangue derramado de uma pessoa clama ao céu por vingança (Gn
4,10; 2Mc 8,3; Ez 24,6-8). O vingador do sangue, um parente da vítima, age em nome de
Deus para punir o crime (Gn 4,11; 2Sm 4,11; Dt 24,16), aplicando a lei do talião (Ex 21,1223).
Para impedir que o homicida involuntário fosse morto injustamente, a Lei previa cidades
de refúgio (Js 20,1-9).

Jesus, em vez da vingança, manda suportar as injustiças e amar os inimigos (Mt 5,38-42).
O cristão deve vingar o mal com o bem (Rm 12,19-21). A vingança pertence a Deus (Dt
32,35.41; Jr 51,36) e não ao homem (Lv 19,18; Pr 20,22; Eclo 28,1-6; Mt 6,14; Lc 11,4; 1Cor
6,7; Ef 4,26; 1Ts 5,15). Ver “Redenção”.

VINHA

A Terra Prometida era uma vinha (Nm 13,20-26; Is 27,2-5). O povo de Israel é uma videira
transplantada do Egito (Sl 80,9-19). A restauração de Israel é uma nova plantação da vinha
(Am 9,13-15; Os 14,5-10).

A festa dos Tabernáculos é a festa da colheita da uva (Lv 23,40; 2Mc 10,7); mas esta
acabará, porque a vinha não dará mais fruto (Is 5,1-30; Jr 8,13-17).
Israel é uma vinha estéril (Is 5,1-7); por isso, Deus escolherá uma nova vinha (Mt 20,1-16;
21,28-46) que é Cristo (Jo 15,1-12).
Cristo, nova Videira, dá o vinho novo da sabedoria (Pr 9,1-5; Is 55,1s; Jo 2,1-11; Mc 2,22; Mt
26,29).

VIRGEM MARIA
Ver “Maria”.

VIRGINDADE

No AT, a esterilidade era uma vergonha, mas a estéril pode ter uma fecundidade espiritual
(Sb 3,13s; 4,1).

Certos atos sagrados exigiam abstinência conjugal (1Sm 21,5-7; Ex 19,15).
Cristo faz um convite à castidade perpétua (Mt 19,12.21; 1Cor 7,1.7s; 1Ts 4,1-7).

O termo “virgindade”tem um sentido metafórico: não cair na idolatria (Ap 14,4; 21,2; 2Cor
11,2).

A castidade é uma virtude matrimonial (Rm 13,13; 1Cor 6,15; Gl 5,23-25).

A castidade é recomendada particularmente aos mensageiros do Evangelho (2Cor 6,6; 1Tm
4,12; 5,2.22).

VIRTUDE

Natureza (Mt 7,13.18s; Mc 12,28-34; Gl 5,6; 6,2; Cl 3,2.14; 2Pd 1,10). Progresso na virtude
(Pr 4,18; Rm 12,9-17; Fl 3,12s; 1Ts 4,1; 5,22; 1Tm 4,7; 2Pd 1,5-8; 3,18; Ap 22,11.

VIÚVAS

A lei do levirato e as leis sociais insistem na proteção às viúvas (Ex 22,21-23; Dt 10,18;
24,17-21; 26,12s; Is 1,17-23; Jó 29,13).

Situação miserável das viúvas. Alguns milagres anunciam a sua felicidade messiânica (1Rs
17,8-15; 2Rs 4,1-7; Sl 146,9).
Por isso, Jerusalém, esposa infiel, quando abandonada de Deus, é chamada viúva (Is 54,48;
Lm 1,1; Br 4,12; Ap 18,7).

As viúvas na Igreja apostólica constituíam uma espécie de ordem religiosa (1Cor 7,8.39s;
1Tm 5,3-16; At 6,1-6; Tg 1,27; Lc 21,1-4)

VOCAÇÃO

Cristo é o grande “chamado”. Nele todas as coisas foram chamadas à existência (Ef 1,46.11-
14; Rm 8,29; 1Pd 1,20s; Cl 1,15-23; Jo 1,1-3; Gn 1,1–2,4).

Esta vocação em Cristo pode ser individual e comunitária. Deus chama grandes homens
para formar comunidades: Abraão (Gn 12); Moisés (Ex 3,6); Samuel (1Sm 3); Isaías (Is 6);
Cristo (Hb 10,2-5; Mt 26,28; At 20,28; 1Pd 2,9s) que fundou a comunidade apostólica.
Chama também comunidades ou povos através desses homens escolhidos; assim chamou
Israel e a Igreja.

Esquema bíblico-literário da vocação:
-Procede da liberdade soberana de Deus (Jr 1,4s; Rm 8,30; 1Cor 1,9s; Gl 1,15).
-Exige o despojamento, na fé, pela obediência (Gn 12; Mt 4,18-22; 16,24-26; 8,18-22).
-Suscita quase sempre o temor no coração dos chamados (Ex 3,6; Jz 6,22; Is 6,5; Jr 1,6).

-Investe o “chamado”de uma missão, que a Bíblia costuma assinalar com a mudança do
nome (Gn 17,4-8.19; Lc 1,13.31s.59-63; Jo 1,42). Esta investidura corresponde, geralmente,
a uma comunicação do Espírito: Profetas (1Sm 10,6; 16,13; Is 11,2; 42,1); apóstolos (Jo
20,22; 15,26; 16,7; At 2,1s).

Na Igreja todos somos iguais por razão da vocação em Cristo (Ef 1,22s; 4,11-16; 5,23; Cl
1,18; 2,19; 1Cor 12,13; 10,17; Gl 3,28s; Mt 23,8-12).
Contudo, temos funções diferentes, que supõem uma vocação na e para a comunidade. Ver
“Carisma”, Igreja”, “ Ministérios”, Sacerdócio”, “Profeta”.

VONTADE DE DEUS
Ver “Mistério”, “Salvação”, “Obediência”.

VULGATA
Tradução da Bíblia feita por S. Jerônimo entre 385 e 405 dC, em parte dos originais gregos,
hebraicos e aramaicos, em parte aproveitando traduções latinas anteriores. Chama-se
“Vulgata”por ter sido traduzida para a linguagem então falada pelo povo no Império Romano.
Esta tradução tornou-se o texto que a Igreja Católica usa ainda hoje em seus documentos
oficiais. Mas as traduções da Bíblia em línguas modernas são, hoje em dia, feitas
diretamente dos originais.
LETRAS XZ

XEOL

É o nome hebraico dado no AT para os “infernos”, “abismo”ou “morada dos mortos”(Gn
37,35; Is 38,18 e nota). Julgava-se que o Xeol ficava debaixo da terra.

Jesus, ao morrer, desceu ao Xeol (At 2,24-31; Rm 10,7; Ef 4,8-10) para anunciar aos
mortos a sua vitória sobre a morte pela ressurreição (Ap 1,18; Mt 27,51-53; 1Pd 3,19s e
nota). Ver “Hades”, “Abismo”.


ZACARIAS
Há três personagens com este nome, que significa “o Senhor se recorda”:

1. Um profeta assassinado no templo (2Cr 24,20-22; Mt 23,35);
2. Um profeta que exortou os judeus a reconstruir o templo (Esd 5,1);
3. Um sacerdote da classe de Abias, esposo de Isabel e pai de João Batista (Lc 1,5-67; 3,2).
ZELO

O Deus de Israel é um Deus único e ciumento (Ex 3,14; 20,3-6; 34,14; Dt 32,16s; Js 24,1924).
É um fogo devorador (Dt 4,24; Is 33,14; Sf 1,18).
Os profetas são homens devorados pelo zelo de Deus (Nm 25,11; 1Rs 19,14; Eclo 48,2; Sl
69,10). O mesmo zelo ardia no coração de Cristo (Mt 21, 12s).
O reino de Deus não suporta a tibieza (Ap 3,19; Mt 11,12; Tt 2,14). Este zelo exprime-se na
oração e no culto (Nm 14,13-19; Ez 20,9-14; 36,21-23; Jo 14,21; Mt 6,9-13; Lc 11,2-4).

Paulo estava cheio de zelo pela conversão dos hebreus e dos pagãos (Rm 9,3; 10,19;
11,11-14).

Existe um falso zelo: o daqueles que querem sobrepor a justiça da Lei à liberdade cristã (Mt
23,15; At 21,20; Rm 10,2; At 5,17; 13,45; 17,5): o de Paulo antes da conversão (At 22,3; Fl
3,6; Gl 1,13); o dos zelotes (At 5,35-39; 23,12-15).

O zelo cristão não é áspero, é animado pela caridade e paciência (Tg 3,14-18; Lc 9,51-56;
Mt 13,24-30.36-43).

ZELOTES

É o sobrenome do apóstolo Simão (Lc 6,15). Era também o nome de um partido
revolucionário e nacionalista, muito ativo entre o ano 6 e 70 dC. Seus membros eram
fanáticos opositores da dominação romana. Seu ideal era estabelecer uma teocracia,
expulsando pela força os dominadores estrangeiros (At 5,37).
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